
Show
na Concha Acústica da PUC-Rio. Ao centro, de cavanhaque,
Herbie Mann.
Fonte: FREIRE, Luiz Fernando. Bossa Nova:
história, som & imagem. Spala: Rio de Janeiro, 1995.
p.147, fotógrafo não identificado.
As
fotografias da série Janelas do Tempo evocam lugares,
pessoas, momentos e circunstâncias. Esta em particular traz
ao fundo o fragmento de um espaço que não existe mais no
campus, a Concha Acústica onde se realizaram shows,
celebrações e formaturas entre 1962 e 2001. No primeiro
plano há o registro de um evento especialmente significativo
pelas conexões que permite rastrear.
Shows de
Bossa Nova estão no imaginário da PUC-Rio, nas histórias
contadas e recontadas, e alunos da Universidade foram
protagonistas do movimento: Cacá Diegues na organização de
eventos pelo DCE, Edu Lobo como músico, e tantos outros.
Há poucos
registros dessas atividades nos acervos da Universidade.
Esta foto permite chegar a desdobramentos inesperados. Nela
aparecem músicos que se notabilizaram na Bossa Nova, como
Bebeto Castilho, Hélcio Milito, Luizinho Eça e, em outra
foto do mesmo evento, estão Roberto Menescal e Dori Caymmi.
O astro do show era o flautista americano Herbie Mann. Este
show ocorreu em 18/10/1962, e tanto no Anuário da PUC-Rio
quanto na imprensa foi registrado como preparação para o
famoso show de divulgação da Bossa Nova nos EUA que
ocorreria em 21/11/1962 no Carnegie Hall, em Nova York.
Um
elemento da foto que nos chama a atenção é o microfone com a
sigla “VOA”, da Voice of America, um serviço de
radiodifusão criado em 1942 pelo governo americano com sua
programação transmitida em mais de 40 idiomas e apenas para
fora dos EUA. Desde 1956 havia na VOA um programa dedicado
ao jazz, e o seu produtor e apresentador, Willis Canover,
viajava o mundo e organizava encontros entre expoentes do
jazz americano e músicos locais. Esses encontros eram
registrados e depois reproduzidos em seu programa.
Esta foto,
encontrada quase por acaso, é apenas o ponto de partida para
aprofundar a compreensão do papel da PUC-Rio na Bossa Nova,
e desta naquele contexto cultural e de relações
internacionais.
Clóvis Gorgônio e Igor Valamiel
Núcleo de Memória da PUC-Rio
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