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Professores

Título Código Dataordem crescente Descrição
Alceu Amoroso Lima (1893 - 1983) _

Os caminhos de Alceu Amoroso Lima

Crônica publicada no Jornal da PUC em 18/05/2012, Edição 255.

Ao percorrermos a documentação sobre o campus encontramos referências a Alceu Amoroso Lima em dois espaços físicos, ambos significativos se relacionados à sua trajetória pessoal e aos caminhos da memória inscritos na toponímia da Universidade. Um deles é a alameda central da Vila dos Diretórios. O outro, a pequena praça em frente à casa da Editora e da Agência PUC-Rio, ao lado da DAR.

Alceu Amoroso Lima foi um dos fundadores da PUC-Rio e professor titular de Literatura Brasileira até sua aposentadoria em 1963. Sua ligação com a Universidade decorre de sua liderança como intelectual católico desde os anos 1920 e de sua proximidade com o Pe. Leonel Franca S.J., primeiro reitor da PUC-Rio. Ambos atuaram na criação do Instituto Católico de Estudos Superiores em 1932 e, em 1940, foram indicados pelo Cardeal Leme para coordenar a comissão que elaborou o projeto das Faculdades Católicas.

Após a morte do Cardeal Leme em 1942, Alceu aos poucos afastou-se da atuação direta em entidades católicas, mas continuou a ser uma referência para o laicato católico brasileiro. Nessa condição, participou do Concílio Vaticano II, iniciado em 1962, e identificou-se com a atualização proposta pelo Papa João XXIII e pelos documentos do Concílio.

Nas colunas que, desde a juventude, publicou em diversos jornais, Alceu utilizava o pseudônimo Tristão de Athayde. Nelas tornou-se, nos anos de ditadura militar, voz e referência para os movimentos de resistência. Os universitários viam nele um interlocutor, e foi numerosas vezes escolhido para ser patrono de formandos na PUC-Rio e em universidades de todo o Brasil.

A iniciativa de homenagear Alceu dando seu nome a um dos espaços da PUC-Rio veio no contexto do primeiro projeto Memória da PUC-Rio, em 1986, e concretizou-se em julho de 1987. Explicitada em texto do então Reitor Pe. Laércio Dias de Moura S.J., implicava em “erigir marcos indeléveis” em reconhecimento a pessoas importantes na história da Universidade. O nome de Alceu Amoroso Lima foi dado “a uma das vias principais” do campus.

A Praça Alceu Amoroso Lima foi nomeada em 2002, mas não está registrada em nenhum dos mapas do campus a que tivemos acesso. Ver o nome de Alceu no endereço da Editora PUC-Rio parece acertado, dada a sua caudalosa produção literária.

Mesmo a alameda da Vila dos Diretórios só aparece com o nome de Alceu Amoroso Lima em um mapa produzido por ocasião da homenagem em 1987. Ao procurarmos hoje no campus a identificação na Vila dos Diretórios nos deparamos com uma placa em que se lê “Alameda Dra. Regina Feigl”, outra homenageada na mesma ocasião. Nos documentos do acervo da Reitoria, no entanto, a alameda Regina Feigl consta como a da entrada pela rua Marquês de São Vicente, na qual não há placa de identificação. 

Professor por longos anos da PUC-Rio e um de seus fundadores, Alceu Amoroso Lima empresta ainda seu nome à medalha que traz sua efígie e que desde 1993 a Universidade outorga aos que se destacam em sua atuação em defesa da ética e da cultura. E cabe lembrar que a revista acadêmica publicada pelo Departamento de Comunicação intitula-se Alceu.

Nomear a alameda da Vila dos Diretórios é adequado ao espírito inquieto, público e conectado com o seu tempo do Dr. Alceu. Nas palavras do Pe. Laércio no evento que marcou a nomeação deste espaço, Alceu “Estará assim vivo entre os alunos, no meio do burburinho de suas atividades”. 

Clóvis Gorgônio
Núcleo de Memória da PUC-Rio

Alberto Dines (1932-2018) _

(22 de maio de 2018) 

O carioca Alberto Dines, criador do Observatório da Imprensa foi professor do curso de Jornalismo, hoje ligada ao Departamento de Comunicação Social, no qual criou e ministrou as disciplinas Jornalismo Comparado (1963) e Teoria da Imprensa (1965).

Dines iniciou sua carreira como crítico de cinema da revista A Cena Muda em 1952. Foi colaborador das revistas Visão e Manchete, tornando-se assistente de direção e secretário de redação. Em 1959, tornou-se diretor do segundo caderno do jornal Última Hora. Em 1960, foi nomeado editor-chefe da recém-criada revista Fatos e Fotos e colaborou com o jornal Tribuna da Imprensa. Dirigiu também o Diário da Noite. Em 1962, ingressou no Jornal do Brasil como editor-chefe e participou do projeto de reformulação do jornal, que levou o JB a ocupar posição de destaque na imprensa brasileira e estimulou a reestruturação gráfica dos demais jornais.

Foi preso em dezembro de 1968 e submetido a inquérito, logo depois de discurso feito como paraninfo na formatura da turma de Jornalismo da PUC-Rio, no qual fez críticas à censura, logo após a edição do AI-5.

Em 1974, foi professor-visitante na Universidade de Colúmbia. Retornou ao Rio de Janeiro em 1975 e assumiu a chefia da sucursal carioca da Folha de São Paulo. Colaborou com O Pasquim, e residiu em Lisboa entre 1988 e 1995. Em 1994, criou, em Portugal, o Observatório da Imprensa.

De volta ao Brasil, foi o responsável pela criação do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e em abril de 1996, lançou a versão eletrônica do Observatório da Imprensa, jornal de crítica e debate sobre o jornalismo contemporâneo, que passou a ter uma edição na TV Educativa do Rio de Janeiro a partir de maio de 1998. Retornou para o Jornal do Brasil em outubro de 1998, com coluna semanal de crítica jornalística.

Recebeu o título de Notório Saber em História e Jornalismo pela Universidade do Estado de São Paulo (USP), da qual também foi membro da comissão de avaliação do curso de jornalismo.

Renata Cantanhede Amarantes (1970 - 2012) _

A Profa. Renata lecionava no Departamento de Comunicação Social e era subeditora do Núcleo de Jornalismo Impresso do Projeto Comunicar. Sua morte prematura e imprevista chocou colegas e alunos. Entre as muitas manifestações de pesar recebidas, o Núcleo de Memória selecionou a bela carta aberta enviada pelos ex-estagiários do Projeto Comunicar que trabalharam com ela.

“Carta aberta dos ex-estagiários

“A cena era relativamente comum: algum dos estagiários havia conseguido uma vaga em outro lugar 'lá fora' e ia se despedir do Jornal da PUC. Todos nós abraçávamos quem ia embora, genuinamente felizes por mais um passo alcançado na carreira do colega iniciante. É inevitável: o mercado costuma absorver com gosto quem passou pelo Projeto Comunicar. Quando esse estagiário resolvia dar tchau às chefes, abraçava uma emocionada Renata Cantanhede, que - não raro - estava com os olhos cheios de água.

“Logo a durona da Renata? Aquela que é tão rígida na hora de cobrar e de exigir o melhor de seus alunos e estagiários? Sim. Ela exigia porque sabia que seríamos capazes de fazer. E se não conseguíssemos, ela vinha para o nosso lado e nos fazia ser capazes. Explicava quantas vezes fossem necessárias. Nunca como chefe, sempre como professora. Aliás, gabaritada professora. Daquelas que explicam o porquê da regra gramatical como uma gramática falante, coisas que só uma Doutora em Letras poderia fazer.

