1909-1936 - No Ceará | 1936-1964 - No Rio de Janeiro | 1964-1971 - Em Recife
1972-1977 - Censurado no Brasil | 1978-1985 - Na Redemocratização | 1986-1999 - Recolhimento

A Igreja e o Mundo

A Vida e a Obra

1936 (25/10) - Adolf Hitler assina aliança com o ditador italiano Benito Mussolini.

1936 - No Rio de Janeiro, trabalha com o amigo Lourenço Filho como assistente-técnico de educação no Instituto de Educação do Distrito Federal. Recebido no Rio pelo Cardeal Dom Sebastião Leme, é logo intimado a abandonar sua militância na AIB. Dom Leme designa-o para o Conselho Arquidiocesano de Ensino Religioso.

1936 – Realiza intensa pregação nas paróquias para grupos de jovens e nos retiros espirituais organizados pela Ação Católica Brasileira através da Juventude Católica Brasileira (masculina) e da Juventude Feminina Católica.

1936 – Hospeda-se na pensão de Dona Cecy Cruz, onde morou por cinco anos, primeiramente na Rua São Clemente, 205, em Botafogo, e depois na Rua Voluntários da Pátria, 65, casa 19. Lá conhece Nair Cruz de Oliveira, filha de Dona Cecy, que viria a ser grande amiga e colaboradora. Nair introduz Padre Helder a uma roda de amigos que incluía Sobral Pinto e Santiago Dantas. Sobral e Dom Helder tornaram-se muito amigos, passando a encontrar-se quase diariamente, em conversas após ambos saírem do trabalho no centro do Rio de Janeiro.

1937 – O Papa Pio XI rompe com o Nazismo.

1937 – Início da ditadura do Estado Novo, com uma nova constituição. A Constituição extingue os partidos políticos e dá ao Presidente controle sobre o Legislativo e o Judiciário. Para a igreja católica a ditadura seria um mal menor diante da ameaça do comunismo.

1937 – Começa a funcionar o Instituto de Educação Social e Familiar, que deu origem ao Instituto Social, em 1946 agregado à Universidade Católica do Rio de Janeiro.

1937 – Deixa definitivamente a AIB, por vontade do seu Arcebispo no Rio de Janeiro, mas também pela desilusão com relação ao Fascismo.

1937 – Pensa em entrar para a Companhia de Jesus, idéia da qual é demovido pelo Padre Leonel Franca, S.J., de quem se torna amigo e passa a consultar como orientador espiritual.

1937 – Trabalha no Instituto de Pesquisas Educacionais, da Secretaria de Educação do Distrito Federal.

1937 – Embora orientado anteriormente por Dom Leme a afastar-se do Integralismo e de qualquer participação partidária, no final deste ano o desenrolar dos fatos políticos fez com que Dom Leme considerasse importante a aproximação com os integralistas, que, aparentemente, estariam aproximando-se de Vargas.   Padre Helder foi designado “assistente eclesiástico” do movimento.

1938 (10/05) – Militantes integralistas cercam o Palácio Guanabara, onde estava Vargas, em tentativa de golpe, mas o ataque é repelido. Os líderes são exilados.

1938 – Carta de 14/11 assinada pelo Papa confiava ao Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Sebastião Leme, “um mandato especial para tratar a questão relativa à auspiciosa Universidade Católica que deveria ser erigida nesta República Federal”.

1938 – São criados a União Nacional dos Estudantes (UNE) e o Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP).

1938 – Dom Leme ordena a Padre Helder que se afaste definitivamente dos integralistas. Durante vários meses sente-se perseguido por militantes do integralismo, tendo inclusive que se esconder em casas de amigos, como a de Margarida Lima Heitor, casada com o industrial Casimiro José Campos e Heitor.

1939 a 1945 – Segunda Guerra Mundial. 1939 - Morre o Papa Pio XI. O Cardeal Eugênio Pacelli é eleito Papa Pio XII.

1939 - É criado o Serviço Nacional de Radiodifusão Educativa.

1939 – Em setembro, o Primeiro Concílio Plenário Brasileiro declarou-se favorável à criação da Universidade Católica “por sua natureza, a universidade é o centro onde se elaboram as grandes sínteses do saber, o seminário de formação dos sábios que impulsionam progressos do conhecimento, o laboratório em que se preparam os elementos superiores da administração e da vida profissional do país, numa palavra, o órgão conservador e transmissor de todo o patrimônio de uma civilização".

