O que mais encanta na PUC-Rio é essa maneira leve e prazerosa de fazer
as coisas sérias e levar a cabo grandes tarefas. Algo sempre habitou
esta Universidade que a revela grávida de um mistério não tão fácil de
nomear, à primeira vista.
O estudo e a pesquisa exigentes visitam a memória, encarnados nos traços
dos rostos de alguns professores, que souberam e sabem fazer amar a
ascética viagem em busca do saber e nela experimentar não apenas esforço
cognitivo, mas delícia de descoberta, aventura por sedutores meandros de
uma ciência feita beleza e paixão, e, ao mesmo tempo, rigor e
profundidade. |
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A geração da cultura e sua promoção encontram sua origem no esforço e na
erudição acadêmica, não concebidos apenas como produção intelectual
meramente racional, mas como criação do espírito humano configurado por
uma escala de valores e padrões éticos. Assim também como pela estética
que atrai o olhar e provoca o pensamento em direção ao belo e a sínteses
mais harmoniosas e não menos consistentes.
Deste modo, pesquisas complexas se tornam eventos onde a discussão livre
entre diferenças acontece e enriquece. Projetos científicos de alta
envergadura se convertem em serviço concreto e efetivo prestado a
comunidades carentes e grupos populares. Textos eruditos, fruto de
laboriosa elaboração, são apresentados à comunidade acadêmica e à
sociedade como um todo feitos histórias narradas, poemas declamados,
celebrações solenes.

Talvez o segredo resida no fato de ser a PUC-Rio, desde sua inspiração
fundacional, uma instituição de ensino superior que se empenha por
afirmar "o primado da pessoa sobre as coisas, do espírito sobre a
matéria, da ética sobre a técnica, de modo que tudo que faça, empreenda
e realize esteja a serviço da pessoa humana". Segredo cuja chave reside
no desejo último dos fundadores da Universidade de criar um espaço onde
se pudesse buscar a Verdade com inteira liberdade e abertura à
transcendência que preside a vida. Um espaço onde pudesse acontecer o
diálogo entre a razão humana e a fé cristã.
Se "a fé e a razão sempre constituíram como que as duas asas pelas quais
o espírito humano se eleva para a contemplação da Verdade", elas
constituem, na identidade e na missão da PUC-Rio, a condição de
possibilidade do vôo alçado pela Universidade há várias décadas,
registrado em seu brasão.
Alis grave nil − Com asas nada é pesado, diz o brasão da PUC-Rio. E
nestas asas, que equilibram o percurso em direção à Verdade, estão
estampadas para sempre figuras como as do Pe.Leonel Franca, S.J.,
fundador da PUC, do Pe.Pedro Velloso, S. J. e do Pe.Ormindo Viveiros de
Castro, S.J., reitores que enfrentaram com galhardia os duros anos da
ditadura militar, do Pe.Agostinho Castejón, S.J., Vice-Reitor que voltou
o olhar da Universidade para o serviço aos pobres da cidade.
Os projetos da PUC-Rio estiveram sempre marcados pelo binômio seriedade
acadêmica e liberdade alada que não teme o ar raro das altitudes, mas
não desvia o olhar do chão da realidade. Uma Universidade onde o saber
tem sabor e se torna sabedoria por se tornar serviço: eis a marca
característica que inspira a memória e faz acontecer a história na
PUC-Rio.
Maria Clara Lucchetti
Bingemer
Decana do Centro de Teologia e Ciências Humanas
Departamento de Teologia

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