“Muitas vezes ela também foi amiga. Sempre que o trabalho permitia, sentava conosco para rir e fazer piadas. E nas férias escolares, quando o ritmo é bem mais leve, disputava (e quase sempre vencia) as animadas partidas de ‘Perfil’ e ‘Stop’ que a gente organizava.

“As histórias, sua paixão, não ficavam só nos livros que lia e escrevia. Depois do lanche da tarde, chegava manso na redação com sua Coca-Cola e o típico olhar de Renata. Desconfiada e interessada, doida para saber o que os estagiários estavam aprontando. Antes de voltar às notinhas do PUC Urgente, havia tempo para o plágio que descobriu no último trabalho que passou em aula e a desculpa cara de pau do aluno fulano. O fulano, apesar de nossa insistência e para tristeza de todos, nunca tinha o nome revelado.

“Nossas experiências do Jornal da PUC vão nos marcar para sempre. E é indiscutível que as lições da Renata foram fundamentais para isso. Das reuniões de pauta às aulas de português. Na família Comunicar, a Renata era uma irmã mais velha. Jovem há mais tempo, tinha a expertise para nos ensinar os atalhos e ajudar a prevenir os erros. Quando entramos pela porta cinza do 4º andar pela primeira vez, estávamos crus. Saímos preparados para enfrentar os desafios que o mundo real nos apresentava. Talvez fosse essa mudança que a deixasse tão emocionada com a despedida. E agora, que dizemos adeus, nos emocionamos também. Afinal, nos damos conta que para toda nossa vida pessoal e profissional carregaremos um pouco da Renata conosco.”.

Candido Antônio José Francisco Mendes de Almeida (1928-2022) _

O professor Candido Mendes de Almeida (03/06/1928-17/02/2022) manteve uma longa e próxima relação com a PUC-Rio, onde foi Bacharel em Direito e Filosofia, entre 1945 e 1951, e professor, entre 1951 e 1961.

Doutor em Direito pela Faculdade Nacional de Direito da então Universidade do Brasil,  atual UFRJ, foi professor universitário e, a partir de 1951, atuou na PUC-Rio, na Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV), na Faculdade de Direito Candido Mendes; na Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro e no Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ), com extensa atuação como professor visitante em universidades americanas, entre elas, Brown University, New York University, New Mexico University, University of California (LA), Princeton University, Stanford University, Lincoln University, Columbia University, Harvard University, Syracuse University e Cornell University.

Foi reitor da Universidade Candido Mendes, presidente da Sociedade Brasileira de Instrução (SBI), presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Superior Privado no Rio de Janeiro, secretário-geral da Academia da Latinidade, presidente do Fórum de Reitores do Rio de Janeiro, presidente do Senior Board do Conselho Internacional de Ciências Sociais da UNESCO, membro da Comissão de Alto Nível da Aliança das Civilizações das Nações Unidas, membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República. Ocupou a cadeira 35 da Academia Brasileira de Letras.

Nota de pesar da Academia Brasileira de Letras:

O acadêmico e professor Candido Mendes de Almeida faleceu na tarde do dia 17 de fevereiro, no Rio de Janeiro, vítima de embolia pulmonar.

É o quinto ocupante da Cadeira nº 35 da Academia Brasileira de Letras, eleito em 24 de agosto de 1989, na sucessão de Celso Cunha. Entre suas obras publicadas, destacam-se: Nacionalismo e desenvolvimento (1963), O País da Paciência (2000), Subcultura e mudança: por que me envergonho do meu país (2010), A razão armada (2012).

Candido Mendes foi reconhecidamente um defensor da educação, com uma trajetória de permanente engajamento na luta pela democratização do acesso à educação e o desenvolvimento do ensino de excelência.

Foi membro do Conselho de Cooperação Educacional com a América Latina, do Education and World Affairs; do Conselho Diretor do International Institute for Educational Planning; presidente do Comitê de Programas do International Social Science Council, órgão representativo das organizações não governamentais de Ciências Sociais reconhecidos pela Unesco, e presidente do Instituto do Pluralismo Cultural.

Na ditadura de 1964, Candido Mendes abrigou perseguidos pelo regime militar e contribuiu para a fundação de um centro de estudos políticos. Foi um dos responsáveis, com o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Helder Camara, pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) denunciar com severidade os casos de tortura no Brasil. Candido Mendes era católico e irmão de Dom Luciano Mendes de Almeida, arcebispo de Mariana, ex-presidente da CNBB, assim como ele, um dos que estiveram na luta contra a ditadura.

Foi o fundador do Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade, que se propõe a divulgar a vida e a mensagem de seu patrono, aprofundando seu compromisso com a liberdade, a justiça e os valores da pessoa humana. Anualmente o Centro concede o Prêmio Alceu Amoroso Lima de Direitos Humanos, que homenageia grupos, instituições ou organizações que lutam pela justiça, pela paz e pelos direitos humanos.

Candido Mendes deixa viúva, a pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcolmo. Ele também foi casado com Maria de Lurdes Melo Coimbra Mendes de Almeida, com quem teve quatro filhos, que lhe deram cinco netos.

Elias Kallás (1936-2016) _

Sociólogo e Administrador Público formado pela Universidade Federal de Minas Gerais e pós-graduado em Sociologia do Trabalho pela Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, o Prof. Elias Kallás obteve todos os créditos do Programa de Mestrado em Sociologia das Relações Internacionais da PUC-Rio, e do Programa de Doutorado em Administração, Educação e Comunicação, da Universidade São Marcos, de São Paulo. (Ex-Vice-Reitor Administrativo e de Desenvolvimento) (+ 5 de abril de 2016) 

Com diversos cursos de especialização em estudos de alta gerência, realizados no Brasil e no Exterior, foi Vice-Reitor de Desenvolvimento da PUC-Rio além de Diretor Executivo Adjunto da Fundação Nacional Pró-Memória, do Ministério da Cultura; Executor, pelo lado brasileiro, do Projeto de Cooperação Técnica Internacional para a Consolidação do Pólo Tecnológico de Santa Rita do Sapucaí; Secretário Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação, nos municípios de Pouso Alegre e Santa Rita do Sapucaí, MG; Membro do Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia do Governo do Estado de Minas Gerais, CONECIT; Presidente do Conselho de Desenvolvimento do Pólo Tecnológico de Santa Rita do Sapucaí e Vice-Presidente do Fórum Permanente da Rota Tecnológica do Sul de Minas Gerais.

Ao longo da carreira, Kallás foi professor do Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação, do Instituto Nacional de Telecomunicações, e da Universidade do Vale do Sapucaí. Além disso, foi diretor da IBM e secretário municipal de Ciência e Tecnologia entre 2005 e 2008. O Prof. Kallás faleceu aos 80 anos, na cidade de Pouso Alegre, Minas Gerais.

Sônia de Camargo (1928-2014) _

A Professora Emérita Sonia de Camargo foi fundamental para a implantação do curso de graduação em Relações Internacionais da PUC-Rio, primeiro do Brasil em sua área. Cientista política, fez graduação em Ciências Sociais na Universidade Federal do Rio de Janeiro (1964), mestrado em Ciência Política na Faculdad Latinoamericana de Ciencias Sociales (1972), doutorado em Ciência Política na Universidade de São Paulo (1981) e pós-doutorado na Asociación de Investigación y Especializacón En Temas Iberoamericanos (1990).

