(16 de maio de 2018)
Em 1953, o professor Alberto Coimbra ingressou na Escola Politécnica da PUC-Rio e durante 10 anos ministrou aulas nos cursos de Engenharia Mecânica, Metalúrgica e Química. Em 1963, passou a dedicar-se exclusivamente à Universidade do Brasil (UFRJ) e fundou a Coppe, Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia.
A Reitoria da UFRJ manifestou sua consternação pelo falecimento de seu professor emérito, considerando-o um dos grandes intelectuais organizadores da UFRJ, particularmente no campo tecnológico, mas também referência para o "fazer universitário". A Reitoria declarou luto oficial de três dias, em reconhecimento às suas contribuições para a Universidade e a sociedade brasileira. Seguem-se trechos da nota oficial da COPPE/UFRJ:
Adeus, Mestre Coimbra
A Coppe/UFRJ informa, com grande pesar, o falecimento do seu fundador, professor Alberto Luiz Galvão Coimbra, 94 anos, na manhã desta quarta-feira, 16 de maio de 2018. Nascido em 1923, no Rio de Janeiro, Coimbra fundou a Coppe, em 1963, a primeira pós-graduação em Engenharia do Brasil, hoje o maior centro de ensino e pesquisa da América Latina na área.
Mestre em Engenharia Química pela Universidade de Vanderbilt (1949), Coimbra defendeu energicamente um modelo de ensino baseado em horário integral, com dedicação exclusiva. Isso em uma época em que ser professor universitário no Brasil era só uma atividade extra, e quando as escolas de Engenharia então existentes se preocupavam, basicamente, em formar profissionais para o mercado, ele queria investir em pesquisa.
Baseada em três pilares – excelência acadêmica, dedicação exclusiva de professores e alunos e aproximação com a sociedade –, a pós-graduação criada por Coimbra inspirou e serviu de modelo para outros cursos de pós-graduação criados posteriormente no Brasil, mudando os rumos do sistema universitário no país. Determinado, Coimbra ocupou duas salas do prédio da Praia Vermelha, destinadas a professores quase sempre ausentes, para acomodar os primeiros alunos do curso de mestrado em Engenharia Química, embrião do programa de pós-graduação em Engenharia, que viria a ser a Coppe.
Com poucos recursos, buscava convênios para trazer professores estrangeiros, fossem americanos ou russos, em pleno regime militar. Por conta dessa atuação em prol de uma ciência independente, foi convocado para depor na Polícia Federal e fichado, com direito a humilhação. Teve seu rosto coberto por capuz e conduzido, coercitivamente ao Quartel do 1º Batalhão da Polícia do Exército, na Tijuca, onde funcionava o DOI-Codi.
Em 1973, o Conselho Universitário decidiu que Alberto Luiz Coimbra seria proibido de exercer postos de chefia. O fundador da Coppe deixou então a universidade e foi acolhido pelo amigo José Pelúcio Ferreira, então na direção da Finep, empresa pública financiadora de ciência e tecnologia. Lá passou dez anos exilado da vida universitária, período que considerou “o pior de sua vida”.
A reabilitação veio em 1981, ainda durante o regime militar, quando recebeu o Prêmio Anísio Teixeira, do Ministério da Educação. “Quando viram que o Ministério da Educação ia me dar o prêmio, tiveram de revogar a proibição de ocupar cargos de chefia na UFRJ”, contou o professor. De volta à Coppe em 1983, Coimbra assumiu a coordenação do Programa de Engenharia Química, o primeiro curso da Coppe, no qual permaneceu como pesquisador até se aposentar, em 1993, já com as merecidas honrarias, tornando-se Professor Emérito da UFRJ. Em 2015, tornou-se Pesquisador Emérito do CNPq.
Aposentado, residiu durante anos em uma casa em Teresópolis, em cuja fachada tremulava a bandeira do Botafogo, com sua esposa Marlene [...]. Entre os atrasos do Brasil, um dos que mais lamentava era que o ensino em tempo integral implantado na Coppe, [...] não tenha chegado aos ensinos médio e fundamental. “Se pagarem bem à professorinha e colocarem o aluno na escola das 9h às 15h, o Brasil dá um salto”, garantia. O idealismo não pede aposentadoria.
Em 2013, o Núcleo de Memória foi acolhido pelo prof. Alberto Coimbra e família em sua residência, no Rio de Janeiro, para registro de um depoimento na ocasião da comemoração dos 50 anos da Pós-Graduação na PUC-Rio, criada em estreita colaboração com a Coppe/UFRJ.