1939 (14/02) – Faz concurso e, aprovado, é nomeado Técnico em Educação do MEC, e passa a chefiar a Seção de Inquéritos e Pesquisas do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP). O Cardeal Dom Sebastião Leme considerava que a atuação do Padre Helder no Ministério da Educação era importante para garantir o ensino religioso nas escolas públicas.

1940 (01/01) – Início dos trabalhos da comissão para criação das Faculdades Católicas, composta pelo Padre Leonel Franca, S.J., e por Alceu Amoroso Lima, presidente da Ação Católica Brasileira.

1940 (21/06) – Sessão solene no Palácio São Joaquim, sede da arquidiocese do Rio de Janeiro, na qual os estatutos da “Sociedade Civil Faculdades Católicas” foi apresentado e esta considerada fundada. A Companhia de Jesus aceita a incumbência de responsabilizar-se pela “vida científica e didática da nova instituição”.

1940 (30/10) – O Presidente da República, Getúlio Vargas, assina o decreto 6.049 autorizando as Faculdades Católicas a instalar o curso de Bacharelado na Faculdade de Direito e sete cursos na Faculdade de Filosofia.

1940 – A leitura do livro “Francisco de Assis e a Revolução Social”, publicado em Montevidéu, causou-lhe profunda impressão, aprofundando a identificação que Padre Helder já tinha com São Francisco.

1941 - Liberdade de imprensa cassada no Brasil e garantias individuais abolidas; o governo federal mantinha estreitas relações com o Eixo.

1941 (15/03) – Instalação dos cursos das Faculdades Católicas do Rio de Janeiro, com a presença do Arcebispo do Rio de Janeiro D.Sebastião Leme, do Núncio Apostólico e do Ministro da Educação Gustavo Capanema; seria “um grande centro de irradiação doutrinária” católica. Padre Leonel Franca, S.J., foi nomeado o primeiro Reitor.

1941 – Dona Cecy Cruz se casa e fecha a pensão. Padre Helder e seus irmãos, que tinham se mudado para o Rio e lá também moravam, mudam-se para a casa  34 da vila situada na Rua Voluntários da Pátria  19, que era de propriedade da amiga Margarida Lima Heitor, viúva de Casimiro José Campos e Heitor.

1941 – Organiza o 2º Congresso Católico Nacional de Educação.

1942 - Tóquio é bombardeada pelos EUA; inicia-se na Alemanha Nazista a matança sistemática de judeus nos campos de concentração; o Brasil declara guerra à Alemanha.

1942 (outubro) – Falecimento do Arcebispo do Rio de Janeiro Dom Sebastião Leme.

1942 – O pai de Padre Helder, João Camara, aposenta-se e vem morar no Rio de Janeiro com os filhos. Com ajuda de Dona Margarida Lima Heitor, a família compra um apartamento na Rua Marechal Francisco de Moura, em Botafogo.

1942 – Padre Helder começa a dar aulas nas Faculdades Católicas, a convite do Cardeal Dom Sebastião Leme. Fazia parte do Conselho Técnico Administrativo da Faculdade de Filosofia e era “Professor contratado de Administração Escolar”. Dava como seu endereço a “Coligação Católica”, localizada na Praça XV de novembro, 101, 2º andar. Também lecionava na Faculdade de Filosofia do Instituto Santa Úrsula.

1942 – Foi redator da Revista Brasileira de Pedagogia, e escrevia artigos para as revistas A Ordem, do Centro Dom Vital, e Formação, do Ministério da Educação.

1943 (setembro) – Assume o arcebispado do Rio de Janeiro Dom Jaime de Barros Camara.

1943 – As Faculdades Católicas deram continuidade aos seminários e cursos de extensão organizados pela igreja católica que já existiam antes de sua fundação. No final deste ano Padre Helder iniciou a organização de um Instituto de Pesquisas que congregasse os seminários realizados com alunos de diferentes cursos.