Professora da PUC-Rio desde 1977, a sua trajetória se mescla com a do Instituto de Relações Internacionais (IRI), criado em 1979, do qual foi diretora em duas oportunidades. Sonia de Camargo implementou também o doutorado em Relações Internacionais, pioneiro no país, e deixou a sua marca no nível de excelência alcançado pelo IRI, considerado um dos melhores do Brasil.

Em agosto de 2012, a professora foi homenageada com o fotolivro Sonia de Camargo e a PUC-Rio, desenvolvido pela equipe do Decanato do Centro de Ciências Sociais com imagens, fotos e depoimentos de amigos e companheiros da Universidade. Na ocasião, o Reitor Professor Pe. Josafá Carlos de Siqueira S.J. expressou o grande orgulho de tê-la na Universidade:

O apreço e o amor que tem por esta casa sempre acompanhou sua trajetória. Com uma semente pequena, Sônia apostou no trabalho e, determinada, fez com que a semente crescesse e virasse uma árvore grande com muitos frutos. Só tenho a agradecer por sua dedicação.

(Departamento Instituto de Relações Internacionais) (+23 de julho de 2014)

Luiz Carlos Scavarda do Carmo (?-2021) _

O prof. Scavarda esteve com a PUC-Rio desde quando iniciou sua graduação em Telecomunicações, seguida pelo mestrado e pelo doutorado em Física. Tornou-se professor do Departamento e nele atuou até recentemente. Foi decano do CTC, entre 1993 e 1999, e Vice-Reitor Administrativo por mais de uma década. Trouxe para o CTC o foco no ensino de Engenharia. Na década de 1990, foi um dos mentores do programa REENGE - Reengenharia da Educação em Engenharia, que teve forte impacto sobre os currículos de Engenharia no Brasil. Reconhecido nacional e internacionalmente, Scavarda foi Membro da Academia Nacional de Engenharia e da Academia Pan-Americana de Engenharia. Foi membro do conselho superior da FAPERJ, do Comitê Gestor da CNI e do Conselho de Tecnologia da FIERJ. Interessado na difusão da Ciência e na aproximação entre a Universidade e as escolas, criou o PIUES  Programa de Integração Universidade-Escola, nos anos 1990.

Segundo o prof. José Ricardo Bergmann, Vice-Reitor para Assuntos Acadêmicos:

Como Decano do Centro Técnico Científico, Scavarda enfrentou importantes desafios como a reestruturação do Centro, a renovação do Ensino da Engenharia - que trouxe importantes contribuições como as disciplinas hands-on, destinadas à solução de problemas reais - e a implantação de um programa inovador de empreendedorismo, temas em que teve destacada atuação, obtendo reconhecimento nacional e internacional.

Nota do Prof. Sidnei Paciornik, decano do Centro Técnico Científico:

Tive o prazer de ser seu orientado desde a Iniciação Científica, a partir de 1979, até o final do doutorado, em 1988. Muito mais do que um orientador acadêmico, Scavarda se tornou um grande amigo. Criativo, profundamente culto, conviver com ele sempre foi uma aula, um banho de conhecimento e de alegria.

Scavarda combinava, como poucos, competência técnica com dotes artísticos, sendo um grande amante da música. Pessoa carinhosa, simpática, ao lado de sua amada esposa Anita criou uma família especial, amorosa e íntegra. Fará enorme falta em nossos corações.

Laércio Dias de Moura S.J. (1918 - 2012) _

O Padre Laércio faleceu no dia 18/04/2012, na Casa de Saúde da Companhia de Jesus em Belo Horizonte. Pe. Laércio foi Reitor da PUC-Rio de 1962 a 1970 e de 1982 a 1995.

Uma visita ao site dos 70 anos da PUC-Rio permite saber mais sobre ele e sobre o muito que fez para que hoje possamos ser o que somos.

O Núcleo de Memória da PUC-Rio tem eu seu acervo dois vídeos da comemoração, no ano de 1995, dos 50 anos de Companhia de Jesus do Pe. Laércio. Essa comemoração ocorreu no dia 01/02/1995.  

Rever esses vídeos agora é uma das maneiras de agradecer pelo muito que o Pe. Laércio fez pela PUC-Rio. É também uma forma de reviver um pouco daqueles tempos ao rever alguns de nós quase duas décadas mais jovens.  E, principalmente, é uma maneira de fazer ainda mais viva a lembrança do Pe. Laércio, e a de tantos outros que aparecem na filmagem e já não estão entre nós.

Para ver o Pe. Laércio contar, com seu humor mineiro característico, um pouco da vida dele, clique neste link (aproximadamente 10 minutos).

Para ver o vídeo da festa de comemoração, na antiga residência dos padres jesuítas da PUC-Rio, onde hoje é o Edifício Pe. Leonel Franca, clique neste link (aproximadamente 17 minutos).

As filmagens foram feitas por Antônio Albuquerque, por tantos anos fotógrafo da PUC-Rio e hoje membro da equipe do Núcleo de Memória.

Clique aqui para ver o obituário publicado no jornal O Globo de 25/04/2012.

Homilia do Prof. Pe. Josafá Carlos de Siqueira S.J., Reitor da PUC-Rio, na missa de 7º dia celebrada na Igreja do Sagrado Coração em memória do Pe. Laércio Dias de Moura S.J., ex-Reitor da PUC-Rio, no dia 25 de abril de 2012:

A Inesquecível Memória de um Grande Reitor

Depois de galgar os degraus da terrenalidade da existência, deixando rastros de seu amor e dedicação ao sacerdócio e à missão de 21 anos como reitor da PUC-Rio, partiu aos 93 anos de idade, em direção à eternidade, o nosso querido, estimado e inesquecível Pe. Laércio Dias de Moura SJ.

Plasmado pelas suas origens mineiras que lhe deram as habilidades para lidar politicamente com situações adversas, encontrando sempre saídas inteligentes e diplomáticas, agregando mais tarde a sua formação profissional em direito que lhe permitiu conhecer os meandros e os fundamentos do espírito das leis, Pe. Laércio teve o mérito de consagrar a sua vida à Companhia de Jesus, embebendo-a de uma formação humanística capaz de compreender as inquietações do ser humano e os desafios da sociedade. Reunir o ser mineiro, o ser advogado e o ser jesuíta, é um privilégio de poucos, sobretudo quando esta tríade é voltada para o desejo desinteressado de amar, servir e fazer o bem.

Na sua vida longeva de Reitor da PUC-Rio, depois de ocupar o cargo de Secretário Geral e Vice Reitor, Pe. Laércio experimentou concretamente as moções de consolação e desolação que estão nosExercícios Espirituais de Santo Inácio. Consolação no primeiro mandato de 8 anos como reitor (1962-1970), quando as circunstâncias externas,  o seu entusiasmo juvenil e o apoio da sociedade possibilitaram a criação de várias mediações que ainda hoje estão presentes em nossa instituição, como a reforma universitária que uniu os departamentos em centros; a criação das vice-reitorias; a reforma dos estatutos para adequá-los à Lei de Diretrizes e Bases; a criação da DAR, do RDC, do CETUC e dos primeiros cursos de pós-graduação; a inauguração dos edifícios Kennedy e Frings etc. Por outro lado, no seu segundo mandato de 11 anos como reitor (1982-1995) as desolações apareceram, condicionadas sobretudo pelas circunstâncias externas. Nesse período enfrentou agitações sociais e problemas econômicos que certamente não foram fáceis de serem administrados. Como nos períodos de desolação temos que buscar os mananciais acumulados no tempo da consolação, Pe. Laércio manteve o entusiasmo, a força interior e as habilidades humanas ao manter o espírito criativo e inovador. Embora enfrentando os problemas do dia-dia, continuou renovando e criando estruturas acadêmicas que até hoje prestam um serviço relevante à nossa Universidade, como a Fundação Padre Leonel Franca, o TecGraf, o Projeto Comunicar, o Neam, o Noap, o Centro Loyola, entre outros.

