No início dos anos 1950,
um grande painel destacava-se no gabinete da Reitoria da Universidade
Católica, nesta época localizada no Palacete Joppert, uma edificação
imponente na Rua São Clemente, no bairro de Botafogo. No painel, o
desenho do que seria a Cidade Universitária, futura sede a ser erguida
na Gávea, naquele tempo uma região de casarões senhoriais, algumas
fábricas e casas de trabalhadores no então chamado bairro proletário,
cercada de grandes áreas verdes. |
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Este era um dos sinais
da importância que tomava o novo projeto arquitetônico na reestruturação,
ampliação e materialização do projeto acadêmico da instituição que já
contava 10 anos de existência e centenas de alunos distribuídos entre a
Faculdade de Filosofia, a Faculdade de Direito, a Escola de Serviço
Social, o Instituto Social e a Escola Politécnica de Engenharia.
Divulgado pela imprensa,
objeto de campanhas populares de arrecadação de fundos para as obras,
apresentado ao presidente Getulio Vargas para sua necessária aprovação,
o arrojado projeto do novo campus resumiria muito rapidamente a
própria imagem da PUC-Rio para os cariocas, identificada como um
patrimônio da cidade do Rio de Janeiro e de seus moradores.
Foram vários os esboços, representados em
desenhos, plantas, pinturas e maquetes. Comum a todos, a busca pela
concretização, no espaço físico, de um ideal de universidade –
equilíbrio entre fé e ciência e integração entre as distintas áreas de
conhecimento.
O Anuário PUC de 1957 (p. 11) assim
previa o que, um dia, viria a ser a PUC- Rio: “O projeto completo
destinado à Universidade com seu perfeito desenvolvimento, conta quatro
centros, reunidos em quatro grandes blocos de onze andares. Em estilo
moderno, estritamente funcional, obedecerá a construção às mais modernas
exigências técnicas, pedagógicas e científicas.”

(clique nas imagens para ampliá-las)
O dinamismo de alguns
empreendedores, destacadamente, o do próprio Reitor Pe. Pedro Belisário
Velloso Rebello, S.J. fez com que já em julho de 1955 fosse inaugurado
oficialmente o novo campus. A mudança para a nova sede seria, no
entanto, gradual, acompanhando a conclusão das obras que iriam estender-se
até os anos 1960.
O campus da PUC-Rio
é seu corpo físico. Como um corpo vivo, representa, em seus espaços e
usos, a memória, a identidade e os projetos da comunidade acadêmica.
Ele é arquitetura
daqueles que, de dentro de um gabinete, idealizaram a Universidade e
traçaram os primeiros esboços, daqueles que colheram adesões nas
campanhas populares pela cidade, daqueles que, sob o sol, ergueram nos
ombros as formas do concreto armado das estruturas e alicerces de um
sonho. Ele é, igualmente, arquitetura de gerações sucessivas que por
aqui passaram e passam, ampliam construções e identificam novos usos do
espaço universitário, transformando-o a cada instante.
É arquitetura do tempo.
Passado, presente e futuro coletivo.
Silvia Ilg
Byington
Núcleo de Memória da PUC-Rio
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