Publicações do Núcleo de Memória da PUC-Rio

:: Braços abertos sobre a Guanabara - série Crônicas de Memória - A PUC-Rio e os 450 anos da Cidade; artigo publicado em 28/09/2015 na edição 294 do Jornal da PUC.


O Cristo Redentor visto dos pilotis do Edifício Cardeal Leme. 2014. Fotógrafos Igor Valamiel e Antônio Albuquerque. Acervo Núcleo de Memória da PUC-Rio.

A estátua que hoje é símbolo da cidade do Rio de Janeiro, uma das sete maravilhas do mundo moderno e principal cartão postal brasileiro pode narrar uma interessante história. Para compreendê-la é preciso ouvidos curiosos e atentos ao movimento dos homens no tempo, que fizeram surgir no alto do morro do Corcovado o “Monumento ao Christo Redemptor”.

Inaugurado em 1931, o novo símbolo da cidade representava uma proposta de unidade nacional sob a identidade católica. À época, a Igreja empenhava-se em retomar influência junto ao Estado, que, após a laicização com a proclamação da República, perdera consideravelmente. Esperava-se que Cristo, agora incrustado na capital do país, redimiria uma nação atormentada por mazelas, rumo a um futuro de horizonte cristão.

Este esforço de recatolização, posteriormente denominado “Restauração Católica”, empreendeu projetos que a Igreja há tempos planejava. Assim como a ideia de uma estátua de Cristo na cidade, também o projeto de uma universidade católica era recorrente desde o século anterior. Tal universidade, que tem seus primeiros passos em 1940 com a fundação das Faculdades Católicas, respondia aos anseios de uma proposta educacional cristã por oposição àquela laica e liberal, representada pelos Pioneiros da Escola Nova. Assim como o monumento do Corcovado, aos olhos de seus idealizadores, a PUC-Rio surgia redentora nos corações e nas mentes de uma elite intelectual católica.

O Cristo Redentor e a PUC-Rio, ainda que compartilhem um contexto fundacional comum, hoje ocupam lugares distintos no imaginário coletivo. O projeto de cristandade idealizado inicialmente foi reinterpretado e ressignificado, e não mais figura no horizonte daqueles que os frequentam. Cada um, porém, carrega um significado singular, que pode não ser mais tão doutrinário, mas com certeza será sempre carioca.

 

André M. Penna-Firme
Matheus Lima Targuêta
Núcleo de Memória da PUC-Rio

 

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
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