
O Cristo Redentor visto dos pilotis do
Edifício Cardeal Leme. 2014. Fotógrafos Igor Valamiel e
Antônio Albuquerque. Acervo Núcleo de Memória da
PUC-Rio.
A estátua que hoje é símbolo da
cidade do Rio de Janeiro, uma das sete maravilhas do mundo
moderno e principal cartão postal brasileiro pode narrar uma
interessante história. Para compreendê-la é preciso ouvidos
curiosos e atentos ao movimento dos homens no tempo, que
fizeram surgir no alto do morro do Corcovado o “Monumento ao
Christo Redemptor”.
Inaugurado em 1931, o novo símbolo
da cidade representava uma proposta de unidade nacional sob
a identidade católica. À época, a Igreja empenhava-se em
retomar influência junto ao Estado, que, após a laicização
com a proclamação da República, perdera consideravelmente.
Esperava-se que Cristo, agora incrustado na capital do país,
redimiria uma nação atormentada por mazelas, rumo a um
futuro de horizonte cristão.
Este esforço de recatolização,
posteriormente denominado “Restauração Católica”, empreendeu
projetos que a Igreja há tempos planejava. Assim como a
ideia de uma estátua de Cristo na cidade, também o projeto
de uma universidade católica era recorrente desde o século
anterior. Tal universidade, que tem seus primeiros passos em
1940 com a fundação das Faculdades Católicas, respondia aos
anseios de uma proposta educacional cristã por oposição
àquela laica e liberal, representada pelos Pioneiros da
Escola Nova. Assim como o monumento do Corcovado, aos olhos
de seus idealizadores, a PUC-Rio surgia redentora nos
corações e nas mentes de uma elite intelectual católica.
O Cristo Redentor e a PUC-Rio, ainda
que compartilhem um contexto fundacional comum, hoje ocupam
lugares distintos no imaginário coletivo. O projeto de
cristandade idealizado inicialmente foi reinterpretado e
ressignificado, e não mais figura no horizonte daqueles que
os frequentam. Cada um, porém, carrega um significado
singular, que pode não ser mais tão doutrinário, mas com
certeza será sempre carioca.
André M. Penna-Firme
Matheus Lima Targuêta
Núcleo de Memória da PUC-Rio |