Saudades

Pe. Amarilho Checon S.J., no período em que era Vice-Reitor Comunitário. Fotógrafo desconhecido. Acervo Núcleo de Memória.
Pe. Amarilho Checon S.J., no período em que era Vice-Reitor Comunitário. Fotógrafo desconhecido. Acervo Núcleo de Memória.

Pe. Amarilho Checon S.J. – Ex- Vice-Reitor Comunitário (10 de março de 2015)

(1926-2015)

O Pe. Amarilho Checon S.J. foi Vice-Reitor Comunitário, decano do CTC, professor do Departamento de Física e coordenador do Centro de Pastoral Anchieta da PUC-Rio. Era natural do estado do Espírito Santo e residiu em Nova York após sua aposentadoria, tendo retornado recentemente ao Brasil.

De personalidade carismática, o líder religioso era bastante popular e respeitado na comunidade brasileira, com destaque para a católica, mas também em outras denominações religiosas. Pssuía o grau de PhD em Física Nuclear e foi decano dos jesuítas em Nova York.

Após se aposentar do sacerdócio e da vida acadêmica, em meados da década de 1990, o Padre Checon imigrou para Nova York com o objetivo de ajudar a então crescente comunidade brasileira na cidade. Em companhia do Comandante Vicente Bonnard, ele fundou o Conselho da Comunidade e representou os habitantes brasileiros de Nova York durante as reuniões realizadas pelo Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty, em diversos encontros ocorridos no Rio de Janeiro.

Sempre dedicado a ajudar os necessitados, o Pe. Checon prestou imensa ajuda aos brasileiros afetados, diretamente ou indiretamente, pelos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, em Manhattan (NY). Em decorrência desse trabalho beneficente e comunitário, ele foi agraciado com a Ordem de Rio Branco, a maior comenda do gênero concedida pelo Governo do Brasil. Ainda nos EUA, o líder religioso ajudava nas atividades nas paróquias de Queens e New Rochelle, ambas na região metropolitana de Nova York. Retornando ao Rio, mesmo com problemas de saúde, prestava ajuda à comunidade sempre que solicitado. Morava na residência dos padres jesuítas na Rua Marquês de São Vicente, na Gávea, quando faleceu.

Adalberto Antônio Salles Pereira. Fotógrafo Antônio Albuquerque. Acervo Núcleo de Memória.
Adalberto Antônio Salles Pereira. Fotógrafo Antônio Albuquerque. Acervo Núcleo de Memória.

Adalberto Antônio Salles Pereira - Ex-Prefeito do Campus (23 de abril de 2015)

(1941-2015)

Por mais de 30 anos prefeito do campus da PUC-Rio, o Sr. Adalberto Antonio Salles Pereira faleceu em 23 de abril de 2015. Ele entrou na PUC-Rio em 1960.

O Vice-Reitor para Assuntos Comunitários, Prof. Augusto Sampaio, assim se expressou, no dia do ocorrido:

À Comunidade PUC-Rio,
Com muito pesar, a Vice-Reitoria Comunitária tomou conhecimento do falecimento do Sr. Adalberto, ex-Prefeito do campus, leal, dedicado e competente servidor da PUC por mais de 30 anos.
Prof. Augusto Sampaio, Vice-Reitor Comunitário.

A Profa. Patricia Tomei (ADM) também se manifestou: "[...] sempre me lembro da humildade e competência dele quando veio estudar aqui no nosso Departamento. Uma pessoa inesquecível!"

Professor Hilton Ferreira Japiassu. Fotógrafo desconhecido. Site da PUC-MG.
Professor Hilton Ferreira Japiassu. Fotógrafo desconhecido. Site da PUC-MG.

Professor Hilton Ferreira Japiassu – ex-professor do Departamento de Filosofia (27 de abril de 2015)

(1934-2015)

Hilton Ferreira Japiassu nasceu em Carolina, no Maranhão, no dia 26 de março de 1934. Licenciado em Filosofia pela PUC-Rio em 1969, possuía Pós-Graduação em Filosofia pela Université des Sciences Sociales de Grenoble (1975) e Pós-Doutorado em Filosofia pela Université des Sciences Humaines de Estrasburgo, na França (1985). Foi Professor Associado nos cursos de Graduação e Pós-Graduação do Departamento de Filosofia da PUC-Rio (1975 a 1985) e, desde 1978, Professor Adjunto de Epistemologia e História das Ciências no Departamento de Filosofia da UFRJ. Orientou 20 dissertações de Mestrado e dez teses de Doutorado, participou de 40 bancas examinadoras de Pós-Graduação e foi pesquisador do CNPq de 1987 a 1996. Tradutor de mais de 15 livros de História da Filosofia, foi autor de inúmeros títulos sobre o tema. Faleceu em casa, no Rio de Janeiro, em 27 de abril, aos 81 anos, em decorrência de um infarto.