1943 – Padre Helder tornou-se professor de Psicologia e Moral na recém criada Escola de Serviço Social das Faculdades Católicas, na qual só havia alunos homens. A Escola formou nesse ano, através de um curso intensivo, Auxiliares do Serviço Social, atendendo à solicitação do Governo Federal. Apenas em 1944 iniciou-se o curso regular que formaria Assistentes Sociais.

1943 – Em encontros do Círculo de Mulheres Católicas Padre Helder estimulava as discussões sobre literatura e teatro. A peça “Vestido de Noiva”, de Nélson Rodrigues, que causava polêmica na cidade, havia sido lida pelo Padre Helder e discutida pelo grupo de Mulheres Católicas, que resolveram ir na estréia da peça no Teatro Municipal, em 28/12/1943.

1944 - A frente alemã é interrompida na Polônia; os russos invadem a Prússia; os aliados começam a reconquista da Europa, com a invasão da Normandia (Dia D); a Alemanha usa as bombas V-1 e V-2 contra a Inglaterra; França e Itália são libertadas pelas tropas aliadas.

1944 – Em outubro e novembro foi realizada pelo Diretório Acadêmico da Faculdade de Filosofia das Faculdades Católicas uma série de conferências sobre o livro “Demanda do Santo Graal”; Dom Helder apresentou a conferência “A Demanda do Santo Graal, fonte de pesquisas”.

1944 – Padre Helder era professor de Didática Geral e Especial na Faculdade de Filosofia das Faculdades Católicas. Participava também dos retiros espirituais com as alunas, reunidas na casa das religiosas do Cenáculo, no bairro de Laranjeiras.

1944 – Foi paraninfo dos formandos da Faculdade de Filosofia, e, na ocasião, fez um discurso em que propunha o entendimento com a Rússia, após a vitória contra o nazismo.

1945 – As tropas soviéticas ocupam Berlim; os EUA lançam as bombas atômicas em Hiroshima e Nagazaki; termina a Segunda Guerra Mundial. É criada a Organização das Nações Unidas (ONU).

1945 – Deposição do Presidente Getúlio Vargas. São criados os partidos UDN, PTB e PSD; o PCB volta à legalidade.

1945 – As Faculdades Católicas do Rio de Janeiro passam a constituir uma Universidade quando as faculdades de Direito e de Filosofia obtiveram autorização para se integrarem à Escola de Serviço Social.

1946 (31/01) – Posse do Presidente Eurico Gaspar Dutra. Instala-se a Assembléia Nacional Constituinte, que promulga a nova Constituição.

1946 - A nova Constituição determina a obrigatoriedade do ensino primário e dá competência à União para legislar sobre as diretrizes e bases da educação nacional. Volta a figurar na Constituição que "a educação é direito de todos".

1946 (15/02) – As Faculdades Católicas recebem oficialmente o título de universidade, com a denominação Universidade Católica do Rio de Janeiro.

1946 - No ciclo de “Conferências sobre o homem” das Faculdades Católicas, realizadas no auditório da ABI, Padre Helder apresentou o tema “O mistério das conversões”. Era, na ocasião, membro do Conselho Técnico da Faculdade de Filosofia, e professor de Didática Geral e Especial.

1946 – Dom Jaime permite que Padre Helder peça exoneração de seu emprego no Ministério da Educação.

1946 (31/05 a 09/06) – Organiza a Semana Nacional de Ação Católica, na qual os bispos presentes elaboram o Plano Nacional de Ação Social.

1947 – No Brasil, o PCB é cassado, e ocorre o rompimento das relações com a URSS.

1947 - Dom Carlo Chiarlo assume a função de Núncio Apostólico no Brasil.

1947 (31/08 a 07/09) – Congresso da Ação Católica em Belo Horizonte, com a presença de 29 bispos, que decidiram pela criação de um Secretariado Nacional de Ação Católica e pela edição da revista Assistente Eclesiástico, ambos ficando sob a responsabilidade do Padre Helder. Para ajudá-lo na estruturação administrativa do Secretariado veio trabalhar com Padre Helder Cecília Goulart Monteiro, que, por muitos anos seria sua secretária e grande colaboradora.

1947 – Foi assistente-geral da Ação Católica Brasileira entre 1947 e 1962. Viajou pelo país acompanhando o desenvolvimento dos “quatro ramos”: Homens da Ação Católica, Liga Feminina Católica, Juventude Católica Brasileira e Juventude Feminina Católica.

