Publicações do Núcleo de Memória da PUC-Rio

:: Quando a fé e a política se unem - série Crônicas de Memória - Para não esquecer; artigo publicado em 10/10/2014,  edição 285 do Jornal da PUC


Dom Helder Camara e Heráclito Fontoura Sobral Pinto, professores fundadores da PUC-Rio, na cerimônia em que receberam o título de Doutor Honoris Causa. 22/03/1991. Fotógrafo Eurico Dantas. Acervo Agência O Globo.
 

Após os difíceis anos da ditadura o país vivia a retomada do processo democrático, consolidado com a Constituição de 1988 e as eleições diretas para Presidente. Em 1991 a PUC-Rio comemorou com diversos eventos os 50 anos da instalação dos cursos nas Faculdades Católicas. Para simbolizar esse período importante para a Universidade e para o país, dois professores fundadores foram escolhidos pelo Reitor da PUC-Rio, Pe. Laércio Dias de Moura S.J., para receberem o título de Doutor Honoris Causa. Os homenageados, o Arcebispo Emérito de Olinda e Recife Dom Helder Pessoa Camara e o advogado Heráclito Fontoura Sobral Pinto, eram figuras notáveis pela denúncia e luta contra os crimes cometidos pelo governo militar e pela defesa da democracia durante a ditadura.

Helder Camara e Sobral Pinto tornaram-se amigos nos anos 1930, aproximados pela ativa participação nas questões religiosas e sociais que permearam suas vidas. Conviveram nas instituições católicas e tiveram interlocutores em comum. Nas Faculdades Católicas, Sobral atuou na Faculdade de Direito desde a primeira turma em 1941, e o Padre Helder na Faculdade de Filosofia desde 1942. Os dois se afastaram formalmente da Universidade em 1964, mas continuaram a ser convidados a fazer palestras e foram patronos de formandos. Junto a intelectuais como Alceu Amoroso Lima e San Tiago Dantas ressaltam a PUC-Rio como espaço de atuação de humanistas cristãos responsáveis por formar no Brasil um pensamento católico democrático.

            A escolha de Sobral e Helder naquele momento histórico é significativa. Perseguidos e silenciados, tornaram-se símbolos da retomada das instituições democráticas nos anos 1980. Em 1991 foram homenageados pelos seus esforços de fazer valer as prerrogativas de democracia e direitos humanos em um país que apenas começava a curar as suas feridas.

Matheus Targuêta
Clóvis Gorgônio
Núcleo de Memória da PUC-Rio

 

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