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Falecimento do Prof. Roberto Machado

19/05/2021

O Prof. Roberto Cabral de Melo Machado foi professor do Departamento de Filosofia da PUC-Rio entre 1971 e 1980.

Link para o Curriculo Lattes do prof. Roberto Machado.

Nota do Departamento de Filosofia do IFCS/UFRJ:

É com imenso pesar que o Departamento de Filosofia da UFRJ recebe a notícia do falecimento do professor Roberto Machado, que uma vez compôs o corpo docente do Departamento e cerrou fileiras de alunos ao seu redor e em suas aulas. Roberto Machado é um dos maiores nomes da Filosofia Brasileira, tendo publicado vários livros sobre Nietzsche, Deleuze e Foucault, além de ter formado vários professores pelo Brasil. Sua presença transcendeu os muros acadêmicos e se espalhou por toda a intelectualidade criativa da cidade do Rio de Janeiro. Natural de Pernambuco, estabeleceu-se no Rio e fez da UFRJ sua casa. Aqueles e aquelas que tiveram o privilégio de o conhecer pessoalmente sabem que a grandeza do nome é reflexo direto da grandeza do ser humano e do pesquisador que ele foi, com um carisma que transmitia em cada palavra. Que os familiares e amigos possam achar algum conforto na certeza de que seu nome permanecera vivo entre nós.

Nota do Instituto de Medicina Social da UERJ:

O Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro (IMS/UERJ) lamenta profundamente a partida do filósofo e professor aposentado da UFRJ Roberto Machado, que também lecionou no IMS entre 1974 e 1975.

Roberto Machado foi pioneiro no diálogo brasileiro com autores canônicos das Ciências Humanas da segunda metade do século XX, tais como Michel Foucault e Gilles Deleuze, com quem ele estudou. A sua relação com Foucault culminou na vinda do filósofo francês ao IMS em mais de uma oportunidade nos anos 1970.

Natural de Pernambuco e com passagens também pela PUC-RJ e pela Universidade Federal de Pernambuco, Roberto Machado deixa, além de uma legião privilegiada de alunas/os e colegas de docência, obras marcantes. Entre elas, o livro “Danação da Norma: medicina social e constituição da psiquiatria no Brasil” (Graal,1978), fruto de uma pesquisa coletiva de fôlego desenvolvida no IMS, constitui um marco histórico do campo da Saúde Coletiva.

Nota da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (Anpof):

É com muita tristeza que comunicamos o falecimento do Prof. Roberto Machado, um pernambucano radicado na cidade do Rio de janeiro. Professor Titular do IFCS-UFRJ, e foi professor da PUC-RJ. Um mestre generoso e acolhedor.

Das bacantes ao ditirambo, Machado estudou e escreveu sobre Nietzsche, Proust, Deleuze, Foucault, o Trágico. Das teses cotidianas a Dionísio, cada aula, um artigo. Cada conjunto de cursos, livros apareciam. Roberto Machado formou algumas gerações de filósofos e filósofas. Sua ausência será muito sentida.

A Filosofia perde um dos seus grandes nomes.

Nota do Departamento de Filosofia da USP:

É com profundo pesar e tristeza que o Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo tomou ciência do falecimento do professor Roberto Machado, professor titular da UFRJ. Um dos principais responsáveis pela recepção no Brasil de autores como Foucault, Deleuze e Nietzsche, Roberto Machado foi responsável por estudos que se tornaram referência para várias gerações de pesquisadoras e pesquisadores nos quais aliava rigor, precisão e inventividade.

Iniciando seus estudos sobre o procedimento de fundamentação filosófica da ciência em Husserl nos anos sessenta, a trajetória de Machado foi impactada pelo encontro com a epistemologia histórica e, principalmente, com Michel Foucault. Tal impacto lhe fez paulatinamente deslocar-se para a reflexão sobre as artes e a literatura, campo no qual foi responsável por trabalhos sobre o trágico, sobre a experiência literária e o lugar da relação à arte em filósofos como Foucault e Deleuze.

Ao ser questionado sobre sua formação, costumava dizer que suas atividades políticas e educativas com estudantes e camponeses foram muito mais importante para sua formação do que a universidade. De fato, Machado trouxe para a reflexão filosófica a inquietude diante das questões relativas às instituições, às normas, à psiquiatria e a medicina social no Brasil. Ao ser perguntado uma vez sobre suas escolhas filosóficas, afirmou: “Se fui, por exemplo, tocado pela crítica da religião de Marx, pela teoria do niilismo de Nietzsche, pela noção de poder em Foucault ou pelo conceito de diferença em Deleuze foi pela possibilidade que isso trazia de criticar o mundo em que vivemos e pensar formas alternativas de vida. E, se vocês observarem os livros que escrevi sobre filósofos, verão que todos eles pretendem salientar como a maneira de pensar desses filósofos pode contribuir para que se pense e viva melhor”. Que seu ensinamento permaneça.

Durante a aula-live “Nietzsche e história”, com o prof. Pedro Duarte (FIL), realizada no dia 21 de maio e organizada pela Editora PUC-RIo, o prof. Duarte dedicou o evento ao prof. Roberto Machado, do Departamento de Filosofia da UFF, intérprete de Nietzsche.

A profa. Kátia Muricy (FIL) publicou no jornal Folha de São Paulo em 29/05/2021 o artigo “Roberto Machado abriu clareira na época da ditadura com estudo de Foucault”.

Prof. Roberto Machado. Fonte: Wikipedia
Prof. Roberto Machado. Fonte: Wikipedia