
O Pe. Viveiros comemora seu aniversário.
Foto do acervo privado de sua irmã, Carmem Viveiros de
Castro Cavalcanti.
O atacante avança com a bola em direção ao gol. Um lindo drible o deixa em
condições de abrir o marcador. Um puxão na camisa... Priiii!
Pênalti! Breve tensão, e o grito de gol ecoa pelo
Espaço Cultural e Esportivo Pe. Ormindo
Viveiros de Castro. A pelada segue animada e o placar
é o que menos importa, a alegria está garantida. Pri, pri,
priiiii! Fim de jogo.
O público agora é outro, mas a emoção segue a dar o tom. Cerimônia de
formatura: convite aveludado, becas, sorrisos – muitos deles
banhados em lágrimas de felicidade – e, claro, o tão
desejado “canudo”. Capelos ao alto e o sonho que se torna
real. E o mesmo local que marca o fim de uma importante
etapa para uns, marca o início para outros. Calouros de
graduação, ainda zonzos com as novidades da vida
universitária, encontram no Meu Primeiro Dia na PUC
uma carinhosa recepção, parte dela realizada no ginásio. Muitos
deles voltarão alguns semestres depois ao ginásio para
receber seus certificados de participação no Programa de
Iniciação Científica (PIBIC).
As artes pedem passagem. Nos festivais de música da PUC-Rio, as únicas
notas que interessam são as musicais. Do samba ao mais
rasgado rock and roll, as apresentações
transformam o ginásio em uma caixa de ressonância para todos
os gostos. Nova mudança: saem os músicos, entram os atores.
A terceira campainha anuncia que o ginásio será ocupado
pelas peças e esquetes teatrais, o palco ganha uma parede
imaginária entre a platéia e personagens. Alguns atores
preferem, contudo, quebrá-la, ainda que preservando a emoção
da farsa, da comédia, do drama e outros gêneros.
O Espaço Cultural e Esportivo Pe. Ormindo Viveiros de
Castro foi inaugurado no ano 2000. Na antiguidade
grega, gymnasion era o local destinado aos exercícios
tanto intelectuais como corporais, e vem daí sua vocação
para ser um espaço compartilhado e de múltiplos usos. Talvez
com base no sentido etimológico da palavra, a PUC-Rio
encontrou em um de seus antigos reitores o nome adequado
para o seu ginásio.
O pe. Viveiros (*1917 +1998) reunía em si a fé do sacerdócio, a diligência
do intelectual e a paixão do desportista. Além de professor,
diretor de departamento, e reitor da PUC-Rio, sua biografia
também registra a fase em que, ainda menino, foi promessa de
craque. Todos os dias após as aulas de catecismo, Mindinho,
como o pe. Viveiros era chamado pela família, pendurava o
uniforme escolar e calçava as chuteiras para os treinos da
equipe juvenil de futebol do Botafogo. Sua vocação religiosa,
entretanto, o fez avançar por outros campos, sem jamais
abrir mão do seu futebol. Para os que o viram jogar, alguns
entendidos em futebol como João Saldanha, e outros tantos
que assim se consideravam, o padre-jogador era bom de bola.
Pe. Ormindo Viveiros de Castro: fé, diligência e paixão. A homenagem é
perfeita ao dar seu nome ao ginásio que, em tantos momentos,
abriga a vibração intangível das emoções.
Roberto Cesar Silva de Azevedo
Pesquisador do Núcleo de Memória da PUC-Rio |