Vice-Reitoria
Apresentação
O Vice-Reitor, a quem compete substituir o Reitor em suas ausências e impedimentos, bem como exercer as funções e executar as tarefas delegadas por ele, é nomeado pelo Grão-Chanceler, por indicação deste, ouvida a Sociedade Brasileira de Educação, por período igual e simultâneo ao do Reitor.
Prof. Pe. Álvaro Mendonça Pimentel S.J. (até junho)
Prof. Pe. Anderson Antonio Pedroso S.J. (a partir de julho)
E-mail: pedroso@puc-rio.br
Equipe
Ivone de Figueiredo Santos
E-mail: ifs@puc-rio.br
Jussara Maria Gonçalves de Oliveira
E-mail: jussaraoliveira@puc-rio.br
Pedro Luiz Soares Ferreira
Telefones: 55 21 35271120 / 1121
Organograma
Coordenações
Unidades Complementares e Órgãos Vinculados
Conselho de Identidade e Missão
O Conselho de Identidade e Missão está em processo de reformulação.
Associação de Antigos Alunos (AaA)
(Diretoria)
Ricardo Lagares Henriques - Presidente
Rodrigo Domingues Vilela - Vice-Presidente
Heitor Barreto Corrêa - Diretor Administrativo-Financeiro
Fernando Antonio W. Parente Martins - Diretor de Parcerias e Captação
Carolina Cavalcanti Landau Linhares - Diretora de Relações Institucionais
Marcio Consentino Filho - Diretor de Compliance, Integridade e Resp. Social
Fernando Jefferson de Oliveira - Diretor de Tecnologia da Informação
Camila Asenjo da Silva Costa - Diretora de Recursos Humanos
Daniel Pereira da Costa - Diretor Jurídico
Clara Cezar de Andrade Hallot - Diretora de Relações Internacionais
Edna Miquelina Negrel Hargreaves
Alberto Keiiti Yamamoto
Maria Susana Dellavalle de Paz
Rua Marquês de São Vicente, 225
Edifício Cardeal Leme, sobreloja
Gávea - CEP: 22451-900 - Rio de Janeiro – RJ
Telefones: 55 21 35271466 / 1467
E-mail: aaa@aaa.puc-rio.br
Site: www.aaapucrio.com.br
Balanço do Ano
“O tempo nunca é perdido para quem sabe habitá-lo”
I
A maior parte das retrospectivas do ano 2020 tendem defini-lo com uma sentença: “2020, um ano perdido...”. Portanto, esta terrível afirmação, de evidente conotação negativa, esconde uma lógica de ganhos e perdas que definitivamente não corresponde ao nosso horizonte de sentido. Não podemos esquecer que a PUC-Rio é uma instituição educativa inspirada nos valores cristãos, com olhar voltado para o desenvolvimento do ser humano integral, e que se insere em uma concepção escatológica da história que não se rende a logicas calculáveis.
Neste sentido, considerar o ano 2020 como um “ano perdido” tão pouco corresponde ao que “vivemos” neste período, onde o tempo e o espaço parecem ter se rendido a uma sorte de suspensão. Isso se reveste de um caráter ainda mais emblemático se pensamos que nós que escrevemos e lemos o balanço, fruto das memórias do ano 2020, o fazemos enquanto “sobreviventes” – um adjetivo que agora aparece enquanto imperativo de caráter ético: não esquecer das vítimas da COVID19 é uma forma de honrar sua existência (mais uma razão pela qual, desta pandemia, não poderemos sair indiferentes).
Enfim, baseados em nossas convicções, podemos afirmar sem temor de exagerar: em todos os aspectos, 2020 foi um ano de mudanças profundas na história humana contemporânea! Este tempo-espaço que determinamos num período de 365 dias, talvez ajude a entender, na verdade, que se trata do início efetivo de uma nova época, ou uma definitiva “virada epocal” – de grandeza ainda não mesurável.
Neste sentido, ou a partir desta grandeza que nos ultrapassa, prefiro acreditar que o tempo nunca é perdido para quem sabe habitá-lo com olhar contemplativo e profundo, mas também com atitudes concretas de resposta ágil e eficiente aos desafios que se apresentam.
II
Unir contemplação e ação, é próprio da tradição dos jesuítas, que, desde cedo, aprenderam a se definir como “contemplativos na ação”. Assim, o tempo nunca é perdido, para quem busca fazer dele um lugar de reflexão e um espaço de convergência de atitudes responsáveis. Foi o que, em última instância, pude ver como atitude fundamental de toda a comunidade universitária.
