
Imagem aérea do Campus da PUC-Rio na Gávea. 2010.
Fotógrafo Nilo Lima. Acervo do Núcleo de Memória da
PUC-Rio.
Foi fácil definir o tema que unificará a diversidade das
Crônicas de Memória em 2015. O Rio de Janeiro
completa 450 anos e a PUC-Rio 75 anos nesse ano, e as
datas redondas trazem com elas um convite à reflexão.
2015, portanto, é uma bela ocasião para que a memória da
Universidade se ocupe dos vínculos entre o que é ou
procura ser e a cidade que a acolhe e desafia.
A fotografia que encabeça a primeira crônica
desse ano de muitas comemorações pode representar o
lugar físico e simbólico que a PUC-Rio ocupa na cidade.
Visto do alto o campus da Gávea, onde
há exatos 60 anos a PUC-Rio se incrusta na cidade, se
situa entre a natureza exuberante da Mata Atlântica e o
intrincado tecido urbano; entre os bairros do Leblon e
da Gávea onde o metro quadrado atinge preços
estratosféricos e as favelas da Rocinha e do Parque da
Cidade; entre os Dois Irmãos e a Pedra da Gávea,
atalaias imóveis e suntuosas da cidade, e o formigueiro
humano das ruas em incessante ebulição. Esse
entrelugar, onde os contrastes da cidade são mais
visíveis e suas tensões e contradições são mais
sensíveis, não deixa de ser uma excelente representação
de uma universidade e sua função crítica ao fazer dos
desafios da sociedade a matéria prima do que pensa, cria
e propõe.
A perspectiva da fotografia também é
sugestiva. Guiado pela sinuosidade do edifício
projetado pelo arquiteto Affonso Eduardo Reidy para
abrigar os moradores do extinto Parque Proletário da
Gávea, o olhar de quem contempla a fotografia parece
guiado para a cidade e, transposta a barreira das
montanhas, é conduzido para o que se situa além de seus
limites: o país e o horizonte mais amplo aberto pelo
oceano que comunica e integra a cidade, o país e neles a
Universidade com o complexo mundo em que vivemos.
Para uma universidade que se situa nessa
perspectiva e nesse lugar, comemorar os 450 anos da
cidade é um convite para, a partir de sua função
específica de lugar de produção de conhecimento e
formação de quadros capacitados e críticos, aprofundar
as potencialidades e os desafios que o futuro oferece
para seus cidadãos. O passado e o presente da cidade
assinalam que essa cidadania se exerce, necessariamente,
enraizada no local, projetada no nacional e aberta para
o global.
Margarida
de Souza Neves
Núcleo de Memória da PUC-Rio