Japi, como era conhecido de todos, era frade da Casa São Tomás de Aquino e celebrava missa aos domingos na Capela Nossa Senhora das Graças, na favela Chapéu Mangueira, no Leme.

Segundo o teólogo Leonardo Boff:

A singularidade do Prof. Japiassu foi entreter um diálogo profundo com as várias ciências humanas com a intenção de compreender mais radicalmente o ser humano. Seu tema era mais que a interdisciplinaridade. Era a transdisciplinaridade, quer dizer, o que existe para além das próprias ciências e como todas elas devem convergir na compreensão do que seja a realidade, a sociedade, o mundo, e a vida e o ser que estão sempre para além de qualquer saber.

A Profa. Sonia Kramer (EDU) também relembrou o professor tão admirado:

Japi – como todos o chamavam – me ensinou que não há possibilidade para a ciência humana se ela não se pensa a si mesma, não se coloca em questão, se desumaniza. Li inúmeros de seus livros, que sempre me surpreendiam pela lucidez, pela erudição e principalmente pela cumplicidade com o homem e pela indignação com a desistência de pensar, a burocratização do conhecimento, que se torna cada vez mais instrumental. A dimensão machista da ciência, Pedagogia da incerteza, Nascimento e morte das ciências humanas, Introdução ao pensamento epistemológico, Psicanálise: ciência ou contraciência?, As paixões da ciência, Nem tudo é relativo: a questão da verdade, e tantos outros, me ajudaram a compreender a importância de perguntar, de pensar, de se indignar.

Pe. Antônio da Silva Pereira. Fotógrafo Antônio Albuquerque. Acervo Núcleo de Memória.
Pe. Antônio da Silva Pereira. Fotógrafo Antônio Albuquerque. Acervo Núcleo de Memória.

Pe. Antônio da Silva Pereira - Ex-professor do Departamento de Teologia (10 de maio de 2015)

(1928-2015)

O Pe. Antônio da Silva Pereira, ex-professor do Departamento de Teologia, faleceu no dia 10 de maio de 2015. O sacerdote, que residia no Rio de Janeiro desde 1968, era natural da freguesia de Santa Bárbara, no concelho da Ribeira Grande, ilha de São Miguel, nos Açores, onde nasceu a 2 de janeiro de 1928.

Doutorado em Direito Canônico, o sacerdote veio para o Brasil depois de ter desempenhado vários cargos na diocese e no seminário de Angra do Heroísmo, como Professor, Diretor Espiritual, Chanceler da Cúria Diocesana e Pároco. Foi também Diretor Espiritual do Colégio Português em Roma (1963 a 1967). No Brasil, foi Professor do Departamento de Teologia da PUC-Rio, Professor do Instituto Superior de Teologia dos Franciscanos em Petrópolis (1971 a 1980); Capelão do Instituto Social, das Irmãs da Sociedade das Filhas do Coração de Maria e Professor do Instituto Superior de Direito Canônico do Rio de Janeiro.

Pe. Pereira dedicou 40 anos de sua carreira ao Departamento de Teologia da PUC-Rio, ao lado dos Padres Manuel Bouzon e Alfonso Garcia Rubio, conforme nos conta a Profa. Tereza Cavalcanti (TEO). O sacerdote era especialista em Direito Canônico, e marcou a abertura eclesial em relação à participação dos leigos nas decisões da Igreja, tema que trabalhou em diversos artigos. Ao lado do Pe. Jesus Hortal S.J., auxiliou vários bispos que a ele recorreram para questões de Direito Eclesial e Direito Matrimonial.