Enquanto parte do corpo docente, pude testemunhar, já no primeiro semestre, no mês de março, a resposta imediata, coletiva e criativa da PUC-Rio ao desafio de continuar “aberta”, desde os primeiros momentos da pandemia, revelou a capacidade extraordinária de todos os seus membros em mobilizar suas melhores forças pelo bem comum. Obrigada a fechar temporariamente as portas, a PUC-Rio permitiu que se abrissem quase que de imediato as janelas (Windows) e outras interfaces por meio da tecnologia. Mas podemos dizer que “grave nil”, “nada é pesado em rede”? Nem tudo. O contato humano direto, fez falta. É certo, ele não desapareceu, só continua mediado por telas. Apesar da ausência física multissensorial, não deixa de ser uma forma de presença.
No segundo semestre, à medida em que a pandemia mostrava que o seu tempo não correspondia à nossas expectativas, mostrou a necessidade de mais resiliência, o que também acionou de maneira mais intensa a reserva de criatividade da comunidade universitária.
Foi nesse momento, que fui chamado a assumir uma nova função, além daquela que já desenvolvia, como parte recém-integrante do corpo docente. De fato, previamente nomeado pelo Grão-Chanceler da PUC-Rio, o cardeal Orani João Tempesta, tomei posse como Vice-Reitor geral da PUC-Rio no dia 11 de julho de 2020. Tratou-se da primeira posse virtual de um membro da alta gestão da Universidade. Este fato não é irrisório.
Nos meses seguintes, foram inúmeras as reuniões (virtuais) de apresentação, e algumas presenciais (sempre respeitando as regras de distanciamento). Tratou-se de um tempo de reconhecimento do funcionamento e, mais do que isso, do “modo de ser” da PUC-Rio, conduzido e realizado por pessoas concretas, em funções diversas e naturalmente complementares. Assim, minha impressão pessoal do ano 2020 é marcada pela conjuntura do país e as novas condições de trabalho impostas pela pandemia. No entanto, não foram só trevas e incertezas que se apresentaram.
Mediados pelas telas, muitos rostos foram iluminados, outros receberam luz nova. Creio que redescobrimos todos a fragilidade da condição humana que nos é comum. Mas redescobrimos também a capacidade de compartilhar pautas e estabelecer prioridades, de qualificar nossa ação comum na direção do bem maior. Paradoxalmente - e felizmente -, ao lado das medidas de contenção nasceram iniciativas de solidariedade, especialmente para com os alunos carentes - penso na campanha de inclusão digital, sem excluir outras iniciativas. Juntas, embora tenham nascido para responder uma necessidade urgente, elas evocam a necessidade de uma prática sistemática de compromisso socioambiental, como manifestação do caráter próprio da universidade comunitária que nos configura como específica entre as outras instituições publicas e privadas.
III
Para corresponder minimamente às atribuições de minha função como vice-reitor geral, estive atento às lógicas internas da instituição. Assim, pude reconhecer sem dificuldade a peculiaridade do “ecossistema” da PUC-Rio, formado da “afinidade eletiva” entre autonomia e dependência. Linhas de força diversas compõe e atravessam este sistema, sempre desafiado a manter sua unidade paradoxal, constituída de um equilíbrio dinâmico que proporciona unidade de fundo e legítima diversidade.
O modelo PUC é formado por colegiados. Percebe-se, felizmente, que os departamentos e os outros entes que os conectam, atravessam e conduzem, não se veem apenas como entidades estritamente administrativas de caráter acadêmico. Mas são, em última instância, ambientes que se caracterizam pelo convívio pessoas que constroem uma micro-história singular. Inseridas no todo, enquanto parte de um sistema de relações, tais micro-histórias constituem uma macro-história coletiva. (Nesse caso, poder-se-ia evocar a relação entre singularidade e coletividade, segundo o qual, o todo é maior do que a soma das partes, sem que essas deixem de ter consistência própria).
Esta constatação e, mais do que isso, convicção, é importante: somos pessoas que veem sentido e que criam sentido e, por isso, fazem história – uma construção sempre coletiva. Logo, isso exige, e pedirá ainda mais, repensar nossa relação em termos de comunicação compartilhada. Tomada esta decisão, poderemos identificar pautas transversais qualificadas, para além da quantidade considerável de iniciativas e atividades que cada membro da instituição comporta. A história mesma nos ensina que o caminho da convergência, nos leva a novas posições e iniciativas, a ver o todo nas partes e cada parte no todo.
