
Alunos e o professor pe. Francisco Röser S.J. (à direita,
de óculos) operando o computador B-205 no Centro de
Processamento de Dados da PUC-Rio. c. 1960. Fotógrafo
desconhecido. Acervo do Núcleo de Memória.
A foto escolhida para essa edição comemorativa dos 50
anos da Pós-Graduação na PUC-Rio pertence a uma série
que retrata alunos e professores, no início dos anos
1960, na sala do Centro de Processamento de Dados da
PUC-Rio, que abrigava o Burroughs B-205, um sistema de
computação para uso científico único no país no momento
em que a própria informática como área acadêmica dava
seus primeiros passos.
A grande e complexa máquina, cercada por olhos atentos
dos jovens alunos e de um curioso pe. Röser, professor e
fundador do Instituto de Física, e que aparece debruçado
sobre o console, serviu para o desenvolvimento dos
primeiros projetos de pesquisa não somente de
professores, alunos de graduação e dos pós-graduandos da
PUC-Rio mas também foi utilizada em algumas das
primeiras teses desenvolvidas em programas da COPPE/UFRJ
na mesma época. Era utilizada igualmente em projetos
estratégicos de órgãos e empresas estatais como o
Conselho Nacional de Pesquisa, a Comissão de Energia
Nuclear, a Companhia Siderúrgica Nacional, a Petrobras e
os Ministérios do Exército, Marinha e Aeronáutica,
membros do consórcio que viabilizou a aquisição do
equipamento e sua instalação na PUC-Rio. Eram tempos
presididos pela política desenvolvimentista levada a
cabo pelo governo de Juscelino Kubitschek, bem expressa
em um de seus discursos, proferido em 1956: “É que
estamos em plena batalha do desenvolvimento, na luta
pela aceleração do progresso do Brasil, numa hora
positiva de recuperação do tempo perdido por nosso país”,
e a aquisição do B-205 foi uma das expressões da nova
face do progresso.
De resto, o chamado “Cérebro Eletrônico” atraía a
atenção da comunidade universitária por suas proporções,
sua configuração futurista e suas operações
indecifráveis ao comum dos mortais que guardaram na
memória suas luzes coloridas e piscantes, chamativas
pelo fato do B-205 ter sido instalado em uma sala de
vidro localizada nos pilotis do Edifício Cardeal Leme
por onde passavam necessariamente todos os alunos,
professores, funcionários e visitantes da Universidade.
Essa foto nos ajuda também a compreender, para além do
significado objetivo deste sistema pioneiro nas
universidades brasileiras, o valor simbólico de que o
B-205 se reveste e que confere a ele um lugar de
destaque em nosso imaginário, uma poderosa representação
da PUC-Rio para ela mesma, um ícone da memória, da
identidade e dos projetos que esta Universidade quis e
quer construir: uma particular fisionomia no conjunto
das universidades brasileiras em sua profícua relação
com o setor público e com o setor privado, sua
preocupação com a internacionalização desde seus
primeiros anos, o cuidado com a formação de alunos de
todos os centros, seu pioneirismo e a excelência
acadêmica que marca a relação orgânica do ensino e da
pesquisa nesta Instituição.
Silvia Ilg Byington e Matheus Lima Targuêta
Núcleo de Memória da PUC-Rio