Publicações do Núcleo de Memória da PUC-Rio

:: O Ginásio Padre Ormindo Viveiros de Castro - série Crônicas de Memória - artigo publicado em 23/08/2012 no Jornal da PUC, Edição 259


O Pe. Viveiros comemora seu aniversário.
Foto do acervo privado de sua irmã, Carmem Viveiros de Castro Cavalcanti.

O atacante avança com a bola em direção ao gol. Um lindo drible o deixa em condições de abrir o marcador. Um puxão na camisa... Priiii! Pênalti! Breve tensão, e o grito de gol ecoa pelo Espaço Cultural e Esportivo Pe. Ormindo Viveiros de Castro. A pelada segue animada e o placar é o que menos importa, a alegria está garantida. Pri, pri, priiiii! Fim de jogo.

O público agora é outro, mas a emoção segue a dar o tom. Cerimônia de formatura: convite aveludado, becas, sorrisos – muitos deles banhados em lágrimas de felicidade – e, claro, o tão desejado “canudo”. Capelos ao alto e o sonho que se torna real. E o mesmo local que marca o fim de uma importante etapa para uns, marca o início para outros. Calouros de graduação, ainda zonzos com as novidades da vida universitária, encontram no Meu Primeiro Dia na PUC uma carinhosa recepção, parte dela realizada no ginásio.  Muitos deles voltarão alguns semestres depois ao ginásio para receber seus certificados de participação no Programa de Iniciação Científica (PIBIC).

As artes pedem passagem. Nos festivais de música da PUC-Rio, as únicas notas que interessam são as musicais. Do samba ao mais rasgado rock and roll, as apresentações transformam o ginásio em uma caixa de ressonância para todos os gostos. Nova mudança: saem os músicos, entram os atores. A terceira campainha anuncia que o ginásio será ocupado pelas peças e esquetes teatrais, o palco ganha uma parede imaginária entre a platéia e personagens. Alguns atores preferem, contudo, quebrá-la, ainda que preservando a emoção da farsa, da comédia, do drama e outros gêneros.

O Espaço Cultural e Esportivo Pe. Ormindo Viveiros de Castro foi inaugurado no ano 2000. Na antiguidade grega, gymnasion era o local destinado aos exercícios tanto intelectuais como corporais, e vem daí sua vocação para ser um espaço compartilhado e de múltiplos usos. Talvez com base no sentido etimológico da palavra, a PUC-Rio encontrou em um de seus antigos reitores o nome adequado para o seu ginásio.

O pe. Viveiros (*1917 +1998) reunía em si a fé do sacerdócio, a diligência do intelectual e a paixão do desportista. Além de professor, diretor de departamento, e reitor da PUC-Rio, sua biografia também registra a fase em que, ainda menino, foi promessa de craque. Todos os dias após as aulas de catecismo, Mindinho, como o pe. Viveiros era chamado pela família, pendurava o uniforme escolar e calçava as chuteiras para os treinos da equipe juvenil de futebol do Botafogo. Sua vocação religiosa, entretanto, o fez avançar por outros campos, sem jamais abrir mão do seu futebol. Para os que o viram jogar, alguns entendidos em futebol como João Saldanha, e outros tantos que assim se consideravam, o padre-jogador era bom de bola.

Pe. Ormindo Viveiros de Castro: fé, diligência e paixão. A homenagem é perfeita ao dar seu nome ao ginásio que, em tantos momentos, abriga a vibração intangível das emoções.

 

Roberto Cesar Silva de Azevedo
Pesquisador do Núcleo de Memória da PUC-Rio

 

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Núcleo de Memória da PUC-Rio