Embora mergulhado nas preocupações e buscas de soluções dos problemas da PUC-Rio, Pe. Laércio foi também um homem que encarnou o espírito do lema inscrito em nosso brasão institucional `Allis grave nil`, pois possuía asas para voar mais alto nos desafios da sociedade. Seu mérito e reconhecimento é notório nos inúmeros conselhos em que participou, como o Conselho dos Reitores do Brasil, os Conselhos Federal e Estadual de Educação, o Conselho do Plano Estratégico do Rio de Janeiro etc.

No entanto, os méritos do Pe. Laércio não consistem apenas na sua figura como reitor, mas também em sua vida como religioso e em seu pensamento humanístico. Nos seus livros, A dignidade da pessoa e os direitos humanos, A educação católica no Brasil e Construindo a cidadania, Pe. Laércio deixa claras as suas ideias sobre a ética do bem comum; sobre a importância da criação do Clube do Cidadão onde, no convívio cotidiano, as pessoas possam discutir e refletir sobre os problemas da sociedade moderna; sobre a importância da Declaração dos Direitos Humanos no século XX, sobre a integração da terceira idade na Universidade e a crítica que ele faz sobre a concepção das escolas como meras transmissoras das ciências e não como despertadoras das virtualidades humanas, além da falta de uma visão mais interdisciplinar que vai além do processo de disciplinas desconectadas. Certamente esta última visão profética foi inspiradora para os avanços que hoje temos da interdisciplinaridade na PUC-Rio.

Finalmente gostaríamos de sublinhar também a figura religiosa do Pe.Laércio, que sempre foi estimada e exaltada na Igreja e na Companhia de Jesus. Enumero apenas os seguintes traços:

1. Homem de oração e discernimento, fiel aos princípios e valores da fé, imbuído de um amor profundo por Cristo, pela Igreja e pela Companhia de Jesus.

2. Homem de disponibilidade, aberto para a missão e dotado de um desejo profundo de fazer o bem, na busca permanente do conhecimento da verdade suprema.

3. Homem interiormente maduro que soube abrir caminhos para outros e distanciar-se da missão na Universidade aos 76 anos, quando percebeu as fronteiras dos limites biológicos, recolhendo-se na vida comunitária para se dedicar à reflexão e a uma vida mais intensa de oração e meditação.

4. Homem que procurou viver até o final da existência a sublime arte de saber envelhecer, com aceitação, serenidade, sem murmurações e reclamações.

Por tudo isso, peçamos ao Senhor que lhe conceda o merecido descanso eterno numa das moradas dignas que certamente são reservadas para aqueles que foram fieis aos princípios e valores do Reino de Deus. Que diante de Deus o Pe. Laércio possa continuar intercedendo pela PUC-Rio, esta obra apostólica que ele tanto amou e dedicou durante a sua vida.

Pe. Josafá Carlos de Siqueira SJ
Reitor da PUC-Rio
25 de abril de 2012

Alguns amigos da PUC-Rio compartilharam as mensagens publicadas a seguir.

"Lamento comunicar que ontem, 18 de abril, de manhã, faleceu na Casa de Saúde da Companhia de Jesus em Belo Horizonte o Pe. Laércio Dias de Moura, S.J., que foi Reitor da PUC-Rio de 1962 a 1970 e de 1982 a 1995. No próximo dia 23 de abril faria 94 anos. Que descanse em paz e que Deus o acolha na sua glória!"
Pe. Francisco Ivern Simó, S.J.
Reitor em exercício

"Fiquei muito triste com o falecimento do pe. Laércio, com quem tive o prazer de conviver. Tinha por ele uma grande estima e admiração. Doutor em Direito Internacional Público, que teve como orientador o francês Charles Rousseau, sua tese abordava a possibilidade/necessidade de um tribunal de direitos humanos, que somente viria a concretizar-se muitos anos depois. Também foi um dos poucos brasileiros que apresentou tese após o tradicional curso na Academia de Direito Internacional da Haia. Era um homem doce e elegante no trato com as pessoas e extremamente culto. Grande Reitor!
"Costumava brincar dizendo que ele era portador de três grandes virtudes: mineiro, advogado e jesuíta. Ele retrucava dizendo que isso era quase a divina trindade...
"Sua vida e sua obra garantem a glória na vida eterna."
Prof. Gustavo Sénéchal de Goffredo
Assessor Jurídico da Reitoria e professor do Departamento de Direito da PUC-Rio

"O Departamento de Direito, através dos seus professores, funcionários e alunos, declara-se enlutado pelo falecimento do querido pe. Laércio Dias de Moura, antigo Reitor da PUC-Rio e Professor do Departamento de Direito, apresentando seus sentimentos de condolência para a família entristecida e para a Companhia de Jesus que perde um excelente e notável integrante, conhecido pela lhaneza no trato pessoal e eficiência na administração."
Prof. Francisco de Guimaraens
Diretor do Departamento de Direito da PUC-Rio

"Prezados colegas
"Hoje às 18h daremos Graças a Deus pela vida do nosso Padre Laércio Dias de Moura, aquele que foi Reitor da PUC-Rio durante o maior número de anos, até nossos dias. Tendo trabalhado junto a ele durante vários anos quero falar-lhes, especialmente aos mais jovens, sobre sua ação entre nós.
"Figura modelar, como Doutor em Direito e como Jesuíta, administrador de visão clara quanto ao ambiente universitário que propiciaria alcançarmos a Meta de Excelência que vem sendo a constante na gestão da Companhia de Jesus, a quem foi entregue a direção da primeira Universidade Católica criada no Brasil, Padre Laércio ousou instalar na PUC-Rio a Reforma Universitária que serviu de inspiração para a Lei brasileira de 1988, em sua primeira gestão.
"Na segunda vez que exerceu a Reitoria, enfrentou com doçura e firmeza a grave crise socioeconômica da PUC, com a retirada do financiamento do CTC por um órgão federal, fato que partiu o corpo docente da nossa Universidade, afetando-a como um todo. Em meio a essa crise, nomeou uma Vice-Reitora para Assuntos Universitários que exerceu o cargo entre 1984 e 1988, tendo sido a única mulher a participar regularmente das Reuniões de Reitoria, até hoje, e que recebeu dele total apoio em medidas extremas que precisou tomar.
"Embora homem das leis, Pe. Laércio acreditava nas mudanças pessoais que levam a grandes alterações políticas, daí seu último sonho ter sido a multiplicação de Clubes do Cidadão, especialmente junto a comunidades que necessitavam de grandes mudanças políticas para a melhoria de suas condições de vida.
"Deus permita, que, junto a Ele, nosso Padre Reitor, possa continuar, sempre nos inspirando com o seu exemplo.
"Fraternalmente,"
Prof. Hedy Silva Ramos de Vasconcellos
Professora Emérita do Departamento de Educação da PUC-Rio

"É com grande pesar que não poderei prestar esta última homenagem ao querido Reitor,  Padre Laércio Dias de Moura, por ter um compromisso  com o projeto MTENC-FINEP  que foi  marcado no ano passado em João Pessoa, Paraíba. Como gostaria de comparecer!
"Seu excelente trabalho como Reitor e administrador na PUC-Rio foi observado nas oportunidades que participei como membro eleito no Conselho Universitário.
"Além de tudo, ele foi um dos primeiros no Brasil que sempre apoiava e acreditava nas pesquisas sobre Bambu, Solo, e fibras vegetais (MTENC) e me pediu que preparasse o projeto da Igreja da PUC-Rio feito com MTENC, o que cheguei a fazer. Mas as crises na PUC-Rio não nos deixaram realizar este projeto além de outros que foram planejados.
"Meus sentimentos de condolência pela perda de pessoa tão virtuosa e querida, a sua família, amigos e colegas e à Companhia de Jesus."
Prof. Khosrow Ghavami
Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio

Paulo Augusto Silva Velloso (?- 2020) _

Paulo Veloso foi professor do Departamento de Informática de 1977 até 1995. Veloso foi um dos pilares do Departamento e teve atuação de destaque internacional nas áreas de Lógica e Teoria da Computação.