O Pe. Jesus Hortal Sànchez S.J. assim se pronunciou sobre o antigo companheiro:

Conheci o Pe. Pereira em Roma, quando ele era espiritual no Colégio Português e nós dois estávamos cursando o Doutorado em Direito Canônico, na Universidade Gregoriana. Reencontrei-o alguns anos depois, quando ele já estava na PUC-Rio e eu na PUC-RS. A partir de 1986, quando fui transferido para o Rio de Janeiro, convivemos no Departamento de Teologia. Fomos sócios-fundadores da Sociedade Brasileira de Canonistas, fui eleito Presidente e ele Vice-Presidente da entidade. Extraordinariamente meticuloso na preparação de suas aulas e artigos, talvez por essa meticulosidade seu volume de publicações tenha sido relativamente pequeno. Colaborou ativamente na REB (Revista Eclesiástica Brasileira).

Era muito apreciado pelos alunos, não só na PUC-Rio, mas também no Instituto de Direito Canônico do Rio de Janeiro. Seu caráter sempre foi marcado pela seriedade. Apaixonado pela verdade, repelia com veemência as posições discordantes. De saúde delicada, era um modelo de moderação na comida. Suas pesquisas, mais do que no campo do Direito Canônico, se desenvolveram no da Eclesiologia. Conhecia profundamente o Concílio Vaticano II e gostava de discutir sobre os documentos conciliares, especialmente a Lumen Gentium. Lembro-me de uma vez em que os alunos do Instituto promoveram uma discussão, entre ele e mim, sobre um tema polêmico, sabendo que as nossas posições eram discordantes. A sessão foi animada em extremo e, no fim, cada um continuou na sua e todos amigos. Trabalhador incansável, não suportava que o interrompessem nos seus estudos. Era um homem piedoso, extremamente observante de suas obrigações religiosas.

Pe. Pereira Residia há alguns anos na Casa do Padre Cardeal Câmara. Há alguns meses encontrava-se doente, tendo falecido no Hospital Quinta D’Or aos 87 anos de idade.

Prof. Sergio Bonato. Imagem disponível em seu blog pessoal.
Prof. Sergio Bonato. Imagem disponível em seu blog pessoal.

Professor Sérgio Luiz Bonato – Departamento de Comunicação Social (29 de maio de 2015)

O Prof. Bonato era graduado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (1979) e Mestre em Educação pela Uerj (1998). Atuava como professor pesquisador na área de educação comunitária e na Graduação no curso de Comunicação Social. Desde 2003, Bonato atuava no Núcleo de Comunicação Comunitária do Projeto Comunicar e organizava cursos e oficinas para agentes da Pastoral da Comunicação e moradores de favelas do Rio. Era também pesquisador pela Capes/UAB na área de Educação e Comunicação a Distância na Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro), em projeto desenvolvido em conjunto com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, Faperj.

Professor da PUC-Rio desde 1992, Bonato faleceu no dia 29 de maio. Filósofo e mestre em Educação, o professor foi um dos idealizadores do Fundo Emergencial de Solidariedade da PUC-Rio (Fesp), em 1997, para prestar auxílios de transporte e alimentação a alunos com bolsas comunitárias. Em 1996, foi um dos idealizadores da FEVUC - Feira de Valores da Universidade Católica.

A secretária Maria de Belém, da Pastoral Universitária Anchieta, enfatizou o engajamento de Bonato em trabalhos sociais e a importância da contribuição dele à Universidade por meio do Fesp:

Sérgio deixou para a universidade o Fundo Emergencial de Solidariedade, projeto que foi criado para alunos bolsistas sem renda para transporte e alimentação. No início, o projeto alcançava somente 30 pessoas, mas, com o passar do tempo, Sérgio sensibilizou a Universidade e, hoje, mais de 800 alunos estão inscritos. Desde 1997, ano inicial do projeto, muitas pessoas foram alcançadas. Sérgio era uma pessoa muito humilde. Todos que chegavam a ele com problemas e preocupações podiam contar com sua ajuda. Ele sempre arranjava uma maneira de minimizar ou até mesmo de chegar à solução de um problema.

Foi Presidente da Federação das Associações de Moradores do estado do Rio de Janeiro (Famerj) e dirigente do Partido dos Trabalhadores (PT). Além de fundador da Central de Movimentos Populares (CMP), participou do movimento das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) dentro da Igreja Católica, e do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, tendo trabalhado em diversas ONGs com educação popular. Bonato teve grande atuação nos anos 1980 e 1990 em São João de Meriti e por toda a Baixada Fluminense.

