Publicações do Núcleo de Memória da PUC-Rio

:: Uma figura inesquecível - série Crônicas de Memória - Fotografias: janelas do tempo; artigo publicado em 08/04/2013, Jornal da PUC, Edição 267


Montagem dos primeiros laboratórios do ITUC. Fotógrafo desconhecido. c. 1959. Acervo do Núcleo de Memória da PUC-Rio.

A janela do tempo aberta pela fotografia acima nos leva a algum momento não muito bem definido, provavelmente no início do ano de 1959.  Nela surpreendemos o instante em que os equipamentos do ITUC, inaugurado no dia 12 de abril de 1959, eram desembalados para a montagem dos laboratórios. 

No centro da imagem, de camisa branca, com seus óculos de aro escuro e lentes grossas, aparece o irmão Francisco Larrañaga, um jesuíta vasco de corpanzil enorme como era enorme o seu coração, ainda que ele tentasse sem muito sucesso disfarçar essa última característica atrás de uma falsa ranzinzice.  Todo mundo na PUC conhecia o irmão Francisco e sabia que podi08/04a contar com ele.

Conhecedor de todos os meandros do campus, reza uma das lendas que povoam a memória da universidade que nos tempos do irmão Francisco a PUC não tinha plantas das instalações elétricas e hidráulicas porque estava tudo na cabeça daquele gigante que parecia onipresente nos corredores e nos pilotis.

Por muito tempo, uma vez por semana o irmão Francisco jogava uma partida de tênis com o professor Thomas Schneider, do Departamento de Economia.  A dupla fazia lembrar Asterix e Obelix e era divertido vê-los juntos, o professor Schneider sempre impecável enquanto o irmão Francisco – o Obelix da dupla – comparecia vestido com os trajes mais insólitos, feliz da vida empunhando sua raquete.

Além do lugar cativo que tem na lembrança de todos os que o conheceram, o campus guarda os antigos postes de luz que o irmão Francisco fez construir.  Como tudo o que fazia, os tais postes eram sólidos, feitos para durar.  Hoje substituídos em sua primeira função por outros mais modernos, eles viraram divisórias do estacionamento: o guindaste alugado para retirá-los não foi capaz de levantá-los do chão, e o remédio foi encontrar para eles uma nova serventia.

Essas e muitas outras histórias fazem do irmão Francisco, que já não está mais entre nós, uma figura inesquecível.

Professora Margarida de Souza Neves
Departamento de História
Núcleo de Memória da PUC-Rio

 

 

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Núcleo de Memória da PUC-Rio