
Pilotis do Edifício Cardeal Leme, anos 1950-1960. Fotógrafo
desconhecido.
Acervo do Núcleo de Memória da PUC-Rio.
A construção do Edifício Cardeal Leme foi concluída em 1955 e este se
tornou então a primeira instalação erguida na nova sede da Universidade
Católica. A série de imagens “Colunas da PUC-Rio” dá continuidade a suas
publicações e lembra os pilotis que receberam as primeiras vozes do
campus da PUC-Rio na Gávea. A Faculdade de Filosofia e a Escola
Politécnica foram transferidas da antiga sede na rua São Clemente e
ocuparam o Edifício, junto com a antiga capela e a residência dos
jesuítas.
Hoje, a
aceleração dos passos de alunos, professores e funcionários talvez tenha
transformado os primeiros alicerces da Universidade em torres
invisíveis. Mas uma pausa na correria sugere um olhar mais cuidadoso e
uma conversa com um prédio que guarda seus mistérios. E nesse instante
surge a possibilidade de percebermos o tempo se infiltrar nos espaços
internos e externos que interagem com os caminhos percorridos entre as
colunas.
O edifício que, com a inauguração em 1965 do Edifício da
Amizade – constituído pelas Alas Frings e Kennedy – passou a ser chamado
de “Prédio Velho”, revela a presença dos sonhos tecidos pelas horas.
Outrora, durante as noites no Cardeal Leme, luzes piscavam e atraíam
olhares curiosos. Era o “Cérebro Eletrônico”, o primeiro computador para
uso acadêmico instalado em uma universidade na América Latina. Ocupava
toda a área fechada dos pilotis do Leme. Suas dimensões eram descomunais
e uma sala estava reservada apenas para o estoque de válvulas
sobressalentes. Era de uso essencialmente científico e tinha a
finalidade de oferecer recursos à Universidade, e a instituições como o
IBGE, o Conselho Nacional do Petróleo, entre outras.
A rampa que
eleva o percurso pelo Cardeal Leme demonstra características singulares
da sua estrutura: ao elevarmos o olhar e perseguirmos o curso das luzes,
nos surpreendemos com a curva que define seu trajeto. Uma curva que
conduz os caminhos traçados em seus pilotis ao ponto inicial da sua
história e nos incita a perguntar: o que sonhará o tempo a partir de
agora?
Paloma Brito
Aluna de Graduação do Departamento de História
Bolsista de IC – Núcleo de Memória da PUC-Rio |