Publicações do Núcleo de Memória da PUC-Rio

:: Sobre cofres e tesouros - série Crônicas de Memória - Fotografias: janelas do tempo; artigo publicado em 17/12/2013 na edição 277 do Jornal da PUC.


Obras para construção do edifício que recebeu o Acelerador de Partículas Van de Graaff. 1966. Fotógrafo desconhecido. Acervo do Núcleo de Memória.

A janela do tempo aberta pelo último Jornal da PUC de 2013 mostra uma paisagem intrigante.

Na foto, o que se vê entre os inconfundíveis pilotis são homens e máquinas.  Chama atenção um trabalhador de calça clara, pés descalços firmemente plantados na escarpa que procura desbastar com uma enxada.   Nossos olhos se fixam nesse homem porque tudo nele lembra o Lavrador de café pintado por Portinari.  O trator, o caminhão e a escavadeira flagrada no instante em que transfere um bloco de pedra na caçamba do caminhão estão perfeitamente alinhados no espaço estreito entre os pilotis e a encosta.  E é precisamente essa encosta que permite identificar o ângulo da fotografia, ao associá-la a outras imagens em que o morro atrás do Edifício Cardeal Leme ainda aparece coberto pela mata densa.

 O que operários e máquinas fazem é preparar o terreno para a construção de uma torre sem janelas que, quando concluída em 1970, intrigou os estudantes que com a irreverência bem humorada dos jovens o apelidaram de cofre do Tio Patinhas.  Nele foi instalado Acelerador de Partículas Van de Graaff, inaugurado em 1972, um gerador eletrostático utilizado para várias finalidades científicas por ser capaz de produzir tensões muito elevadas, especialmente necessárias para o avanço da física nuclear. 

 Batizado com o nome de seu criador, o físico norte-americano Robert J. Van de Graaff, o acelerador de partículas instalado na PUC-Rio foi tema de notícias e de longas reportagens na grande imprensa da segunda metade dos anos 60 e início dos anos 70, que saudavam o pioneirismo do Instituto de Física da PUC-Rio.  Quando inaugurado, só tinha no Brasil um similar, em operação na USP, e abriu novas perspectivas para as atividades de pesquisa e para a formação de doutorandos, mestrandos e graduandos.

 Talvez por isso, na perspectiva da ciência e da Universidade, o Van de Graaff abrigue tesouros mais preciosos do que o cofre do Tio Patinhas.

Margarida de Souza Neves
Thaís Lacerda Queiroz Carvalho
Núcleo de Memória da PUC-Rio

 

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