Ele contribuiu para a formação de numerosos mestres e doutores, entre os quais o atual diretor, prof. Markus Endler, cuja dissertação de mestrado orientou. Passou a atuar como professor titular na UFRJ e foi membro ativo do corpo docente do PESC, Programa de Engenharia de Sistemas e Computação, da COPPE/UFRJ, onde se aposentou, mas nunca deixou de frequentar e colaborar com a PUC-Rio.

Veloso desenvolveu em 1984 a Teoria Geral dos Problemas, usada até hoje com a Teoria de Problemas de Kolmogorov, russo que é um dos fundamentadores da Teoria da Probabilidade. Outra contribuição importante foi o Teorema da Modularização, na década de 1990, fundamentando a teoria de desenvolvimento de software e sistemas.

Por sua valorosa contribuição, Veloso recebeu homenagens e premiações, como o Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia: Área de Informática, do CNPq, em 1993; Prêmio Cientista do Nosso Estado pela FAPERJ, em 2002; foi eleito membro do CLE: Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência da UNICAMP, em 2003 e, em 2014 foi homenageado em seu aniversário de 70 anos, no Encontro Brasileiro de Lógica.

Edward Hermann docente do quadro principal do DI da PUC-Rio, que trabalhou lado a lado com Veloso nos últimos anos, por exemplo na pesquisa sobre Fundamentação de Inteligência Artificial, lembra que Veloso era conhecido por fazer apenas uma pergunta em defesas e apresentações de seminários e trabalhos em congressos. A pergunta geralmente causava grande impacto. O professor Hermann também informou a todos sobre a preparação em andamento de um Festschrift - livro-homenagem - para ele, pela College Publications, do Imperial College London, intitulado A Question is more Illuminating than an Answer.

Junito de Souza Brandão (1924 - 1995) _

As virtudes do Professor Junito Brandão

Crônica publicada no Jornal da PUC em 26/11/2012, Edição 264.

Na mitologia grega as virtudes dos heróis são definidas por conceitos que, entre outros significados, expressam qualidades, sabedoria, fraternidade e moral. A palavra aretê é a virtude da força e da coragem, logos é um conceito que remete à razão, linguagem e justa medida, e métis é uma forma de inteligência e sabedoria.

Nas salas de aula da PUC-Rio um professor destacou-se por suas virtudes, sabedoria e a justa medida para ensinar, desenvolver pesquisas e dedicar-se à publicação dos seus estudos sobre a cultura clássica. Nas palavras de Miriam Sutter, sua ex-aluna e atual professora da Universidade, Junito Brandão era um “amigo sábio e generoso”.

Junito de Souza Brandão (1924-1995) concluiu em 1948 o bacharelado em Letras Clássicas nas Faculdades Católicas e em seguida cursou Arqueologia, Epigrafia e História da Grécia na Universidade de Atenas. Lecionou na Faculdade de Filosofia e posteriormente no Departamento de Letras. Membro da Academia Brasileira de Filologia, publicou dicionários etimológicos, obras didáticas e livros sobre a cultura clássica. Sua biblioteca particular foi doada para a PUC-Rio e integra o acervo da Biblioteca Central.

No livro “Teatro Grego: origem e evolução”, publicado em 1980, Junito Brandão assinala que o teatro na Grécia “embriagou-se do belo para celebrar o homem”. Em 2006 a PUC-Rio inaugurou em sua homenagem no bosque do campus da Gávea o Espaço Cultural Professor Junito Brandão, um anfiteatro palco de encontros, debates e eventos multiculturais. De shows a peças de teatro, de oficinas a local para o diálogo, por cumprir funções análogas às do teatro grego, esse anfiteatro é lugar privilegiado da contemplação e da experiência, e lembra, através da palavra, “a presença de uma ausência”.

Eduardo Gonçalves
Pesquisador do Núcleo de Memória da PUC-Rio.

Ana Luiza Morales de Aguiar (1946-2018) _

(02 de julho de 2018) 

Professora do Departamento de Artes e Design desde 2003, ministrava aulas de Design de Padronagem, Design de Estamparia e Projeto de Design de Moda.

Klaus Paul Ernest Wagener (1930 - 2012) _

O Prof. Wagener foi, por longos anos, um dos artífices do Departamento de Química. Dele escreveu o Prof. Pércio Augusto Mardini Farias, seu colega de Departamento:

“Faleceu [...] o pesquisador Biofísico Alemão-Brasileiro, Professor Dr. Klaus Paul Ernest Wagener. O professor Klaus Wagener titulou-se em Física e Físico-Química pela Universidade de Goettingen na Alemanha. Foi pesquisador e chefe do laboratório de Química de Isotopos no Hahn-Meitner Institut em Berlim. Em 1968 tornou-se Diretor do Instituto de Físico Química do Centro de Pesquisas Nucleares (KFA) em Juelich e em 1969 Professor Titular de Biofísica da Universidade Tecnológica de Aachen. Em 1971 fez parte da missão diplomática alemã que visitou o Brasil. Posteriormente se transferiu para o Brasil e por 16 anos até 1999 quando se aposentou foi professor pesquisador do Departamento de Química da PUC-Rio.

“O Dr. Klaus foi um grande colaborador, apreciador e amigo do Pe. Leopoldo Hainberger S.J., fundador do Departamento de Química da PUC-Rio. O Dr. Klaus foi um dos primeiros orientadores do programa de Doutorado da pós-graduação do Departamento de Química da PUC-Rio. Foi o orientador do Dr. Henrique Antonio de Salles Andrade, com uma tese de doutorado sobre a poluição e seus efeitos na Lagoa Rodrigo de Freitas do Rio de Janeiro. Na época um importante jornal carioca publicou estes resultados com o comentário ‘Uma solução para a Lagoa Rodrigo de Freitas, sem aterro’. Esta tese é considerada uma das primeiras do Departamento de Química e também do Centro Técnico Científico da PUC-Rio.

“O Dr. Klaus foi também o orientador de vários químicos analíticos que se projetaram nacionalmente e internacionalmente, entre eles, o Prof. Dr. Adilson José Curtius e a Profa. Dra. Angela de Luca Rebello Wagener, atual Diretora do Departamento de Química, e sua esposa. O casal Klaus e Angela, ambos, professores Titulares do Departamento de Química, contribuíram fortemente para o desenvolvimento e a consolidação em alto nível da Química Analítica do Meio Ambiente no Brasil. Uma das patentes do Dr. Klaus, foi à criação de um ‘Sistema de agitação de fluxo vertical e baixo consumo de energia aplicada em fotobiorreatores para produção industrial de micro algas’.

