Publicações do Núcleo de Memória da PUC-Rio - Jornal da PUC - 2010

:: O Solar Grandjean de Montigny - artigo publicado em 30/11/2010 no Jornal da PUC, Edição 237



O Solar nos anos 1950, residência da família Teixeira Soares.
Fotógrafo desconhecido. Acervo de Maria José Teixeira Soares.


Alunos da rede pública em atividade do Núcleo de Estudos e Ação sobre o Menor (NEAM). c.2000.
Fotógrafo desconhecido. Acervo do NEAM.

No início do século XIX começa a construção da nova casa da família Montigny, situada no então chamado Caminho da Tijuca. Seu proprietário, o arquiteto Auguste Grandjean de Montigny (1776-1850), projetara um solar alto o suficiente para dele contemplar, além dos cafezais e mandiocais, as águas tranquilas da Lagoa Rodrigo de Freitas e, mais ao longe, o mar. Nessa época, o porão do solar abrigava escravos, bois e alguns animais que eram preparados para as refeições diárias.

No ano de 1938 a construção foi tombada pelo Serviço de Patrimônio Artístico Nacional, atual Iphan. Alguns anos depois, com a criação do campus Gávea em 1951, o prédio foi adquirido pela PUC-Rio, e durante algum tempo ali funcionou a Reitoria. A história do Solar passa, então, a se confundir com a da Universidade. Em 1980 foi restaurado e convertido em Centro Cultural da PUC-Rio, espaço para realização de atividades culturais e artísticas.

Podemos pensar o Solar Grandjean de Montigny como uma das colunas da PUC-Rio uma vez que, etimologicamente, coluna, do latim columen, significa também “do princípio”, “o primeiro”. Assim, o mais antigo prédio do campus Gávea que, no entanto, tem sua principal marca não nas colunas mas nos degraus, nos convida a subir sua elegante escadaria e conhecê-lo melhor. Nos pavimentos superiores são montadas exposições e mostras variadas. O porão, em outros tempos uma triste senzala, hoje abriga o Projeto Portinari, que reúne informações e desenvolve pesquisas sobre a obra do pintor.

Monumento artístico e espaço de diálogo entre a Universidade e a sociedade, o Solar é, assim, um lugar que conta muitas histórias, conecta experiências e esboça os traços de nossa identidade comum. Lugar de memória, não à toa o Solar foi escolhido pela Reitoria da Universidade para sediar a Exposição Comemorativa dos 70 anos da PUC-Rio.
 

Roberto de Azevedo
Aluno do Programa de Pós-Graduação em História Social da Cultura
Pesquisador do Núcleo de Memória da PUC-Rio

 

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Núcleo de Memória da PUC-Rio