
Vista aérea da Gávea com a serra da Carioca
ao fundo. 2010.
Fotógrafo Nilo Lima. Acervo do Núcleo de
Memória da PUC-Rio.
O Ano Internacional
das Florestas, instituído pelas Nações Unidas em 2011, trás à
reflexão internacional a importância que têm estes ecossistemas para
a humanidade. Eles recobrem 30% da superfície terrestre, dos quais
1,6 bilhões de pessoas dependem, assim como resguardam 80% da
diversidade biológica conhecida pela ciência.
A Floresta
Atlântica encontra-se reduzida a 6% de sua cobertura original no
território brasileiro e compõe a paisagem carioca distribuindo-se
por toda a cadeia de montanha que a circunda, ainda que seus
remanescentes totalizem 16% na cidade do Rio de Janeiro.
A Floresta
Atlântica por possuir elevadas taxas de diversidade e endemismo de
espécies (os chamados hotspots), encontra-se entre as dez
áreas prioritárias para a conservação biológica no mundo.
Diferentemente de grande parte das cidades, o ambiente natural
atravessa o cotidiano da população carioca, o que por um lado
sensibiliza, mas por outro também impacta.
Os moradores da
Gávea ocupam as encostas da serra da Carioca – uma das montanhas que
compõem o Maciço da Tijuca – assim como a área de vale, onde, à
época do descobrimento, vicejavam matas frondosas nas altitudes e de
menor porte, sobre solo alagadiço, nas áreas de baixada sob
influência dos córregos e rios que ali se formavam, como o rio
Rainha. Nos séculos XVI-XVII a cultura da cana-de-açúcar se
espraiava por toda a região de baixada. Inicialmente nos arredores
da Baía de Guanabara e logo depois nos terrenos proximais à lagoa de
Camambucaba (atual Rodrigo de Freitas) até beirar os arredores do
sopé da serra da Carioca na região atual da Gávea.
Esta parte da serra
da Carioca, especialmente a região das Paineiras, Corcovado e Pedra
Bonita foi muito frequentada por naturalistas europeus no século XIX
que se empenhavam em documentar a rica e diferenciada natureza das
florestas tropicais reveladas ao Velho Continente através da coleta
de plantas e animais. Destacam-se nesta empreitada Glaziou, Gardner,
Martius, Riedel, entre outros, cuja documentação histórica
encontra-se dispersa nos acervos biológicos nacionais e, sobretudo,
internacionais.
Este valioso
patrimônio natural que embeleza nossa paisagem diária presta outros
relevantes serviços ambientais à população: manter o equilíbrio
climático, as nascentes e cursos d´água, proteger as encostas e
propiciar a salvaguarda de inúmeras espécies da fauna e flora que
lhes são típicas.
Ainda que
documentada ao longo dos anos e localizada ao longo das maiores
cidades brasileiras, a Floresta Atlântica ainda é uma lacuna de
conhecimento. A forma com que foi destruída, ao longo dos últimos
séculos, deve inspirar novas abordagens de pesquisa, tanto quanto
ações educativas para que sua fragmentação não se repita em outros
biomas brasileiros, sobretudo em tempos de excessiva cobiça nas
sociedades contemporâneas.
Profa. Rejan R. Guedes-Bruni
Curso de Ciências Biológicas da PUC-Rio