“O Dr. Klaus sempre dizia que um bom pesquisador precisa de muita imaginação, fantasias e muita cultura, e assim procurava incentivar os novos doutores com temas da Termodinâmica na Físico-Química como ‘O Curso do Tempo é Reversível?’. Um tema onde o Curso Histórico da Ciência tinha um papel central. Infelizmente a Comunidade Científica e a Sociedade Alemã e Brasileira perde um grande Cientista, mas o seu legado de conhecimento já se encontra nas novas gerações de Cientistas Brasileiros.”

Luiz Felipe Guanaes Rego (2022) _

Formado em Geografia e Meio Ambiente pela PUC-Rio, doutor em Recursos Naturais pela Universidade Albert-Ludwigs, de Freiburg, Alemanha, Luiz Felipe Guanaes Rego (-26/02/2022) faleceu aos 59 anos de idade. Era professor do Departamento de Geografia e Meio Ambiente e Diretor do NIMA (Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente) da PUC-Rio. Seu interesse em pesquisa incluiu modelos do espaço geográfico em SIG para apoiar as análises, atividades e monitoramento do processo para a sustentabilidade da terra no nível local. Desenvolveu sistemas automáticos de gerenciamento de hortas ecológicas de produção contínua em ambiente urbano. Coordenou a Rede de Ambiente e Sustentabilidade da Associação de Universidades Jesuítas da América Latina, AUSJAL. Coordenou a Rede Brasileira de Soluções em Desenvolvimento Sustentável, uma iniciativa das Nações Unidas (SDSN Brasil).

Segundo o Reitor Pe. Josafá Carlos de Siqueira S.J., Guanaes foi

Uma pessoa que viveu a vida com tanta intensidade, colocando amor, verdade e sabedoria em cada gesto e ação na missão que fazia na Universidade. Nunca vi Luiz Felipe não vibrando com a missão que recebia de mim para contribuir com a Universidade, desde que o conheci na década de 90.

Francisco de Paula Sattamini Flarys (1922-2016) _

O Prof. Flarys começou sua carreira na PUC-Rio em 1953. Foi diretor da Escola Politécnica (EPUC) e do Instituto Tecnológico da PUC-Rio (ITUC) nos anos 1960. Engenheiro eletricista, formado pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), em 1951, e coronel da reserva do Exército, fez cursos de Engenharia Elétrica, na Universidade de Stanford (1956), e de Física, na Universidade de Pittsburgh (1967). (Departamento de Engenharia Elétrica) (+ 17 de maio de 2016)

No IME desde 1952, foi chefe da Seção de Medidas Elétricas da Divisão de Eletricidade e professor das cadeiras de Produção de Energia Elétrica, Máquinas Elétricas e Controles, entre 1957 e 1961. Na PUC-Rio, ensinou Complementos de Física, no curso de Matemática da Faculdade de Filosofia, e Física, Eletrotécnica, Máquinas Elétricas, e Técnica de Alta Tensão.

O atual Decano do CTC, Prof. Luiz da Silva Mello homenageou o professor, lembrando a todos em nota a sua importância para o Departamento de Engenharia Elétrica, o CTC e a PUC-Rio, Em sua atuação como professor e decano do CTC.

Leandro Augusto Marques Coelho Konder (1936-2014) _

O Professor Leandro Konder formou-se em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e também na UFRJ obteve o título de doutor em Filosofia, em 1984. Chegou a atuar como advogado criminalista e também trabalhista, carreira interrompida pelo golpe militar de 1964. A saída forçada do país o levou a viver na Alemanha, onde trabalhou na Universidade de Bonn, e na França. Apenas em 1978 retornou ao Brasil. Foi professor do Departamento de História da UFF, de 1984 a 1997, e, desde 1985, lecionou no Departamento de Educação da PUC-Rio.

Com 21 livros publicados, deixou vasta produção também como conferencista, articulista, ensaísta e ficcionista. Um dos maiores estudiosos do marxismo no país, publicou inúmeras obras em Filosofia, Sociologia, História e Educação. Autor de dois romances, A morte de Rimbaud e Bartolomeu, em 2008 publicou Memórias de um intelectual comunista. O Prof. Daniel Aarão Reis, do Departamento de História da UFF, afirmou que “A inteligência do Leandro está em seus livros e artigos publicados, poderemos sempre visitá-la.”.

Foi o “doce filósofo marxista de olhos azuis, sempre afetuoso”, como a ele se refere a Professora Maria Clara Bingemer (TEO) em artigo para o Jornal do Brasil, o “comunista gentil”, como o qualifica o amigo Francisco Daudt, em emocionada despedida na Folha de São Paulo.

A Profa. Sonia Kramer, do Departamento de Educação, registrou seu sentimento em mensagem compartilhada na rede da PUC-Rio:

Convivi com o Leandro desde 1988, quando fui sua aluna e orientanda de doutorado, e, desde então, nos tornamos grandes amigos. Leandro me ensinou a simplicidade, a sabedoria, a escuta, a pergunta, a presença, a elegância, o humor. E agora a saudade.

(Departamento de Educação) (+12 de novembro de 2014)

Tarcísio Padilha (1928-2021) _

Tarcísio Meirelles Padilha, ex-aluno e ex-professor de História da Filosofia da PUC-Rio, era membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) e faleceu aos 93 anos.

Além da PUC-Rio, foi professor titular de filosofia, chefe do Departamento de Filosofia e diretor do Departamento Cultural da UERJ, professor de filosofia, pedagogia e sociologia da Universidade Santa Úrsula, membro do corpo permanente da Escola Superior de Guerra, professor de história da filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diretor do Departamento de Filosofia e coordenador do mestrado e do doutorado em filosofia da Universidade Gama Filho.

Publicou vários títulos em Filosofia, Ética e temas do Catolicismo. Na esfera editorial, foi diretor de Filosofia da Enciclopédia Verbum, de Lisboa; diretor da Coleção Filosofia, da editora Agir; e coordenador da Coleção Brasil em Questão, da José Olympio. Também foi membro do conselho editorial das revistas francesas Philosophie (Grenoble), Itinéraires philosophiques (Atenas) e Aletheia, da Internationale Akademie für Philosophie, além de coordenador da Bibliografia Filosófica Brasileira do Institut International de Philosophie, da UNESCO.

Foi eleito para a ABL em 1997, na sucessão de Mário Palmério, como o quinto ocupante da Cadeira No  2.

Erlane Ferreira Soares (1940 - 2012) _

Morreu na manhã do dia 09/04/2012 o Prof. Erlane Ferreira Soares, após longo período de luta contra um câncer no cérebro.

Engenheiro civil pela Universidade Federal do Ceará, obteve o mestrado em Engenharia Civil na PUC-Rio em 1967, onde lecionou por alguns anos, antes de partir para o doutorado na Universidade de Waterloo, obtido em 1975, na área de Recursos Hídricos. Ocupou diversos cargos administrativos na PUC-Rio, com atuação marcante e produtiva. Foi Diretor do Departamento de Engenharia Civil, Diretor da DAR, Coordenador Central de Projetos Patrocinados, Coordenador Central de Pós-Graduação, Vice-Reitor Acadêmico Adjunto e Coordenador Central de Extensão.

Deixa um filho e a esposa Christine, ex-Decana do CTC.

Erlane teve atuação marcante como professor e administrador, e sua inteligência e competência se aliaram a um convívio pessoal enriquecedor e inesquecível para todos nós.