1947 – O jornalista Roberto Marinho fez questão que Padre Helder fosse padrinho e celebrasse o batizado de seu filho Roberto Irineu, atual presidente das Organizações Globo.

1948 - O governo brasileiro encaminha ao Congresso Nacional o projeto de Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional.

1948 – Padre Helder recebe o título eclesiástico de Monsenhor. Torna-se conselheiro do Núncio Apostólico no Brasil, e convence-o da necessidade de uma Assembléia de Bispos no Brasil.

1948 – O Padre José Távora, grande amigo de Padre Helder, funda na Arquidiocese do Rio de Janeiro a Juventude Operária Católica (JOC).

1948 (outubro) – 3ª Semana Nacional da Ação Católica, em Porto Alegre/Rio Grande do Sul, simultânea ao Congresso Eucarístico Nacional. Fica nítida a diferença entre o clero mais tradicional, preocupado exclusivamente com a “dimensão espiritual do catolicismo”, e o grupo do qual fazia parte Padre Helder, que defendia a “responsabilidade social do catolicismo”.

1948 – Passou a ser o confessor de Carlos Lacerda após a conversão deste ao catolicismo.

1949 - Fim da guerra civil na China, e Mao Tsé-Tung proclama a República Popular; a Alemanha é dividida.

1949 - É lançada a candidatura de Getúlio Vargas à Presidência da República.

1950 – Ano Santo da igreja católica. A China invade o Tibet, e o Dalai Lama se exila na Índia.

1950 – Eleição do Presidente Getúlio Vargas. Entra no ar a TV Tupi de São Paulo, primeira emissora da América Latina.

1950 – Dom Helder traz para o Rio de Janeiro a 4ª Semana Nacional da Ação Católica Brasileira, na qual se reconhece oficialmente os movimentos especializados: Juventude Estudantil Católica (JEC), entre os secundaristas; Juventude Universitária Católica (JUC); Juventude Agrária Católica (JAC); Juventude Independente Católica (JIC); além da JOC, que passou também a ser subordinada a ACB.

1950 – O Presidente Dutra cede um navio da Marinha para transportar peregrinos católicos do Brasil às comemorações do Ano Santo no Vaticano, com toda a organização a cargo do Padre Helder. O navio tinha capacidade para 800 pessoas, mas acabaram embarcando 1300.

1950 (dezembro) – Apresentou ao seu amigo, o Monsenhor Giovanni Batista Montini, então subsecretário de estado do Vaticano e futuro Papa Paulo VI, seus planos para fundar a “Assembléia de Bispos” no Brasil.

1951 - Campanha de construção da Cidade Universitária na Gávea para instalação da Universidade Católica.

1952 - Vargas cria o BNDE, dirigido por Roberto Campos.

1952 (03/03) – Foi nomeado Bispo; no dia 20/04 ocorreu a cerimônia de sagração episcopal na Igreja da Candelária, Rio de Janeiro, pelas mãos de Dom Jaime de Barros Camara. Seguindo a tradição de atribuir aos bispos auxiliares a titularidade de um bispado não mais existente, foi nomeado bispo titular de Salde, norte da África, e passou a ser bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro.

1952 (14/10) – Participou da criação da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), da qual foi o primeiro Secretário Geral, cargo que ocupou até 1964. Antes da criação oficial da CNBB, Dom Helder organizou encontros regionais, como o Encontro dos Prelados da Amazônia e o Encontro dos Prelados do Vale do São Francisco.

1953 - Com a criação do Ministério da Saúde, o Ministério da Educação e Saúde Pública passa a se chamar Ministério da Educação e Cultura.

1953 – Fazia parte do Conselho Nacional de Educação.

1954 (13/08) – Suicídio de Getúlio Vargas.

1954 (setembro) – Dom Armando Lombardi é designado Núncio Apostólico no Brasil.

1954 - Criada a Primeira Liga Camponesa, em Pernambuco.

1954 – Criou a Comissão Nacional Católica de Imigração, para a recepção de refugiados de guerra, inicialmente coordenada no Rio de Janeiro pelo Padre Fernando Bastos de Ávila, S.J., da PUC-Rio.

1954 – Dom Helder visita Carlos Lacerda quase diariamente após o atentado a bala que este sofrera na Rua Toneleros, e que se tornara estopim da crise política.

