
Montagem dos primeiros laboratórios do ITUC. Fotógrafo
desconhecido. c. 1959. Acervo do Núcleo de Memória da
PUC-Rio.
A janela do tempo aberta pela fotografia acima nos leva a
algum momento não muito bem definido, provavelmente no
início do ano de 1959. Nela surpreendemos o instante
em que os equipamentos do ITUC, inaugurado no dia 12 de
abril de 1959, eram desembalados para a montagem dos
laboratórios.
No centro da imagem, de camisa branca, com seus óculos de
aro escuro e lentes grossas, aparece o irmão Francisco
Larrañaga, um jesuíta vasco de corpanzil enorme como era
enorme o seu coração, ainda que ele tentasse sem muito
sucesso disfarçar essa última característica atrás de uma
falsa ranzinzice. Todo mundo na PUC conhecia o irmão
Francisco e sabia que podi08/04a contar com ele.
Conhecedor de todos os meandros do campus, reza uma
das lendas que povoam a memória da universidade que nos
tempos do irmão Francisco a PUC não tinha plantas das
instalações elétricas e hidráulicas porque estava tudo na
cabeça daquele gigante que parecia onipresente nos
corredores e nos pilotis.
Por muito tempo, uma vez por semana o irmão Francisco jogava
uma partida de tênis com o professor Thomas Schneider, do
Departamento de Economia. A dupla fazia lembrar
Asterix e Obelix e era divertido vê-los juntos, o professor
Schneider sempre impecável enquanto o irmão Francisco – o
Obelix da dupla – comparecia vestido com os trajes mais
insólitos, feliz da vida empunhando sua raquete.
Além do lugar cativo que tem na lembrança de todos os que o
conheceram, o campus guarda os antigos postes de luz
que o irmão Francisco fez construir. Como tudo o que
fazia, os tais postes eram sólidos, feitos para durar.
Hoje substituídos em sua primeira função por outros mais
modernos, eles viraram divisórias do estacionamento: o
guindaste alugado para retirá-los não foi capaz de
levantá-los do chão, e o remédio foi encontrar para eles uma
nova serventia.
Essas e muitas outras histórias fazem do irmão Francisco,
que já não está mais entre nós, uma figura inesquecível.
Professora
Margarida de Souza Neves
Departamento de História
Núcleo de Memória da PUC-Rio
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