O Prof. Augusto Sampaio, Vice-Reitor Comunitário da PUC-Rio, ressaltou o exemplo que Bonato representava para os jovens estudantes confrontados com a competitividade do mercado de trabalho:

Jovens são treinados para competir, e a solidariedade deixou de ser um componente importante no mundo. Hoje é tudo concorrência, competição e egoísmo. As pessoas são olhadas pelo cargo que ocupam, pelo restaurante que vão. O Bonato representava o oposto: solidariedade, cooperação.

Professora Andrea de Castro Coelho Cintra. Fotógrafo desconhecido. Acervo particular.
Professora Andrea de Castro Coelho Cintra. Fotógrafo desconhecido. Acervo particular.

Professora Andrea de Castro Coelho Cintra – aposentada, Departamento de Psicologia (31 de julho de 2015)

(1941-2015)

A Professora Andrea Cintra, falecida em 31 de julho, estava aposentada desde 2006, após 40 anos de trabalho e dedicação ao Departamento de Psicologia da PUC-Rio como supervisora clínica, na área de criança, e professora da disciplina Psicoterapia Infantil. Em 1989, defendeu, no Departamento, a dissertação de Mestrado intituladaFantasia de doença e fantasia de cura: um estudo sobre a adolescência de classe popular, orientada pela Profa. Terezinha Féres-Carneiro.

A Profa. Flavia Sollero (PSI) lembrou traços da sua companheira de trabalho:

A Profa. Andrea Coelho Cintra foi minha “supervisora de emergência” várias vezes. Quando, no início da carreira, eu não sabia o que fazer, pedia socorro a ela, que jamais comentou sobre isso, com aquela elegância e aquele bom humor que lhe eram característicos! Não podemos nos esquecer de pessoas tão generosas como ela! Andrea foi uma grande supervisora de estágio, criativa, com tiradas de um bom humor surpreendente. E generosa colega de trabalho no SPA do Departamento de Psicologia.

A Profa. Maria Inês Garcia de Freitas Bittencourt (PSI) realçou, em depoimento, as qualidades de equilíbrio e simplicidade da Profa. Andrea, sua impecável postura ética e sua dedicação ao trabalho:

Foi uma professora exemplar, que conquistava os alunos com sua sabedoria, e uma colega queridíssima por todos os que conviveram com ela.

A ex-aluna Sonia Ferreira Vianna assim descreveu Andrea Cintra:

Andrea [...] foi minha professora na PUC-Rio em 1966, quando eu estava no 4º ano da faculdade. Nesta ocasião, dava aula de Técnica de Exames Psicológicos, mais especificamente testes de personalidade (teste de Rorschach), TAF (Thematic Apperception Test), CAT (Children Apperception Test) e muitos outros. Era uma professora dedicada e com grande capacidade de avaliação diagnóstica e de síntese. Ensinou-me com muita didática e clareza a fazer um diagnóstico diferencial entre psicose, neurose, psicopatia, sociopatia, etc. Isto me deu uma base sólida e segurança para a minha vida profissional.

Professor Luiz Fernando Gomes Soares. Fotógrafo Antônio Albuquerque. Acervo Nucleo de Memória.
Professor Luiz Fernando Gomes Soares. Fotógrafo Antônio Albuquerque. Acervo Nucleo de Memória.

Professor Luiz Fernando Gomes Soares - Departamento de Informática (8 de setembro de 2015)

(1954-2015)

Luiz Fernando Gomes Soares, Professor Titular do Departamento de Informática e coordenador do Laboratório de Telemídia da PUC-Rio, faleceu no dia 8 de setembro, aos 61 anos, em decorrência de um ataque cardíaco. Líder do grupo que desenvolveu o middleware Ginga, um formato de interatividade para o sistema brasileiro de TV Digital, o professor conquistou o Prêmio Assespro 2008 como Personalidade do Ano, assim como o Prêmio Cientistas do Nosso Estado, como Pesquisador Inovador, no ano de 2005, e o Prêmio Newton Faller da Sociedade Brasileira de Computação, em 2006.
Luiz Fernando possuía Graduação e Mestrado em Engenharia Elétrica e Doutorado em Informática pela PUC-Rio. Cursou o Pós-Doutorado na École Nationale Supérieure des Télécommunications, na França, também em Informática. Publicou aproximadamente 200 artigos acadêmicos e orientou cerca de 90 alunos de Mestrado e Doutorado. Era pesquisador 1A do CNPq.

