O professor Luiz Pinguelli Rosa (19/02/1942-03/03/2022) era membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), professor emérito e titular do Programa de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ, professor do Programa de História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia da UFRJ, além de secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. Pinguelli foi fundador da Associação de Docentes da UFRJ (Adufrj).
Graduado em Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1967), mestre em Engenharia Nuclear pela COPPE/UFRJ (1969), doutor em Física pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1974), foi diretor da COPPE/UFRJ por quatro mandatos e presidente da Eletrobrás (2003-2004). Foi pesquisador e professor visitante das Universidades de Standford (SLAC), da Pennsylvania, de Grenoble e de Cracóvia, na Polônia; do Centre International pour l’Environnement et le Développement, em Paris, do Centro Studi Energia Enzo Tasselli, do Ente Nazioanale per l´Energia Nucleare e Fonti Alternative, na Itália, e da Fundação Bariloche, na Argentina. Foi ainda membro do Conselho do Pugwash (1999-2001) entidade fundada por Albert Einstein e Bertrand Russel em prol da segurança global, ganhadora do Nobel da Paz em 1995; e participou do Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima (IPCC), instituição que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2007.
Orientador de dezenas de dissertações de mestrado e teses de doutorado, o professor recebeu diversos prêmios, entre eles o de Personalidade do Ano de 2014, da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP); o Forum Award da Sociedade Americana de Física, em 1992; a comenda com o grau de Chevalier de L’Ordre des Palmes Académiques, concedido em 1998, pelo Ministério da Educação da França; o Prêmio Golfinho de Ouro, categoria ciências, concedido no ano 2000 pelo Conselho Estadual de Cultura do Governo do Estado do Rio de Janeiro e as Medalhas da Ordem do Mérito do Ministério das Relações Exteriores e do Ministério da Defesa, em 2003.
Foi autor, coautor e organizador de livros sobre política energética, entre os quais, Energia, tecnologia e desenvolvimento: energia elétrica e nuclear; Energia e crise; A política nuclear e o caminho da bomba atômica; Estado, energia elétrica e meio ambiente: o caso das grandes barragens; A reforma do setor elétrico no Brasil e no mundo: uma visão crítica e A reconstrução do setor elétrico.
Filho de um alfaiate, Pinguelli cresceu no subúrbio do Rio, estudou em escolas públicas e iniciou carreira militar. Era um jovem tenente quando foi preso por se opor ao golpe de 1964. Desiludido com o Exército, trocou o quartel pela universidade. Aos 80 anos, participava do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas e continuava a dar aulas e orientar estudantes na UFRJ.
O presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, ressaltou que Pinguelli Rosa foi, além de um grande pesquisador, um grande brasileiro:
Como presidente da Eletrobrás, ele defendeu os interesses nacionais. Lembro que, ao receber uma condecoração junto com ele, Pinguelli em seu discurso repudiou as privatizações e criticou a má condução do setor elétrico do governo da época, cujo presidente era Fernando Henrique Cardoso. Ele foi um militante da energia e da soberania nacional.
Ildeu de Castro Moreira, presidente de honra da SBPC, lamentou a perda de Pinguelli Rosa que era, além de amigo, um incentivador:
O Brasil perde um grande brasileiro. Brilhante, inventivo e batalhador. E a ciência e a universidade brasileira perdem um grande cientista, um grande professor e um lutador incansável. Tristeza.
Além de lamentar a morte do amigo, Otávio Velho, presidente de honra da SBPC, ressaltou o papel desbravador do físico:
Ele foi uma figura muito importante na área de engenharia do Brasil. Ao conciliar o trabalho acadêmico com o tecnológico, com a preocupação em desenvolver tecnologias nacionais, transformou a Coppe no maior centro de engenharia do País.
Ele conseguiu orquestrar a relação entre universidade, centros de tecnologia e empresas. Um desses exemplos foi a relação construída da Coppe com a Petrobras no desenvolvimento de uma tecnologia brasileira para explorar águas profundas. Além disso, ele orquestrou a conexão da Coppe com outros institutos brasileiros. Relação essa que tem feito falta nos tempos atuais onde só se fala em privatização.
Como ele tinha uma preocupação com as energias, acabou se envolvendo em questões ambientais e até criou uma área de ciências sociais na Coppe para incentivar a interdisciplinaridade.
Ennio Candotti, diretor do Museu da Amazônia (Musa) e presidente de honra da SBPC, também lamentou a morte de Pinguelli Rosa:
Perdi, perdemos um amigo. Ficaram as páginas que ele escreveu. Lembramos. Foram heroicas.
Luiz Bevilacqua, professor emérito da UFRJ, por sua vez, lembrou que Pinguelli foi um homem dedicado ao serviço público e idealista na busca por uma educação integral no que se refere à ação universitária e ao papel do Estado na gerência de funções essenciais para a sociedade.
Sempre com autonomia intelectual, ele foi um grande professor sempre atualizando os temas de que tratava. Pinguelli dedicou sua vida em busca de melhores condições para a população e da independência do Brasil, contribuindo para o progresso das Nações sem subordinação, mas com independência.