Publicações do Núcleo de Memória da PUC-Rio - Jornal da PUC - 2010

:: No Edifício Cardeal Leme - artigo publicado em 19/08/2010 no Jornal da PUC, Edição 232


Pilotis do Edifício Cardeal Leme, anos 1950-1960. Fotógrafo desconhecido.
Acervo do Núcleo de Memória da PUC-Rio.
           

            A construção do Edifício Cardeal Leme foi concluída em 1955 e este se tornou então a primeira instalação erguida na nova sede da Universidade Católica. A série de imagens “Colunas da PUC-Rio” dá continuidade a suas publicações e lembra os pilotis que receberam as primeiras vozes do campus da PUC-Rio na Gávea. A Faculdade de Filosofia e a Escola Politécnica foram transferidas da antiga sede na rua São Clemente e ocuparam o Edifício, junto com a antiga capela e a residência dos jesuítas.

            Hoje, a aceleração dos passos de alunos, professores e funcionários talvez tenha transformado os primeiros alicerces da Universidade em torres invisíveis. Mas uma pausa na correria sugere um olhar mais cuidadoso e uma conversa com um prédio que guarda seus mistérios. E nesse instante surge a possibilidade de percebermos o tempo se infiltrar nos espaços internos e externos que interagem com os caminhos percorridos entre as colunas.

            O edifício que, com a inauguração em 1965 do Edifício da Amizade – constituído pelas Alas Frings e Kennedy – passou a ser chamado de “Prédio Velho”, revela a presença dos sonhos tecidos pelas horas. Outrora, durante as noites no Cardeal Leme, luzes piscavam e atraíam olhares curiosos. Era o “Cérebro Eletrônico”, o primeiro computador para uso acadêmico instalado em uma universidade na América Latina. Ocupava toda a área fechada dos pilotis do Leme. Suas dimensões eram descomunais e uma sala estava reservada apenas para o estoque de válvulas sobressalentes. Era de uso essencialmente científico e tinha a finalidade de oferecer recursos à Universidade, e a instituições como o IBGE, o Conselho Nacional do Petróleo, entre outras.

            A rampa que eleva o percurso pelo Cardeal Leme demonstra características singulares da sua estrutura: ao elevarmos o olhar e perseguirmos o curso das luzes, nos surpreendemos com a curva que define seu trajeto. Uma curva que conduz os caminhos traçados em seus pilotis ao ponto inicial da sua história e nos incita a perguntar: o que sonhará o tempo a partir de agora?

 

Paloma Brito
Aluna de Graduação do Departamento de História
Bolsista de IC – Núcleo de Memória da PUC-Rio

 

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
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