
Alunos da PUC-Rio na Vila dos Diretórios, prontos para a
passeata no Centro do Rio em 20/06/2013. Fotógrafo
Antônio Albuquerque. Acervo do Núcleo de Memória da
PUC-Rio.
Em 2013, manifestações em todo o
Brasil anteciparam-se ao marco simbólico dos 50 anos do
Golpe de 1964. O protesto não se referia a uma questão
ou inimigo único, como foi a Ditadura, mas a um contexto
em que a desilusão com a política tradicional e com os
políticos em geral era a tônica. Previa-se que em 2014
as manifestações voltassem com a mesma força. Talvez
pela violência que ocorreu de todos os lados, ou pela
captura pelos partidos das bandeiras deflagradas, ou
ainda pela mobilização com a Copa do Mundo, isso não
aconteceu. Talvez porque movimentos vêm e vão e os
momentos nunca se repetem. Mas ficam as marcas.
Durante aqueles meses de 2013 a
PUC-Rio foi tomada pela agitação dos estudantes e pelo
debate acadêmico que tentava entender o que acontecia
“no calor da hora”, com eventos ocupando os pilotis e os
auditórios da Universidade, como nos debates do
“Movimento da Hora Presente” ou no “Balanço das Jornadas
de Junho”.
No dia 20 de junho manifestações
espalharam-se por todo o país. O campus
fervilhava com relatos sobre as passeatas e a repressão
policial. Neste dia a Vila dos Diretórios foi ocupada
por alunos mobilizados para o protesto no Centro do Rio.
Eles pintaram rostos e cartazes, alguns ecoando frases
de outros tempos, como “PUC território livre” e “Afasta
de mim esse cálice”. Uma diferença notável nas
manifestações em relação, por exemplo, às de 1968, é a
quase ausência de identificação sobre a que universidade
ou centro acadêmico pertenciam.
Os dias de agitação aos poucos
passaram, algumas marcas foram apagadas ou cobertas com
tapumes, mas a força das vozes e da presença física nas
ruas fez o processo político avançar, as redes sociais
na Internet ampliaram a sincronia com o que acontecia no
mundo, e a universidade, mais uma vez, foi espaço de
ideias, atos e emoções.
Clóvis
Gorgônio
Núcleo de Memória da PUC-Rio