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20/04/1952 - Com o pai, João Eduardo Torres Camara Filho, e o amigo Manuel de Souza Neves, no dia de sua sagração episcopal


Quando era bispo auxiliar do Rio de Janeiro, no Palácio São Joaquim


Com o Papa Paulo VI, em um dos muitos encontros no Vaticano

 

 

[continuação] Texto da Professora Maria Clara Lucchetti Bingemer, Decana do CTCH (Centro de Teologia e Ciências Humanas) da PUC-Rio.

Dom Helder Camara: Um Pastor para o Século XXI (parte 2)

Em 1952, pelas mãos do então Cardeal Arcebispo Dom Jaime de Barros Camara, o Pe. Helder é sagrado bispo, com o lema: “In manus tuas” (Em tuas mãos). Com estas palavras queria significar a entrega radical e total que o inspirara desde seus jovens anos a seguir a vocação sacerdotal e que as palavras de seu pai, entre apreensivo e cético, gravaram a fogo em seu coração. Bispo auxiliar da arquidiocese do Rio de Janeiro, capital da República, ampliou assim suas possibilidades e seu raio de atuação. No mesmo ano de 1952 participou da fundação da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil, sendo igualmente o primeiro secretário geral da Conferencia, cargo que ocupou até outubro de 1964, quando a CNBB elegeu nova direção, mais afinada com o golpe militar que relegou Dom Helder a penoso silencio e ostracismo. No mesmo ano foi transferido para a Arquidiocese de Olinda e Recife, em Pernambuco, à cuja frente permaneceu até 1985.

No Rio de Janeiro, deixava precioso legado. Como bispo auxiliar foi a alma da preparação do XXIV Congressos Eucarístico Internacional e da primeira Assembléia do Episcopado Latino-americano que resultou na criação do CELAM (1955), no qual foi depois delegado do Brasil e seguidas vezes vice-presidente. Voltara-se para o problema imenso das favelas que contíguas ao asfalto elevavam suas sombras de sofrimento e miséria. Conseguiu junto ao Presidente Café Filho a doação de terras da União em regiões desvalorizadas para construir moradias dignas para os favelados. Em 1957, na área mais nobre da Zona Sul do Rio de Janeiro, a Lagoa Rodrigo de Freitas, onde se localizava a Praia do Pinto, construiu a Cruzada São Sebastião, conjunto habitacional para os favelados com um empréstimo do Banco do Brasil.

Pensando na continuidade dos projetos iniciados e levados a cabo, fundou em 1959 o Banco da Providencia, que se ocupava de conseguir e administrar recursos para os projetos sociais da diocese. A partir de 1961, até os dias de hoje, sob sua inspiração o Rio de Janeiro realiza anualmente a Feira da Providencia, de cuja arrecadação o Banco tira em boa parte os proventos com que sustenta os projetos sociais.

Os anos que eram de chumbo para o Brasil anunciavam-se primaveris e dourados para a Igreja, que mostrava todo o vigor do Evangelho em diálogo com o mundo moderno e em favor dos pobres. Em 1962 o Concilio Vaticano II começava, sob o báculo amoroso e profético do Papa João XXIII. Reuniram-se os padres conciliares em quatro sessões anuais até 1965. Dom Helder participou ativamente da fase preparatória e das sessões, articulando com outros bispos o futuro eclesial do continente latino-americano. Foi um dos propositores e signatários do Pacto das Catacumbas, assinado por cerca de 40 padres conciliares, nas catacumbas de Domitila, em Roma, durante o Concílio, depois da celebração da Eucaristia. Este pacto teve forte influência na Teologia da Libertação e Dom Helder foi determinante na convocação, coordenação e redação do texto, assinado posteriormente por cerca de 500 padres conciliares.

No ano de 1968 acontecia a Conferencia Geral do Episcopado Latino americano em Medellín, Colômbia. Dom Helder, já não mais no Rio de Janeiro, foi delegado à assembléia e teve decisiva influencia no documento de conclusões, marco da aliança da Igreja latinoamericna com os pobres e a construção da justiça. Foi de novo eleito delegado para a III Conferência Geral do Episcopado Latino-americano, em Puebla, no México, em 1979.

Em 1968 fundou o Instituto Teológico do Recife, que formou gerações de padres e agentes de pastoral e foi fechado em 1988. Em 1969 Dom Helder cria o Encontro de Irmãos, com leigos evangelizando em bairros populares. Constituíram esses encontros a semente das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e deles brotaram projetos-piloto de reforma agrária sem violência, em sistema cooperativo, que se estenderam posteriormente a outros estados do Nordeste.

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