Quem passa pela pequena Praça do Mangue com seus bancos e canteiros sombreados por uma mangueira, não imagina que esse local já foi um ambiente de manguezais, alagado pelas águas do Rio Rainha e da Lagoa Rodrigo de Freitas que ali se encontravam antes dos aterros e canalizações iniciados no século XX. Daí o motivo de seu nome atual, Praça do Mangue.

Pouco conhecida, igualmente, é a história do Parque Proletário da Gávea, um conjunto habitacional com mais de 2 mil moradores que ocupava a área. Inaugurado em 1942 com a construção de 425 casas geminadas de madeira,  foi  um dos parques proletários criados para abrigar moradores removidos de favelas na cidade. Seguia a lógica sanitarista das reformas urbanas de então que pretendiam organizar a cidade, mas que, na realidade, empurravam a população pobre cada vez mais para longe do Centro. O Parque seria uma solução provisória até a transferência dos moradores para o Conjunto Residencial Marquês de São Vicente, o famoso Minhocão. Mas, como quase sempre acontece, o provisório acabou virando moradia por muito mais tempo e o plano nunca se concretizou.

A comunidade do Parque viu de perto a chegada da PUC-Rio à Gávea, no início dos anos 1950, e compartilhou com a Universidade parte de sua história através de diferentes iniciativas comunitárias e projetos que influenciaram a trajetória pessoal e acadêmica de alunos e professores. Também pela contratação de   moradores para trabalhar em diferentes setores da Instituição e que compartilham muitas lembranças destas histórias que se cruzaram.

Na década de 1970, as últimas famílias foram removidas para bairros distantes e o Parque foi demolido para dar lugar a instalações universitárias. Hoje sua memória é registrada em fotografias, nas lembranças de seus antigos moradores e representada no painel de grafite do artista Bryan de Carvalho localizado na praça. Ao seu lado, a antiga mangueira, antes debruçada sobre o Rainha, é uma testemunha silenciosa que nos convida a lembrar histórias esquecidas da Gávea.

 

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