As pesquisas que desenvolveu sobre a linguagem NCL e o Ginga deram origem a duas Normas ABNT e a uma Recomendação ITU-T, fundamentais para a interatividade entre usuários e a TV Digital. Membro titular da Academia Nacional de Engenharia, além de atuar no Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital, Luiz Fernando Gomes Soares fazia parte do Comitê Gestor da Internet no Brasil e do Núcleo de Coordenação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Era também Conselheiro da Sociedade Brasileira de Computação, onde chegou a ocupar os cargos de presidente e vice-presidente, de 1999 a 2003.

No dia 9 de setembro a notícia se espalhou pelo campus da PUC-Rio e deixou todos perplexos e consternados. A mensagem do Professor Hugo Fuks, diretor do Departamento de Informática, não permitia dúvidas quanto ao que parecia impossível de acreditar, assim como deixava transparecer com toda a clareza a dor com que havia sido escrita:

É com imenso pesar que o Departamento de Informática comunica a perda do seu querido Professor Luiz Fernando Gomes Soares no dia de hoje. Em sua homenagem, todas as atividades do Departamento estão suspensas nesta quarta-feira, dia 09 de setembro de 2015.

Imediatamente as respostas se multiplicaram, vindas de todos os departamentos e centros, da Administração Central da Universidade, de dentro e de fora da PUC-Rio, de todas as agências acadêmicas e políticas ligadas à ciência em geral e à Informática em particular, inclusive do Governo Federal. Todas elas vinham carregadas de afeto e de respeito intelectual pelo Luiz Fernando. Nenhuma era formal ou protocolar. Cada uma punha de manifesto o vazio que essa morte tão inesperada deixa na Universidade, no país, na ciência e na vida de todos os que aprendemos a respeitá-lo intelectualmente e a querê-lo bem.

E quando seus alunos – que, na véspera, como faziam todos os dias, haviam almoçado com ele no restaurante da Universidade – desceram a rampa da Igreja e atravessaram o jardim do campus soluçando, enquanto carregavam seu corpo, o silêncio pesado da dor de todos nós falou mais alto que qualquer discurso, até que um aplauso prolongado tomasse seu lugar.

Luiz Fernando Gomes Soares, o LF, para seus amigos, fez toda a sua carreira acadêmica na PUC-Rio, da Graduação ao Doutorado, e nesta Universidade trabalhou a vida inteira, até que nos deixou tão cedo, aos 61 anos, e com tanto para contribuir para a ciência e para a vida.

Como poucos, o LF soube juntar prazer e ofício. Era um professor muito querido por seus alunos, um pesquisador de rara competência e também um cidadão empenhado em trabalhos sociais. Firme em suas posições, íntegro e generoso, era também divertidíssimo, como podem testemunhar seus companheiros do time de futebol – que, por décadas, ocupou a quadra do antigo Ginásio –, dos serões musicais, das festas onde dava provas de dançar como poucos. Ainda que isso não conste de seu curriculum Lattes, LF contava que tinha sido “os pés do Edson Celulari” nas cenas de dança da novela Kananga do Japão. Não sem razão, um de seus principais projetos acadêmicos, aquele que levou à criação de um middleware que define o padrão da TV digital no Brasil e em diversos países, recebeu o nome de Ginga.

Adair Monsores. Fotógrafo Antônio Albuquerque. Acervo Núcleo de Memória.
Adair Monsores. Fotógrafo Antônio Albuquerque. Acervo Núcleo de Memória.

Adair Monsores - Funcionário da Fundação Pe. Leonel Franca (12 de novembro de 2015)

(1960-2015)

Funcionário da PUC-Rio há 27 anos, Adair Monsores, 55, trabalhava na Fundação Padre Leonel Franca. Casado, pai de um filho também de 27 anos, faleceu no dia 12/11, na Clínica São Carlos, no Humaitá.

