Duas lembranças pessoais, inesquecíveis, de Dom Helder
Estudava na PUC Rio, em 1945, e pela vontade intensa de conhecer o Pe.Helder Camara procurei-o na sede da Ação Católica, na Rua México, Centro do Rio de Janeiro. Nunca poderia imaginar que ganharia dois presentes preciosos que transformariam minha vida. Pe.Helder não estava, mas fui atendido por uma de suas colaboradoras, também aluna da PUC, que trabalhava com crítica cinematográfica, com quem viria me casar. Voltei, no dia seguinte, agora com duplo propósito: falar com o Pe.Helder e rever Maria Lúcia.
Depois de ser atendido, ao sair, o bom sacerdote, segurando-me pelo ombro, sabendo que havia nascido no Espírito Santo, determinou-me, com sua característica expressão carismática: “você vai representar seu estado, como conferencista, no Congresso Eucarístico Internacional, na sessão para a juventude, abordando o tema “A Eucaristia e a Vocação dos Jovens”. E assim foi feito, abrindo-se uma página renovadora em minha vida.
Encontrei, anos mais tarde, já agora Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro, Dom Helder num ponto de ônibus, em frente à antiga sede da PUC, na Rua São Clemente. Passando de carro, tive a feliz oportunidade de lhe oferecer carona. Ao passarmos pela Av.Epitácio Pessoa, na altura da Curva do Calombo, Dom Helder, maravilhado pela visão, exclamou com peculiar e contagiante arroubo contemplativo: - “Meu filho, essa Lagoa Rodrigo de
Freitas é a mais linda paisagem do Mundo!” Desde, então, a Lagoa Rodrigo de Freitas
ganhou, para mim, um ar sagrado de beleza, que se renova continuamente.
Dom Helder
possuía essa força de comunicação transcendente – transmitia Deus em suas palavras e
gestos.
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