Publicações do Núcleo de Memória da PUC-Rio

:: Rio 450 anos: a Universidade e a cidade - série Crônicas de Memória - A PUC-Rio e os 450 anos da cidade; artigo publicado em 07/04/2015,  edição 289 do Jornal da PUC


Imagem aérea do Campus da PUC-Rio na Gávea. 2010.
Fotógrafo Nilo Lima. Acervo do Núcleo de Memória da PUC-Rio.

Foi fácil definir o tema que unificará a diversidade das Crônicas de Memória em 2015.  O Rio de Janeiro completa 450 anos e a PUC-Rio 75 anos nesse ano, e as datas redondas trazem com elas um convite à reflexão.  2015, portanto, é uma bela ocasião para que a memória da Universidade se ocupe dos vínculos entre o que é ou procura ser e a cidade que a acolhe e desafia.

            A fotografia que encabeça a primeira crônica desse ano de muitas comemorações pode representar o lugar físico e simbólico que a PUC-Rio ocupa na cidade. 

            Visto do alto o campus da Gávea, onde há exatos 60 anos a PUC-Rio se incrusta na cidade, se situa entre a natureza exuberante da Mata Atlântica e o intrincado tecido urbano; entre os bairros do Leblon e da Gávea onde o metro quadrado atinge preços estratosféricos e as favelas da Rocinha e do Parque da Cidade; entre os Dois Irmãos e a Pedra da Gávea, atalaias imóveis e suntuosas da cidade, e o formigueiro humano  das ruas em incessante ebulição.  Esse entrelugar, onde os contrastes da cidade são mais visíveis e suas tensões e contradições são mais sensíveis, não deixa de ser uma excelente representação de uma universidade e sua função crítica ao fazer dos desafios da sociedade a matéria prima do que pensa, cria e propõe.

            A perspectiva da fotografia também é sugestiva.  Guiado pela sinuosidade do edifício projetado pelo arquiteto Affonso Eduardo Reidy para abrigar os moradores do extinto Parque Proletário da Gávea, o olhar de quem contempla a fotografia parece guiado para a cidade e, transposta a barreira das montanhas, é conduzido para o que se situa além de seus limites: o país e o horizonte mais amplo aberto pelo oceano que comunica e integra a cidade, o país e neles a Universidade com o complexo mundo em que vivemos.

            Para uma universidade que se situa nessa perspectiva e nesse lugar, comemorar os 450 anos da cidade é um convite para, a partir de sua função específica de lugar de produção de conhecimento e formação de quadros capacitados e críticos, aprofundar as potencialidades e os desafios que o futuro oferece para seus cidadãos.  O passado e o presente da cidade assinalam que essa cidadania se exerce, necessariamente, enraizada no local, projetada no nacional e aberta para o global.

 Margarida de Souza Neves
Núcleo de Memória da PUC-Rio

 

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
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