1954 (11/08) – Dom Helder e Dom Jaime de Barros Camara visitam Getúlio Vargas, que estava isolado com a crise institucional.

1955 (17/07) - Inauguração do campus da Gávea da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

1955 – Eleição do Presidente Juscelino Kubitschek.

1955 (25/07 a 04/08) – Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano. Nesta reunião, realizada no Rio de Janeiro, promoveu-se a criação do Conselho Episcopal Latino Americano (CELAM), do qual Dom Helder foi 2° Vice-presidente entre 1958 e 1960 e em 1964.

1955 (02/04) – Tornou-se Arcebispo Coadjutor (auxiliar imediato do Arcebispo Titular) da Arquidiocese do Rio de Janeiro.

1955 - Conseguiu junto ao Presidente Café Filho a doação de terras da União em regiões desvalorizadas, em alagadiços que tiveram que ser urbanizados, para o desenvolvimento de projetos sociais relacionados a tratar do problema das favelas e da moradia precária no Rio de Janeiro. Havia então em torno de 150 favelas na cidade, com algo entre 400mil e 600mil pessoas.

1955 – Organizou o XXXVI Congresso Eucarístico Internacional no Rio de Janeiro, realizado entre 17 e 24/07/1955.

1955 – Como principal responsável pela organização do Congresso Eucarístico, é questionado pelos altos gastos na preparação do evento, o que deixou Dom Helder inquieto. Ao ouvir o apelo do Cardeal francês Gerlier, Dom Helder resolveu dedicar todo o seu talento a serviço dos pobres.

1955 (outubro) – Apóia publicamente a posse de Juscelino, cuja eleição estava sendo questionada pelo grupo de Carlos Lacerda por não ter havido maioria absoluta de votos. Isso abalou profundamente a amizade entre Dom Helder e Lacerda.

1955 (29/10) – Criação da Cruzada São Sebastião, que reuniu os projetos habitacionais desenvolvidos por Dom Helder no Rio de Janeiro. A primeira ação foi na Favela da Praia do Pinto, à beira da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Leblon, onde ocorrera recentemente um grande incêndio.

1955 – Dom Helder é presença constante em programas de TV como “O Mundo de Tônia”, “Papai sabe tudo” e “Esta é sua vida”.

1956 – Propostas dos bispos do nordeste no sentido de fomentar o desenvolvimento da região são encampadas pelo Presidente Juscelino Kubitscheck, no que veio a se chamar Operação Nordeste, e, em 1959, ampliou-se com  a criação da Sudene.

1956 (10/06) – Falecimento do pai de Dom Helder, João Camara, que viera morar com o filho no Rio de Janeiro.

1956 – Diversos amigos da mesma geração de Dom Helder estavam no poder ou próximos a ele, o que facilitava suas articulações para conseguir recursos para suas obras. Entre esses amigos estavam Augusto Frederico Schimdt, Santiago Dantas e Armando Falcão. O Presidente Juscelino teria inclusive convidado Dom Helder para ocupar o Ministério da Educação.

1956 - Fundou a Cáritas Brasileira, hoje espalhada em todo o território nacional.

1956 – Dom Helder convence o Presidente Juscelino Kubitscheck a ceder terrenos da Marinha em áreas alagadas ao longo da Av.Brasil. Eles seriam urbanizados e vendidos ou arrendados para gerar recursos para a Cruzada São Sebastião.

1957 - Criada a Comunidade Econômica Européia.

1957 (19/03) - A Cruzada São Sebastião assinou contrato com o Consórcio Construtor S.A. para a construção de 10 edifícios com 937 apartamentos na Av.Borges de Medeiros, à beira da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, onde se localizava a favela da Praia do Pinto. Em janeiro os apartamentos do primeiro bloco estavam prontos para receber algumas famílias, concluídos graças a um empréstimo conseguido por Dom Helder no Banco do Brasil. A equipe de assistentes sociais que trabalhava com Dom Helder considerou necessário criar “normas de conduta”, e ele mesmo redigiu os “códigos de honra” para mulheres, homens e crianças.

1958 (25/10) – Após o falecimento de Pio XII, eleição de João XXIII.

1958 - É criada a Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo (CNEA).

