Publicações do Núcleo de Memória da PUC-Rio

:: Uma caravana de memórias - série Crônicas de Memória - Para não esquecer; artigo publicado em 01/04/2014,  edição 279 do Jornal da PUC


Sessão solene de homenagem aos perseguidos políticos na 61ª Caravana da Anistia, no auditório do RDC. 2012. Fotógrafo Antônio Albuquerque. Acervo do Núcleo de Memória da PUC-Rio.

"Em nome do Estado, pelos poderes legais e constitucionais que nos estão conferidos, pedimos desculpas por toda essa tristeza e por todo esse sofrimento". A foto escolhida para ilustrar o artigo retrata o momento no qual Paulo Abrão Pires Júnior, presidente da Comissão de Anistia e doutor em Direito pela PUC-Rio, durante a sessão solene de apreciação dos pedidos de reparação realizada no Auditório do RDC, profere a simbólica frase na qual o Estado brasileiro concede o direito à reparação e pede desculpas públicas e oficiais pelos erros cometidos no passado para mais uma família vítima da repressão seguida ao golpe-civil militar.

 A 61ª Caravana da Anistia, realizada no campus da PUC-Rio entre os dias 14 a 17 de agosto de 2012, fez parte da “Conferência Internacional Memória: América Latina em perspectiva internacional e comparada”. As Caravanas de Anistia pretendem ser um espaço de construção do direito à memória e à verdade por meio de sessões públicas itinerantes de avaliação dos pedidos de reparação moral e econômica de perseguidos pelo regime militar.

 Mas como reparar o irreparável? Como relembrar histórias de dor e sofrimento que não cabem em palavras? Como reviver o luto de uma grande perda? Os testemunhos de perseguidos políticos, familiares e seus procuradores compartilhados publicamente são poderosos instrumentos de luta e de ação no presente para esclarecer episódios controversos e relembrar o que não deve ser esquecido. As palavras assumem a função de suportes da memória afetiva e familiar diante da ausência e do desaparecimento de um ente querido.

 A PUC-Rio consciente da importância para a abertura ao debate das tensões e contradições que marcam a sociedade brasileira, acolheu a Caravana da Anistia em seu campus por acreditar que a democracia é construída no diálogo e na defesa da livre expressão sobre os erros cometidos no passado para que eles não venham a se repetir no futuro. O direito à verdade e à justiça é condição fundamental na luta contra o esquecimento.

 

Eduardo Gonçalves
Núcleo de Memória da PUC-Rio
 

 

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Núcleo de Memória da PUC-Rio