
O pároco da Igreja da Penha Monsenhor Alves da Rocha e
fiéis junto ao Cruzeiro da Universidade no dia de sua
inauguração, em 16/11/1941. Fotógrafo desconhecido.
Acervo da Venerável Irmandade de Nossa Senhora da Penha
de França.
A descoberta da fotografia que motiva essa crônica foi uma
grata surpresa para a equipe do Núcleo de Memória. O evento
que ela registra é um episódio curioso da história da
PUC-Rio e esquecido pela comunidade universitária.
A imagem pertence ao acervo da Venerável Irmandade de Nossa
Senhora da Penha de França, nome solene relacionado a um dos
lugares mais populares do Rio de Janeiro, a Igreja da Penha.
Local de peregrinação desde o século XVII, o templo
consagrado à Nossa Senhora foi logo batizado pela população
por sua localização, pelo nome da região reconhecida por
suas “graciosas e pitorescas montanhas” e pela vocação
festiva de seu calendário sagrado que reunia populações de
diversas latitudes geográficas e culturais da cidade e do
país nas procissões e festas dedicadas à padroeira. Parte
dessas multidões buscava com igual devoção momentos mais
profanos da tradicional festa popular nas memoráveis rodas
de samba, verdadeiras congregações dos grandes nomes da
música popular carioca do século XX.
Em 1941, além da grande procissão, o Livro de Atas da Mesa
Administrativa e o Livro de Fatos Extraordinários da
irmandade registram um evento reconhecido como memorável
pelos ativos fiéis da paróquia: a construção e consagração
de “um artístico e simbólico cruzeiro” em comemoração à
transferência da festa de Nossa Senhora da Conceição
Aparecida para o dia da pátria e à “fundação da 1ª
Universidade Católica no Brasil”. Com a presença do cardeal
D. Sebastião Leme, então Arcebispo do Rio de Janeiro e
idealizador das Faculdades Católicas instaladas no ano
anterior, o “Cruzeiro da Universidade” foi inaugurado como
marco de fundação do que deveria ser, nas palavras de um dos
presentes, “uma modelar Universidade Católica, integrada nos
seus princípios e completa na sua eficiência.”
Em 2013, o Cruzeiro da Universidade permanece de pé. No
entanto, como um dos resultados da violência e do abandono
que esta região da cidade tanto sofre, ele encontra-se
inacessível, cercado pelo mato e parcialmente destruído.
Como um sinal de novos tempos, a reforma recém-concluída da
igreja cartão-postal da cidade promete estender-se por sua
área externa e quem sabe, incluir a esplanada onde se
localiza o cruzeiro. Para que, como nesta foto – uma janela
do tempo – ele seja novamente contemplado como marco de
fundação da PUC-Rio e de reflexão sobre sua presença na
história da cidade.
Silvia Ilg Byington
Núcleo de Memória da PUC-Rio
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