Adair, morador de Nova Iguaçu, era uma pessoa querida, alegre e descontraída, fazia dança de salão e, de acordo com seus familiares, se orgulhava de ter trabalhado por tantos anos na PUC-Rio. Pe. Pedro Magalhães Guimarães Ferreira S.J., presidente da Mantenedora e da Fundação Padre Leonel Franca, lembrou, em depoimento ao Jornal da PUC-Rio, que Adair, sempre feliz e disposto a ajudar a todos, deixou saudades.

Alfredo Britto. Fotógrafo Marcos Ramos. Jornal O Globo.
Alfredo Britto. Fotógrafo Marcos Ramos. Jornal O Globo.

Professor Alfredo Luiz Porto de Britto - Departamento de Arquitetura (25 de novembro de 2015)

(1936-2015)

O arquiteto e urbanista Alfredo Britto, professor da PUC-Rio e um dos criadores do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade, além de um dos maiores especialistas brasileiros em patrimônio cultural, faleceu no Rio de Janeiro, aos 79 anos, em 25 de novembro.

Alfredo Britto construiu uma carreira com fortes bases sociais e seu nome ficará ligado a várias causas de interesse da cidade, como a campanha contra a demolição do Palácio Monroe. Trabalhou nas restaurações do Arquivo Nacional (1982) e do Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Morais (2004), projeto de Affonso Eduardo Reidy, conhecido como Pedregulho. Esse trabalho deu origem ao seu mais recente livro – Pedregulho, o sonho pioneiro da habitação popular no Brasil –, lançado em agosto, pouco antes de seu falecimento.

Secretário do IAB-RJ e membro da Direção Nacional do Instituto (1980 a 1983), por dez anos representou a seccional do Rio de Janeiro no Conselho Superior do Instituto de Arquitetos do Brasil.

O presidente do IAB, Sérgio Magalhães, recordou:

Alfredo Britto foi um dos formuladores do pioneiro e famoso Inquérito Nacional de Arquitetura, redator e diretor da revista Arquitetura [...]. Desde o início dos anos 1970, Alfredo foi titular do escritório GAP - Arquitetura e Planejamento, com larga produção edilícia, urbanística e de restauração de patrimônio, tendo recebido diversos prêmios, inclusive a 1ª Premiação Anual do IAB RJ, em 1963.

A arquiteta e secretária-geral do IAB, Fabiana Izaga, também lamentou a perda:

A arquitetura carioca teve em Alfredo Britto uma figura singular pelo seu envolvimento em várias faces da profissão: como professor e pesquisador, como profissional atuante, com destaque em projetos ligados ao patrimônio, e na militância profissional através do IAB.

Aos 79 anos, Alfredo Britto estava terminando um curso de Doutorado no Programa de Pós-Graduação em História Social da Cultura da PUC-Rio.

Em mensagem à Comunidade PUC-Rio, a Profa. Maria Fernanda Campos Lemos, Diretora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo, assim registrou o falecimento:

É com enorme pesar que informo o falecimento de nosso querido professor e amigo Alfredo Luiz Porto de Britto. Alfredo Britto foi um dos professores envolvidos com a fundação do Curso de Arquitetura e Urbanismo e sentiremos muitíssimo a sua falta.

José Pedro Juvêncio. Fotógrafo Antônio Albuquerque. Acervo Núcleo de Memória.
José Pedro Juvêncio. Fotógrafo Antônio Albuquerque. Acervo Núcleo de Memória.

José Pedro Juvêncio - funcionário da Vice-Reitoria Acadêmica (18 de dezembro de 2015)

(1956-2015)

José Pedro Juvêncio trabalhou para a PUC-Rio durante 40 anos e marcou a todos com sua imensa alegria e disposição para ajudar e atender. Foram inúmeras as manifestações de pesar pelo seu falecimento, ocorrido em 18 de dezembro, e de boas lembranças e celebração de sua vida:

Nota dos Professores e Funcionários da Vice-Reitoria Acadêmica da PUC-Rio:

Em quase 40 anos dedicados à PUC-Rio e à Vice-Reitoria Acadêmica, Pedro, o nosso Pedrão, era conhecido por todos pelo lindo sorriso, a alegria contagiante, a gentileza e a disposição constante para atender e ajudar a todos. Mesmo nos momentos mais difíceis da longa luta que viveu contra sua doença, Pedrão nunca desanimou nem deixou de ser a mesma pessoa amável e prestativa.