IV
Neste sentido, sinto-me honrado e considero oportuno ter chegado neste momento difícil para compartilhar o contexto da pandemia, que nos abre a um tempo-espaço particular, de angústias, mas também de esperança. Enfim, compartilhar a história presente é a condição de participar da futura.
Como Vice-Reitor recém-nomeado, 2020 foi marcado por minhas primeiras reuniões, especialmente com os departamentos. Na situação em que nos encontrávamos, mais do que os aspectos formais, pedi que se apresentassem os projetos e os desafios de cada departamento. Meu pedido foi atendido e pude experimentar uma grande riqueza de iniciativas e perspectivas antigas e novas. Tudo isso recebeu uma fusão de horizontes que parece apontar para uma convicção, segundo a qual, a Universidade está sendo reconfigurada, num processo irreversível.
Neste horizonte, estou persuadido de que o desafio atual é enorme: não se trata mais de pensar os projetos da nossa PUC-Rio, mas a universidade mesma como projeto. Isto é, não se trata de pensar este ou outro projeto ‘da’ ou ‘para a’ universidade, mas um projeto ‘de’ universidade.
Para resumir, durante este primeiro ano de presença na instituição não me foi difícil perceber que nela habita uma tradição desafiante: de manter a autonomia dos entes, conservando uma direção comum. Neste sentido, nosso lema “Alis grave nil” tem ares de metáfora, nos sugerindo algo importante, a saber: se não temos dúvidas de que nada é pesado demais quando se tem asas, precisamos ser conscientes que para voar mais longe, é necessário ter presente uma rota. Em outras palavras, é preciso ter uma direção comum e um ideal de pouso, permeados por decisões discernidas e definidas previamente. Inspirados nas aves, é fundamental estar atentos aos sinais: o vento para onde sopra e com que força? O tempo, o que nos sugere e nos alerta? Os outros o que nos sussurram ou silenciam? Nós mesmos, o que desejamos ser e para onde queremos ir?
Estas questões também nos sugerem reconhecer em três atitudes: somos convocados, convidados e comprometidos. Em que sentido?
“Convocados” a repensar nossa relação com o mundo e com os outros desde nosso lugar de fala e de vida: a universidade.
“Convidados” a desinstalar-nos e a tomar a decisão de contar com os outros de uma maneira renovada e sempre aberta.
“Comprometidos” com o avanço da ciência que não esquece suas raízes humanistas, o que nos leva a práticas solidárias consistentes com o mundo e com todas as pessoas, especialmente as mais vulneráveis.
V
Assim como os ambientes virtuais nos obrigaram a repensar nossas práticas, e mesmo a valorizar os encontros, o que vivemos em 2020 nos ensina que a resiliência pede criatividade para não provocar cansaço e desencanto, que a persistência precisa de inteligência e leveza para não perder a elegância, e que a pertença precisa ser dinâmica e desinteressada para alcançar profundidade. Tais perspectivas, que sempre necessárias, não se fecharam em si mesmas, mas se abriram à uma esperança.
Neste sentido, acredito que nos próximos anos, tratar-se-á de construir uma nova maneira de experimentar a Universidade. Trata-se de um grande desafio que só poderá ser enfrentado através de uma adesão inteligente, vinculante, afetiva e efetiva à sua identidade e missão. A identidade é fluida, sem ser diluída, a missão, reinterpretada, sem ser radicalmente modificada. Enfim, estamos diante do projeto fundamental digno de toda grande instituição de educação superior que leva em si o nome e a insígnia de “universitas”: permanecer aberta ao mundo contemporâneo e aos outros, numa evolução constante, redimensionando-se na medida em que a realidade contemporânea pede novas respostas ou ainda nos coloca novas perguntas. Para isso, é necessário que caminhemos juntos na direção do futuro, sem, portanto, perder o que a trouxe até este ponto de inflexão: sua extraordinária história e tradição de inovação constante e de pioneirismo visionário.
Voltando a nosso lema, “Alis grave nil”, e mais uma vez acolhendo sua dimensão metafórica, podemos pensar que, se as aves têm instinto e “concordam” com a sabedoria intrínseca da natureza, nós temos intuição e podemos nos “recordar” (um trabalho cordial da memória) da tradição de discernimento que nos permeia desde a fundação da Universidade. Essas duas qualidades, que fazem parte da cultura desta Universidade, nos inundam de esperança, para além de toda expectativa.
Prof. Pe. Anderson Antonio Pedroso S.J.
Vice-Reitor