Alguns amigos da PUC-Rio compartilharam as mensagens publicadas a seguir:

"O Reitor da PUC-Rio  vem manifestar sua solidariedade  aos Departamentos de Sociologia e Política e Engenharia Civil pelo falecimento dos Professores Santuza Cambraia Naves e Erlane Ferreira Soares que colaboraram academicamente com a nossa Universidade.  Peço a Deus que conforte as famílias dos respectivos professores, na certeza de que os mesmos estarão intercedendo por todos nós na morada eterna."
Prof. Pe. Josafá Carlos de Siqueira S.J.
Reitor da PUC-Rio

"É com enorme pesar que comunicamos o falecimento do prof. Erlane Ferreira Soares, ocorrido na manhã desta 2ª feira, 09/04/2012.
"O Prof. Erlane trabalhou durante mais de 27 anos na Vice-Reitoria Acadêmica, onde desempenhou com maestria diversos cargos administrativos. Profissional competente, prof. Erlane sempre se caracterizou pelo bom senso, capacidade de trabalho, espírito cooperativo e refinado humor. É uma perda lastimável."
Prof. José Ricardo Bergmann
Vice-Reitor Acadêmico

"Mais um grande colega e amigo que perdemos este ano. Lamento profundamente esta passagem e meus sinceros sentimentos para a Christine e os colegas da Engenharia Civil onde ele era lotado."
Prof. Reinaldo Castro Souza
Departamento de Engenharia Elétrica da PUC-Rio

"Nossos sentimentos à família do Prof. Erlane e aos seus colegas do Departamento de Engenharia Civil e da CCE, aonde realizou um trabalho excelente.
"Não posso deixar de ser grato pela sua contribuição na montagem administrativa do Mestrado Profissional em Logística."
Prof. José Eugenio Leal
Departamento de Engenharia Industrial da PUC-Rio

"Meus sinceros sentimentos para sua esposa Christine, seu filho e também para o Departamento de Engenharia Civil."
Profa. Isabel Moreira
Departamento de Química da PUC-Rio

"Prezados colegas
"É com grande pesar que comunicamos o falecimento, após longa enfermidade, do Prof. Erlane Ferreira Soares, nosso colega até 2007, quando aposentou-se.
"O Erlane foi um excelente professor e Diretor do Departamento de Engenharia Civil, tendo ainda servido à  PUC com extrema competência em diversos cargos da administração acadêmica incluindo, que eu me lembre, a Direção da DAR, a Coordenação Central de Pós-Graduação, a Coordenação Central de Projetos Patrocinados e a Direção da CCE.
"Convivi mais de perto com o Erlane, na VRAc, de 1995 a 2007, quando aprendi muito com ele. Foi um grande parceiro, sempre disposto à troca de ideias de forma leve, agradável e inteligente, e a ajudar os menos experientes nas mais diversas questões do trabalho. Sentiremos muito a sua falta."
Prof. Luiz da Silva Mello
Decano Interino do CTC-PUC/Rio

"Faço minhas as palavras de tantos, especialmente as do Bergmann, que sintetizou muito bem. Antes de morrer pediu aos familiares que eu fizesse as orações no cemitério, que é o que farei cerca das 15 hs."
Prof. Pe. Pedro M. Guimarães Ferreira S.J.
Professor do Departamento de Engenharia Elétrica

"Em nome do Departamento de Psicologia, e em meu próprio nome, gostaria de transmitir meus sentimentos de pezar aos familiares e aos colegas mais próximos do Prof. Erlane.
"Embora eu seja do CTCH, em função dos inúmeros cargos exercidos pelo Prof. Erlane, tivemos um contato bastante próximo. Todas minhas lembranças são pontuadas por seu esforço em entender e ajudar na resolução dos problemas ligados ao Departamento de Psicologia que lhe eram submetidos.
"Mesclado a isso, a capacidade de ponderar e refletir sobre a PUC e sobre a vida, o dom de contar histórias e uma sutil ironia, que enriqueciam nossos encontros acadêmicos.
"Nesse momento, me dei conta que, entre muitos outros colegas, o Prof. Erlane foi uma das pessoas dessa universidade de quem levarei uma das lembrança mais afetivas."
Profa. Maria Elizabeth Ribeiro dos Santos
Diretora do Departamento de Psicologia da PUC-Rio

"Colegas,
"Com profundo pesar, informamos o falecimento nesta data do ex-professor da Engenharia Civil da PUC-Rio, Erlane Ferreira Soares, após longo período de luta digna e serena contra um câncer no cérebro.
"Engenheiro civil pela UF Ceará, obteve o mestrado em Engenharia Civil na PUC-Rio em 1967, onde lecionou por alguns anos, antes de partir para o doutorado na Universidade de Waterloo, obtido em 1975, na área de Recursos Hídricos.
"Ocupou diversos cargos administrativos na PUC-Rio, com atuação marcante e produtiva. Foi Diretor do Departamento de Engenharia Civil, Diretor da DAR, Coordenador Central de Projetos Patrocinados, Coordenador Central de Pós-Graduação, Vice-Reitor Acadêmico Adjunto e Coordenador Central de Extensão.
"Deixa um filho e a esposa Christine, ex-Decana do CTC.
"Erlane teve atuação marcante como professor e administrador, e sua inteligência e competência se aliaram a um convívio pessoal enriquecedor e inesquecível para todos nós."
Prof. Raul Rosas e Silva
Diretor do Departamento de Engenharia Civil das PUC-Rio

"Prezado Raul e demais colegas da Engenharia Civil.
"Estamos cruzando um período de muitas perdas de colegas que tiveram importante papel na construção da PUC que conhecemos hoje. Este ano nos empobreceu profundamente. Em meu nome, como colega de tantos anos de Erlane e como representante do departamento de Química, envio os sinceros sentimentos à família de Erlane e ao departamento de Engenharia Civil."
Profa. Angela de Luca Rebello Wagener
Diretora do Departamento de Química da PUC-Rio

"Colegas,
"Quero também juntar-me aos demais que já se expressaram. A minha sensação é também essa de que uma geração que, desde os anos 70/80, construiu a duras penas essa universidade está partindo. Espero que as novas gerações possam beber algo dessa cultura institucional que se construiu ao longo desse anos e que se constitui na marca distintiva da PUC-Rio. Que a universidade se renove, sem perder a sua identidade no que ela tem de mais característico, que é o respeito mútuo e o coleguismo que permite conviver e crescer com as diferenças."
Profa. Ana Waleska Pollo Campos Mendonça
Departamento do Departamento de Educação da PUC-Rio

"Caros colegas,
"Faço minhas as sábias palavras da Ana Waleska.
"Como membro desta geração que vestiu a camisa e ajudou a fazer da nossa PUC-Rio uma universidade de excelência e, mais do que isto, um local de trabalho privilegiado pelo ambiente cordial que nos cerca, vejo com melancolia colegas de uma vida inteira partirem - inclusive aqueles que, silenciosamente, vêm se aposentando.
"Espero que as novas gerações valorizem essa universidade como nós fizemos e contribuam ainda mais para o seu engrandecimento."
Profa. Rosa Marina de Brito Meyer
Coordenação Central de Cooperação Internacioal - CCCI

Olinto Antonio Pegoraro (?-2019) _

O prof. Olinto Pegoraro era graduado em Filosofia pelo Instituto Pio XII (1954), com mestrado pela Universidad Santo Tomás (1963) e doutorado pela Université Catholique de Louvain (1972).

Desde 2010, atuava como professor de Filosofia no Programa Interuniversitário de Pós-Graduação em Bioética e Ética Aplicada e Saúde Coletiva, mantido pela UERJ-UFRJ-UFF-FIOCRUZ. Foi responsável pela formação de gerações de filósofos na PUC-Rio, na UFRJ e na UERJ, onde atuava nos últimos anos.

