
Obras para construção do edifício que recebeu o
Acelerador de Partículas Van de Graaff. 1966. Fotógrafo
desconhecido. Acervo do Núcleo de Memória.
A janela do tempo aberta pelo último Jornal da PUC
de 2013 mostra uma paisagem intrigante.
Na foto, o que se vê entre os inconfundíveis pilotis são
homens e máquinas. Chama atenção um trabalhador de
calça clara, pés descalços firmemente plantados na
escarpa que procura desbastar com uma enxada. Nossos
olhos se fixam nesse homem porque tudo nele lembra o
Lavrador de café pintado por Portinari. O trator, o
caminhão e a escavadeira flagrada no instante em que
transfere um bloco de pedra na caçamba do caminhão estão
perfeitamente alinhados no espaço estreito entre os
pilotis e a encosta. E é precisamente essa encosta que
permite identificar o ângulo da fotografia, ao associá-la
a outras imagens em que o morro atrás do Edifício
Cardeal Leme ainda aparece coberto pela mata densa.
O que operários e máquinas fazem é preparar o terreno para
a construção de uma torre sem janelas que, quando
concluída em 1970, intrigou os estudantes que com a
irreverência bem humorada dos jovens o apelidaram de
cofre do Tio Patinhas. Nele foi instalado
Acelerador de Partículas Van de Graaff, inaugurado em
1972, um gerador eletrostático
utilizado
para várias finalidades científicas por ser capaz de
produzir tensões muito elevadas, especialmente
necessárias para o avanço da física nuclear.
Batizado com o nome de seu criador, o físico
norte-americano Robert J. Van de Graaff, o acelerador de
partículas instalado na PUC-Rio foi tema de notícias e
de longas reportagens na grande imprensa da segunda
metade dos anos 60 e início dos anos 70, que saudavam o
pioneirismo do Instituto de Física da PUC-Rio. Quando
inaugurado, só tinha no Brasil um similar, em operação
na USP, e abriu novas perspectivas para as atividades de
pesquisa e para a formação de doutorandos, mestrandos e
graduandos.
Talvez por isso, na perspectiva da ciência e da
Universidade, o Van de Graaff abrigue tesouros mais
preciosos do que o cofre do Tio Patinhas.
Margarida de Souza Neves
Thaís Lacerda Queiroz Carvalho
Núcleo de Memória da PUC-Rio