Ele deixa uma enorme saudade entre os amigos e colegas, mas também belas lembranças pelo tempo que passou conosco.

Mensagens dos amigos da PUC-Rio:

Há algum tempo só vez por outra encontrávamos o Pedro na sala de entrada da Vice-Reitoria Acadêmica. Nessas ocasiões, cada vez mais raras, a alegria de vê-lo era sempre expressão da esperança teimosa de, um dia, tê-lo de volta com seu sorriso, seus olhos expressivos, sua discrição, sua eficiência, sua inteligência e aquela elegância só dele, com a qual sabia lidar com situações delicadas e com a rotina do dia a dia.

Vai ser difícil não encontrar nunca mais o Pedro ao abrir a porta da Vice-Reitoria Acadêmica. E vai ser mais difícil do que possa parecer nesse primeiro momento a vida na VRAc sem o Pedro.

Todos nós nos sabemos queridos pelos amigos que fazemos na PUC-Rio. Alguns são unanimemente queridos por todos na Universidade. O Pedro era uma dessas pessoas muito raras de quem todos gostávamos muito e a quem todos aprendemos a respeitar.

Tenho a certeza de que, aos poucos, as muitas lembranças boas vão curar a dor de agora. E que essa dor é o lado amargo do privilégio de ter tido uma pessoa tão luminosa entre nós.

Sou muito grata por poder dizer que o Pedro é um amigo muito querido que ganhei de presente da vida. À sua mulher, companheira de tantos anos, e à filha, de quem falava com tanto orgulho, todo o meu carinho.

Profa. Margarida de Souza Neves (HIS), Núcleo de Memória da PUC-Rio.

O céu estará muito mais alegre com a chegada do Pedrão, um homem que espalhou doçura por onde passou, com seu sorriso largo e constante, e pequenos gestos de gentileza.

Prof. Sérgio de Almeida Bruni, Vice-Reitor de Desenvolvimento.

Pedro foi dos melhores seres humanos que conheci, nunca esquecerei seu sorriso alvo.

Muita luz e paz para ele!

Maria José Teixeira Soares, Assessora da Vice-Reitoria de Desenvolvimento.

Como não se encantar com o sorriso mais do que simpático e bem-aventurado do Pedrão? Sinto muitíssimo e peço a Deus que o lugar dele seja o mais bonito e iluminado que exista na eternidade.

Prof. Augusto César Pinheiro da Silva (GEO), Coordenador Setorial de Graduação do CCS.

Literalmente à frente da VRAc durante todo esse tempo, Pedro deu-lhe uma identidade singular, a de um lugar de acolhimento.

Prof. Marco Aurélio Cavalcanti Pacheco, Departamento de Engenharia Elétrica.

O meu Pedro se foi, mas deixou pegadas muito fortes nos pilares que nos sustentam. Ai, Pedro!!

Profa. Flávia Schlee Eyler, Departamento de História.

Quero me juntar a todos que estão se manifestando pela perda do Pedro. Seu sorriso alegre e acolhedor ficará para sempre na minha memória. Que ele, que sabia nos acolher tão bem no balcão da Acadêmica, tenha sido acolhido com carinho nos braços do Pai. Disso eu tenho certeza.

Um grande abraço à sua família,

Profa. Ana Waleska Pollo Campos Mendonça, Departamento de Educação.

Junto-me a todos que louvam o exemplo de correção, acolhimento e simpatia que foi a longa e forte presença do Pedro na sala de entrada da Vice-Reitoria Acadêmica ao longo destas últimas décadas. Que seu exemplo nos inspire sempre no campo da excelência que buscamos para a PUC-Rio, apontando a importância desses valores, nele sempre presentes, para a vida humana.

Profa. Hedy Silva Ramos de Vasconcellos, Departamento de Educação.

O querido Pedro vai deixar muitas saudades. Encontrar com o Pedrão, mesmo por um instante, era sempre um bom encontro, desses que iluminam o cotidiano da universidade.

Profa. Denise Berruezo Portinari, Departamento de Artes e Design.

Vai, Pedrão! Vai encher de alegria e delicadeza outros mundos!!

Prof. Júlio Diniz (LET), Diretor do Instituto Confucius.