1958 – Aos sábados na TV Tupi, 20:15h, apresentava o programa “Nas trilhas de Deus”. Fazia também um programa diário de radio chamado “O Pão Nosso de Cada Dia,” na Rádio Globo.

1958 (30/03) – No Domingo de Ramos, com o apoio da Rede Tupi de televisão, Dom Helder organiza uma Tarde Sagrada no Maracanã, com a presença de 150mil pessoas.

1958 (06 a 15/11) – 3ª Reunião Anual da CELAM em Roma, na qual participou Dom Helder.

1959 (01/01) – Revolução Cubana, intensificando a preocupação do Vaticano com a disseminação do comunismo no continente.

1959 – O Presidente JK cria a SUDENE (Superitendência para o Desenvolvimento do Nordeste).

1959 - Dom Helder organizou uma “demonstração de fé” na Sexta-Feira da Paixão que lotou o Maracanã com mais de 200 mil pessoas, foi transmitida pela televisão e por uma cadeia nacional de rádio de 300 estações.

1959 (02 e 03/11) – Dom Helder, após autorização do Papa Pio XII, consegue organizar um encontro entre bispos norte-americanos, canadenses e latino-americanos em Washington D.C., EUA, para estudar os problemas das Américas.

1959 – Fundou o Banco da Providência, com o objetivo de ajudar de forma mais organizada e eficiente as muitas pessoas que o procuravam diariamente com problemas de todos os tipos. Antigos amigos de Dom Helder aceitam participar do conselho curador do Banco, como Sobral Pinto, Alceu Amoroso Lima, Celina Paula Machado, Oswaldo Aranha, e muitos outros. O lançamento do banco ocorreu nos fins de semana de outubro, com postos montados em toda a cidade para recolher doações.

1959 – Campanha “Orós precisa de nós”, devido ao rompimento do açude nesta cidade do Ceará. Dom Helder ficou 24 horas no ar na TV Rio recebendo o apoio de artistas e políticos.

1959 – Cria a Comunidade de Emaús como um centro de integração social de homens adultos marginalizados.

1960 (junho) – Esteve no Rio o Arcebispo de Milão, Giovanni Battista Montini, futuro Papa Paulo VI. Dom Helder é incumbido de mostrar-lhe a cidade. Ele esteve nos edifícios construídos pela Cruzada São Sebastião na Lagoa.

1960 – Inauguração de Brasília. O Governo Federal passa a apoiar oficialmente o Movimento de Educação de Base (MEB), projeto da CNBB com apoio da ACB, iniciado em Natal/RN pelo então bispo auxiliar Dom Eugênio Sales. Ele criou a Emissora de Educação Rural, experiência replicada em várias cidades nordestinas. Dom Eugênio passou a dirigir o Secretariado de Ação Social da CNBB.

1960 – Diversos eventos e festas direcionados à elite carioca foram realizados pela equipe do Banco da Providência para arrecadar fundos, em locais como o Copacabana Palace, o Yate Clube, a Hípica e o Parque Lage.

1960 (junho) – Nomeado para a comissão preparatória do Concílio Vaticano II.

1960 (11/11) – Dom Helder foi com Dom José Távora a Brasília falar com o Presidente Jânio Quadros para conseguir o apoio oficial do Ministério da Educação ao Movimento de Educação de Base.

1961 - Surgem os Centros Populares de Cultura (CPC), intimamente ligados à União Nacional dos Estudantes (UNE), e o Movimento de Educação de Base (MEB), ligado à CNBB.

1961 (25/08) – Após oito meses de governo, o Presidente Jânio Quadros renuncia. O vice João Goulart torna-se Presidente.

1961 (20/12) – Sancionada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em função da qual Dom Helder articulou junto aos deputados Armando Falcão e Santiago Dantas um projeto que contemplasse os interesses da igreja católica: equivalência entre os diplomas de escolas particulares e públicas; educação religiosa como componente do currículo das escolas publicas; direito das escolas particulares de receber verbas públicas e presença de representantes da igreja nos corpos de decisão do Ministério da Educação.

1961 – Entre novembro de 1961 e março de 1962 um grupo de trabalho da CNBB elaborou o primeiro plano pastoral que ficou conhecido como Plano de Emergência. Na sua elaboração participaram Dom Eugênio Sales, Dom José Távora e Dom Fernando Gomes. Em abril de 1962 o plano foi aprovado na V Assembléia Ordinária da CNBB.

