Publicações do Núcleo de Memória da PUC-Rio

:: Um ícone da PUC-Rio - série Crônicas de Memória - Fotografias: janelas do tempo; artigo publicado em 06/12/2013 em edição especial do Jornal da PUC sobre os 50 anos da Pós-Graduação na PUC-Rio


Alunos e o professor pe. Francisco Röser S.J. (à direita, de óculos) operando o computador B-205 no Centro de Processamento de Dados da PUC-Rio. c. 1960. Fotógrafo desconhecido. Acervo do Núcleo de Memória.

A foto escolhida para essa edição comemorativa dos 50 anos da Pós-Graduação na PUC-Rio pertence a uma série que retrata alunos e professores, no início dos anos 1960, na sala do Centro de Processamento de Dados da PUC-Rio, que abrigava o Burroughs B-205, um sistema de computação para uso científico único no país no momento em que a própria informática como área acadêmica dava seus primeiros passos. 

A grande e complexa máquina, cercada por olhos atentos dos jovens alunos e de um curioso pe. Röser, professor e fundador do Instituto de Física, e que aparece debruçado sobre o console, serviu para o desenvolvimento dos primeiros projetos de pesquisa não somente de professores, alunos de graduação e dos pós-graduandos da PUC-Rio mas também foi utilizada em algumas das primeiras teses desenvolvidas em programas da COPPE/UFRJ na mesma época. Era utilizada igualmente em projetos estratégicos de órgãos e empresas estatais como o Conselho Nacional de Pesquisa, a Comissão de Energia Nuclear, a Companhia Siderúrgica Nacional, a Petrobras e os Ministérios do Exército, Marinha e Aeronáutica, membros do consórcio que viabilizou a aquisição do equipamento e sua instalação na PUC-Rio. Eram tempos presididos pela política desenvolvimentista levada a cabo pelo governo de Juscelino Kubitschek, bem expressa em um de seus discursos, proferido em 1956: “É que estamos em plena batalha do desenvolvimento, na luta pela aceleração do progresso do Brasil, numa hora positiva de recuperação do tempo perdido por nosso país”, e a aquisição do B-205 foi uma das expressões da nova face do progresso.

De resto, o chamado “Cérebro Eletrônico” atraía a atenção da comunidade universitária por suas proporções, sua configuração futurista e suas operações indecifráveis ao comum dos mortais que guardaram na memória suas luzes coloridas e piscantes, chamativas pelo fato do B-205 ter sido instalado em uma sala de vidro localizada nos pilotis do Edifício Cardeal Leme por onde passavam necessariamente todos os alunos, professores, funcionários e visitantes da Universidade.

Essa foto nos ajuda também a compreender, para além do significado objetivo deste sistema pioneiro nas universidades brasileiras, o valor simbólico de que o B-205 se reveste e que confere a ele um lugar de destaque em nosso imaginário, uma poderosa representação da PUC-Rio para ela mesma, um ícone da memória, da identidade e dos projetos que esta Universidade quis e quer construir: uma particular fisionomia no conjunto das universidades brasileiras em sua profícua relação com o setor público e com o setor privado, sua preocupação com a internacionalização desde seus primeiros anos, o cuidado com a formação de alunos de todos os centros, seu pioneirismo e a excelência acadêmica que marca a relação orgânica do ensino e da pesquisa nesta Instituição.

Silvia Ilg Byington e Matheus Lima Targuêta
Núcleo de Memória da PUC-Rio

 

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