Professor Del Castillo na história e no campus da PUC-Rio
Crônica publicada em 02/07/2011 no Jornal da PUC, Edição 257
A formação e o crescimento da PUC-Rio são resultado da colaboração de muitos homens e mulheres. Os nomes de alguns deles foram escolhidos como topônimos na Universidade. Além de identificar prédios, salas, auditórios esses nomes costumam transcender sua dimensão funcional e nos ajudam a entender sua trajetória pessoal, bem como a da Universidade. Um dos nomes que mesclam sua atuação com a história da PUC-Rio é o do prof. Carlos Alberto Del Castillo.
A década de 1950 foi para o Brasil um período de grandes transformações. Na primeira metade, o suicídio de Vargas e o afastamento de Café Filho por motivo de doença criaram um clima de incerteza. Na segunda metade, contudo, o país pareceu recuperar o ânimo. Ao assumir a presidência em 1955, Juscelino Kubitschek anunciava um progresso de 50 anos em 5. Alguns fatos como a conquista da copa do mundo de futebol, em 1958, a chegada, no ano seguinte, de Maria Esther Bueno ao topo do ranking mundial de tênis e o surgimento da bossa-nova encheram o Brasil de orgulho e contribuíram para o clima de otimismo. O Brasil podia ser grande.
Algumas mudanças geraram grandes demandas. Na área de ensino, pesquisa e tecnologia, o desafio do país era adquirir know how tecnológico e formar recursos humanos adequados ao projetado crescimento industrial. Ainda que timidamente, o governo investiu no que considerava ser uma educação para o desenvolvimento. O foco dessa educação, contudo, estava nas necessidades mais imediatas motivadas pelas transformações industriais em curso.
O Brasil se modernizava e a PUC-Rio, atenta e sensível às mudanças do período, avançava em várias frentes. Em 1955 inaugurou seu campus na Gávea e em seguida os institutos de química, de física e matemática e os tecnológicos, que reforçavam a ênfase dada à pesquisa. O desenvolvimento e o êxito desses projetos contaram com grande participação de Carlos Alberto Del Castillo, então diretor da Escola Politécnica.
Em 1957, o Serviço Nacional da Indústria organizou o pioneiro curso sobre Desenvolvimento de Programas de Treinamento para gerentes de empresas. O SENAI contou com a colaboração da PUC-Rio que, por intermédio do prof. Del Castillo, negociou a cessão do espaço necessário à realização do curso. A parceria esteve na origem ao Instituto de Administração e Gerência (IAG), que hoje conta com grande tradição na formação de quadros de gestão empresarial.
Em 1959, a PUC-Rio adquiriu o computador Burroughs B205, o primeiro de grande porte para uso em pesquisa acadêmica no Brasil. Mais uma vez, o diretor da Escola Politécnica teve uma destacada participação no processo. No dia 13 de junho de 1960 o computador foi inaugurado com pompa e presenças ilustres, como a do presidente Juscelino Kubitschek e a do cardeal Giovanni Battista Montini, o futuro Papa Paulo VI.
A grande contribuição do prof. Del Castillo é lembrada em dois espaços do campus da Gávea que levam seu nome. Um deles é o Centro de Desenvolvimento Gerencial, a Casa Del Castillo, prédio que desde 1989 integra o IAG e que foi durante anos residência do próprio homenageado. Outro espaço é o Auditório Carlos Alberto Del Castillo no Rio Datacentro, inaugurado em 1972, onde são realizados eventos importantes como aulas magnas, congregações universitárias, fóruns, congressos e seminários.
A trajetória da PUC-Rio se torna mais inteligível e mais humana quando os espaços físicos nos lembram daqueles que a construíram. Ao ser escolhido para identificar não apenas uma, mas duas instalações do campus Gávea, o prof. Carlos Alberto Del Castillo se torna ainda mais representativo na e da história da Universidade. Nada mais justo para alguém dedicado à PUC-Rio e à busca da excelência acadêmica.
Roberto Cesar Silva de Azevedo
Pesquisador do Núcleo de Memória da PUC-Rio