Em nota, a Anpof - Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia - lembrou que o prof. Olinto Pegoraro, seu presidente de 1988 a 1990, foi professor do Departamento de Filosofia da UFRJ e responsável por sua reestruturação após o término da ditadura civil-militar de 1964. Há muitos anos realizava trabalho comunitário na favela do Borel, no Rio de Janeiro. Engajado com a Filosofia Política e a luta pelos direitos humanos, trouxe para o Brasil, pela primeira vez, o prof. Ernst Tugendhat. Ex-padre, era conhecido por sua tolerância religiosa, acolhendo pessoas de todas as religiões e quem não possuía religião. Seu trabalho vinculava a ética à  justiça. 

Leonardo Boff se despediu do amigo lembrando sua dedicação, por grande parte de sua vida, à comunidade do Borel, “unindo pensamento com compromisso com os desvalidos”.

Manoel Herrington Wambier (1942 - 1993) _

Wambier, menino do Rio, da TV e do rádio

Crônica publicada em 16/10/2012 no Jornal da PUC, Edição 262

Nesta série de artigos sobre as pessoas que emprestam seus nomes a espaços do campus da PUC-Rio os denominadores comuns são o reconhecimento do papel desempenhado na Universidade e a saudade.

Esse é o caso da homenagem ao professor Manoel Wambier, que batiza os laboratórios de rádio e TV do Departamento de Comunicação da PUC-Rio desde 1998.

Amigos de diversas épocas e lugares publicaram relatos que ajudaram a compreender melhor a personalidade de Wambier. Nesses relatos e em matérias publicadas no Jornal da PUC surge a figura do “menino do Rio”, da praia, das festas, da música. No depoimento do professor Miguel Pereira, que o trouxe para o Departamento de Comunicação em 1981, aparece o professor muito próximo aos alunos e ao mesmo tempo muito rigoroso. No discurso da profa. Lenira Alcure na inauguração dos laboratórios, ela resume: “Eterno menino do Rio, com seu jeitinho malandro e doce de quem nunca abandonou a infância, dá sentido à inauguração dos nossos estúdios de rádio e TV, pois foi ele o seu primeiro idealizador.” Ressalta ainda o “espírito conciliador e a coragem de enfrentar os maiores desafios”. Um amigo dos anos 1970, Luiz Sergio Nacinovic, assim descreve Wambier: “cara de bugre saído de quadro clássico de Almeida Júnior”, resultado da mistura da bisavó índia com imigrantes alemães.

Manoel Herrington Wambier, nascido em Ponta Grossa, Paraná, em 1942, iniciou sua carreira como locutor de rádio em Curitiba, onde estudava Filosofia.  Em 1963 já apresentava o principal telejornal da TV Paraná. Um episódio definiu sua saída de Curitiba e a vinda para o Rio: no telejornal, ao preparar-se para ler uma notícia sobre uma greve de gráficos e jornalistas duramente reprimida, viu que o texto era tendencioso e traduzia a visão do grupo empresarial que incluía jornais e o canal de TV no qual trabalhava. Ao vivo, o jovem locutor com espírito de menino que vê e fala, declarou “isso eu não leio, porque não é verdade”. Perdeu o emprego.

Veio para o Rio e trabalhou como locutor e depois redator-chefe da Rádio Globo, onde conheceu o prof. Miguel Pereira, que pesquisava nos arquivos do jornal O Globo. Wambier completou o curso de Filosofia na UFRJ em 1969, um período conturbado da vida nacional. Foi para a Alemanha onde passou sete anos, dominou a língua e trabalhou como locutor, redator e tradutor para a Deutsche Welle, e como tradutor e dublador de filmes.

Ao chegar na Alemanha foi recebido com suspeita pela comunidade de exilados brasileiros por não ter um passado de militância política explícita. Ganhou o apelido de "O Espião de Colônia", história contada pelo jornalista Osvaldo Peralva em livro que reuniu crônicas publicadas nos anos 1980. Logo o menino que fazia amigos com a facilidade da infância superou a desconfiança, que deu lugar a reuniões para as quais Wambier preparava “uma sopa de lentilhas para chef germânico nenhum botar defeito”, seguindo a tradição de boa cozinha transmitida por sua mãe.

Voltou para o Brasil, foi diretor da Rádio Roquette Pinto, do jornalismo da TV Bandeirantes no Rio de Janeiro e do núcleo de programas especiais da Rede Manchete. No Departamento de Comunicação da PUC-Rio ajudou a definir as disciplinas relacionadas a rádio e TV e a montar os laboratórios. Coordenava os programas de rádio e depois de TV produzidos pelo Departamento.

Se da mãe herdou a habilidade culinária, com o pai aprendeu a mexer com eletrônica. Era capaz de construir e consertar rádios. Na PUC-Rio desenvolveu um pequeno transmissor e fez experiências para implantar uma rádio que transmitisse a programação produzida pelos alunos de Comunicação. Testou a transmissão do sinal de rádio do alto do Edifício Cardeal Leme para os outros prédios da Universidade. Não foi possível colocar a rádio no ar por limitações técnicas e legais, por isso criou e coordenou uma rádio transmitida nos pilotis através de alto-falantes. Havia na programação radionovelas, música e programas produzidos pelos alunos.

Wambier faleceu em 1993. O sentimento da jornalista Dalva Ventura é de que ele foi plenamente feliz no Rio de Janeiro: “Não perdia uma praia, sempre no final da tarde e, nos finais de semana, preparava almoços antológicos para nós e uma galera de agregados. Que eram muitos.” Os amigos da PUC-Rio estavam entre eles, presentes naqueles dias de sol de Ipanema e atentos às orientações do professor próximo, mas exigente, que dizia sem hesitar: “Isso não está certo. Corrija”.

É justo que essa edição comemorativa dos 60 anos do curso de jornalismo na PUC-Rio volte a homenagear o professor Wambier e que todos nós relembremos que os laboratórios de rádio e TV do Departamento de Comunicação da PUC-Rio levam seu nome.

Clóvis Gorgônio
Núcleo de Memória da PUC-Rio

Ana Maria Tepedino (1941-2018) _

(13 de setembro de 2018)

A Profa. Ana Maria de Azeredo Lopes Tepedino graduou-se em Filosofia pela Universidade Católica de Petrópolis, em 1963, e em Teologia, pela PUC-Rio, em 1981. Era Mestre (PUC-Rio, 1986) e Doutora em Teologia (PUC-Rio, 1993). Fazia parte do grupo de teólogas leigas, que é um diferencial do Departamento de Teologia da PUC-Rio. Em 2013, foi homenageada com o título de Professora Emérita pela PUC-Rio.

Membro da SOTER - Sociedade de Teologia e Ciência da Religião, foi apontada pela Sociedade como uma das mais importantes teólogas da América Latina, abrindo espaços e novas perspectivas de investigação no campo do feminino, na eclesiologia e na Teologia da Libertação. A Profa. atuou também em comissões da CNBB, no CELAM, na CRB e no CNLB.

Palavras do teólogo Leonardo Boff:

Conhecia-a como inquieta inteligência, engajamento pela justiça dos pobres e por um pensamento feminista bem fundado. Seus livros e artigos mostram esta sua dimensão. Bem dizia José Marti: “morrer é fechar os olhos para ver melhor”. Estamos seguros de que Ana Maria está agora com os olhos bem abertos e cheia de encantamento pela bondade de Deus-Pai e – Mãe – e pela alegria dos bem-aventurados. Que viva feliz na comunhão com os Divinos Três.

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