
Sessão solene de homenagem aos perseguidos políticos na
61ª Caravana da Anistia, no auditório do RDC. 2012.
Fotógrafo Antônio Albuquerque. Acervo do Núcleo de
Memória da PUC-Rio.
"Em
nome do Estado, pelos poderes legais e constitucionais
que nos estão conferidos, pedimos desculpas por toda
essa tristeza e por todo esse sofrimento". A foto
escolhida para ilustrar o artigo retrata o momento no
qual Paulo Abrão Pires Júnior,
presidente da Comissão de Anistia e doutor em Direito
pela PUC-Rio, durante a sessão solene de apreciação dos
pedidos de reparação realizada no Auditório do RDC,
profere a simbólica frase na qual o Estado brasileiro
concede o direito à reparação e pede desculpas públicas
e oficiais pelos erros cometidos no passado para mais
uma família vítima da repressão seguida ao golpe-civil
militar.
A
61ª Caravana da Anistia, realizada no campus da
PUC-Rio entre os dias 14 a 17
de agosto de 2012, fez parte da “Conferência
Internacional Memória: América Latina em perspectiva
internacional e comparada”. As Caravanas de Anistia
pretendem ser um espaço de construção do direito à
memória e à verdade por meio de sessões públicas
itinerantes de avaliação dos pedidos de reparação moral
e econômica de perseguidos pelo regime militar.
Mas
como reparar o irreparável? Como relembrar histórias de
dor e sofrimento que não cabem em palavras? Como reviver
o luto de uma grande perda? Os testemunhos de
perseguidos políticos, familiares e seus procuradores
compartilhados publicamente são poderosos instrumentos
de luta e de ação no presente para esclarecer episódios
controversos e relembrar o que não deve ser esquecido.
As palavras assumem a função de suportes da memória
afetiva e familiar diante da ausência e do
desaparecimento de um ente querido.
A
PUC-Rio consciente da importância para a abertura ao
debate das tensões e contradições que marcam a sociedade
brasileira, acolheu a Caravana da Anistia em seu
campus por acreditar que a democracia é construída
no diálogo e na defesa da livre expressão sobre os erros
cometidos no passado para que eles não venham a se
repetir no futuro. O direito à verdade e à justiça é
condição fundamental na luta contra o esquecimento.
Eduardo Gonçalves
Núcleo de Memória da PUC-Rio