1961 (abril) – O Presidente Jânio Quadro nomeia Dom Helder para a comissão de notáveis que estudaria a reforma agrária no país, para a definição do Estatuto da Terra.

1961 (30/09 a 01/10) – Primeira Feira da Providência, no Clube Piraquê, da Marinha, na Lagoa. Ela se realizou depois anualmente, em lugares como o Iate Clube, a Hípica e o Parque Lage, e depois expandindo-se para o entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas e, em 1978, para o RioCentro, onde se realiza até hoje.

1962 (11/10) - Início do Concílio Vaticano II, que se reuniu em quatro sessões anuais até 1965. O Concílio foi aberto por João XXIII e encerrado por Paulo VI. As resoluções do Concílio representaram grandes mudanças na Igreja em todo o mundo, aproximando-a mais dos fiéis e da realidade social. Houve a renovação nos ritos litúrgicos, do estudo bíblico e estímulo do aumento da participação dos leigos na vida cotidiana da Igreja.

1962 - É criado o Conselho Federal de Educação, substituindo o Conselho Nacional de Educação. São criados também os Conselhos Estaduais de Educação. É criado o Plano Nacional de Educação e o Programa Nacional de Alfabetização pelo Ministério da Educação e Cultura, inspirado no Método Paulo Freire.

1962 – Criação da Ação Popular (AP), a partir da JUC, mas sem relação com a hierarquia católica.  Dela faziam parte líderes estudantis tais como Herbert de Souza (Betinho), Luis Alberto Gomez de Sousa, Haroldo Lima e Aldo Arantes.

1962 (janeiro) – Nomeado membro do Conselho Federal de Educação, onde permaneceu até 1964.

1962 – Participou da primeira sessão do Concílio Vaticano II, trabalhando na Comissão de Apostolado dos Leigos e Meios de Comunicação Social. Atuou muito mais nos bastidores do que nas plenárias, e passou a ser chamado constantemente a dar entrevistas e palestras.

1962 – Parte dos terrenos doados pela União à Cruzada São Sebastião, localizados à margem da Avenida Brasil, foram loteados para a construção de uma central de abastecimento, o Centro de Abastecimento São Sebastião, com 72 armazéns e 168 lojas e boxes.

1963 (03/06) – Morte de João XXIII.

1963 (21/06) – Eleição de Paulo VI.

1963 (setembro) – Segunda sessão do Concílio Vaticano II.

1963 - O 4° Exército ocupa as ruas de Recife para conter 30 mil camponeses.

1963 – O Presidente John Kennedy é assassinado. Ocorre a marcha a Washington de 250 mil pessoas pelos direitos civis, na qual Martin Luther King fez o famoso discurso "I have a dream".

1963 - Paulo Freire desenvolve seu método de alfabetização.

1963 – A Cruzada São Sebastião constrói uma caixa d’água no alto do Morro Santa Marta para abastecer os moradores.

1963 (setembro) – A Secretaria de Estado do Vaticano recebe um dossiê acusando Dom Helder de comunista.

1963 (dezembro) – A maior parte dos apartamentos (910) da Cruzada São Sebastião já havia sido construída e distribuída a antigos moradores da Favela da Praia do Pinto, e também 46 em Morro Azul.

1964 (13/03) – O Governo e seus apoiadores, como Brizola e Arraes, organizam um grande comício na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, em apoio às reformas de base.

1964 (19/03) – Em São Paulo, a ala conservadora da Igreja no Brasil organiza a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, com meio milhão de pessoas.

1964 (31/03) – Golpe militar derruba o Presidente João Goulart. Dom Jaime Camara se pronuncia a favor da ação dos militares. Dom Eugênio Sales e Dom Helder preferem manter-se neutros.

1964 (23/03) – O Cardeal Carlos Carmelo Mota, de São Paulo, juntamente com Dom Helder, encontram-se no Rio de Janeiro com o Presidente João Goulart para discutir o provável golpe militar. Embora contra a vontade de Dom Helder, no Jornal do Brasil do dia seguinte foi publicada uma foto do encontro, com forte repercussão.

<< volta    continua >>