Vice-Reitoria

O ano de 2018 foi marcado pela despedida do Pe. Francisco Ivern Simó S.J., que deixou a função de Vice-Reitor, para dedicar-se com exclusividade ao Conselho de Identidade e Missão. Na cerimônia de posse do novo Vice-Reitor ficou patente o apreço de toda a comunidade acadêmica ao Pe. Ivern, pelos anos de dedicação à nossa Universidade, com sua presença sábia e  decisões acertadas no desempenho de sua missão. Os vínculos da gratidão e da amizade são imperecíveis.

Receber uma função exige da parte do donatário uma escuta longa e paciente. Afinal de contas, a função está “acima” de quem a recebe. E este deve esforçar-se para assimilá-la sem confundir-se com ela. Diferentemente do que ocorre em um encontro como a amizade, quando duas pessoas se reconhecem por aquilo que elas são, quem é investido de um papel institucional, a ele confiado por causa de algumas qualidades que possui, não está ali para ser reconhecido em sua singularidade, mas para desempenhar bem as funções que lhe competem.

Assim, o breve ano de 2018, iniciado para nós em maio, consistiu em visitar os centros, as vice-reitorias, alguns departamentos e unidades complementares, pois cabe ao Vice-Reitor substituir o Reitor em sua ausência e exercer responsabilidades por ele delegadas. O desempenho dessa função exige um conhecimento dinâmico e contínuo desse ser vivente chamado PUC-Rio. Desejamos expressar nossa gratidão, porque o percurso não partiu de nossa iniciativa, mas do convite amável dos decanos, vice-reitores, diretores e coordenadores. E tal fato revela que a Comunidade Acadêmica compreende os fatos que nela ocorrem e é madura e capaz de reagir no sentido de transformá-los em oportunidades de crescimento.  Nessas visitas e encontros sentimos a pulsação vital, intensa, amistosa e identificada com a Universidade, que percorre o corpo de professores e funcionários. E tivemos contato com anseios e desafios que pedem novas formas de pensar e de fazer. Será a comunidade criativa o suficiente para encará-los e superá-los? De fato, o processo já se encontra em curso em iniciativas interdisciplinares, na aprendizagem ativa, na utilização de inteligência artificial, na preocupação pela humanização de nossas relações e redes de apoio etc. Deveríamos unificar essas iniciativas, organizá-las, planejá-las a médio prazo?

Neste mesmo sentido do conhecimento da Universidade, assumimos um curso no departamento de Filosofia para encontrar os estudantes que são a razão de ser de nossa instituição e prosseguir, embora modestamente, o caminho da vida acadêmica. Nossos jovens vêm de todas as procedências, de múltiplas tendências, alguns muitos bem preparados para a vida de estudos, outros necessitados de apoio especial. E todos aqueles com quem conversamos disseram encontrar no seio da comunidade aquilo de que necessitam para crescer. Desejamos mencionar de modo especial o trabalho da Rede de Apoio ao Estudante (RAE), mas também a preocupação de todos em preparar nossos alunos para assumirem papeis relevantes na sociedade, exigindo que deem o melhor de si e defendendo os valores do humanismo cristão.

Agradecemos igualmente a todos os convites que recebemos para participar da abertura de grandes eventos ocorridos na Universidade, de mesas de discussão e de lançamento de programas. Sempre que possível, procuramos atendê-los, desejando aprender sobre as pesquisas e discussões em curso nos diversos segmentos da nossa casa de saber. Destacamos, por um lado, a força de resistência e o poder civilizatório do trabalho universitário. Sentimos que a reflexão e o discernimento dos sinais dos tempos encontram-se presentes em vários segmentos da Universidade. Por outro lado, percebemos a abertura da PUC para as questões da sociedade, seu empenho em levar o saber aos mais necessitados e esquecidos, sua ousadia para a internacionalização. E isso nos faz pensar que esta é uma Universidade confiada à Companhia de Jesus, que faz parte de uma rede internacional de universidades chamada Ausjal (Associação das Universidades Confiadas à Companhia de Jesus na América Latina) e de tantas outras. Deveríamos ter um projeto integrado que fortalecesse nossa colaboração com nossas instituições coirmãs na América Latina?

Para concluir, a modo de imagem inspiradora, recordo nossa participação na 13ª Conferência Internacional dos Institutos Confucius, ocorrida em Sichuan, na província chinesa de Chengdu. Além de compartilhar com outras universidades nossa experiência nessa área e aprender com nossos pares, pareceu-nos que essa longa viagem, com asas fortes, simbolizava o que vivemos no dia-a-dia da Universidade: um contínuo deslocamento de nossas ideias e atitudes, não como errância itinerante, mas como aprofundamento infinito na realidade que nos desafia.  

Prof. Pe. Álvaro Mendonça Pimentel S.J.
Vice-Reitor