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Sobre a notícia publicada: Carlos Bandeirense Mirandópolis

23/02/2016

A imprensa (inicialmente G1 e GloboNews) divulgou hoje (23/02/2016) o caso de um personagem fictício de nome “Carlos Bandeirense Mirandópolis”. O caso é muito interessante do ponto de vista didático, uma vez que leva a discutir a credibilidade das informações que consumimos e compartilhamos. Originária de uma página com informações propositalmente falsas publicada na Wikipedia, a referência à Mirandópolis pode ser encontrada em trabalhos acadêmicos, na imprensa e em diversos sites. A desembargadora Nilza Bittar citou Carlos Bandeirense Mirandópolis em um relatório e voto relativos a uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, e informou à imprensa que as fontes de onde retirou a informação foram o filme Diretas Já e o site do Núcleo de Memória da PUC-Rio.

O Núcleo de Memória da PUC-Rio esclarece que em seu site não há nenhuma alusão a Carlos Bandeirense Mirandópolis, o personagem fictício em questão.

Mensagens recebidas pelo Núcleo de Memória sobre estes assunto:

Profa. Gisele Cittadino, Departamento de Direito:

Que bom que a resposta do Núcleo veio tão rápida.

Seria muito importante que essa informação sobre a ausência desse personagem fictício em nossos arquivos chegasse à imprensa.

Resposta da Profa. Margarida de Souza Neves, Coordenadora do Núcleo de Memória:

Obrigada pelo Email e pela força que nos dá sempre!!

O Núcleo de Memória já providenciou, através da Profa. Lilian Saback, assessora de imprensa da Reitoria, o contato com a imprensa para esclarecer esse ponto.

Profa. Maria Sarah Telles, Departamento de Ciências Sociais:

Incrível esta nossa justiça e a nossa imprensa: sem comentários!

Parabéns pelo maravilhoso trabalho que vocês realizam, sob a sua liderança: não posso parar de parabenizar!

Prof. Ricardo Benzaquen, Departamento de História:

"Bandeirense Mirandópolis"? Trata-se de fato de um nome sensacional, talvez de uma personagem de Monteiro Lobato ou, indo bem mais à direita, de Cassiano Ricardo.

De qualquer maneira, concordo inteiramente com a [Profa.] Gisele [Cittadino] acerca da necessidade de que esta notícia chegue à nossa "grande" imprensa.

Obrigado pela presteza, pela transparência [...].

Resposta da Profa. Margarida de Souza Neves:

A história toda tem um lado muito engraçado.  Seria ainda mais divertida se não estivéssemos nela, qual Pilatos no Credo, frase maravilhosa que minha avó usava para se referir a alguém ou algo totalmente fora de esquadro em uma narrativa.

O Núcleo também acha que é necessário um esclarecimento à imprensa e, através dela, à sociedade.  Por isso, antes mesmo de escrevermos a nota aos professores e divulga-la por e-mail e no site do Núcleo, entramos em contato com a Profa. Lilian Saback, assessora de Imprensa da Reitoria, que vai fazê-lo em nome da Universidade.

Um beijo e obrigada pelo apoio e pelo bom humor, tão necessário para vivermos melhor.

Resposta do Prof. Ricardo Benzaquen:

Sua avó tinha toda razão, trata-se de fato de uma grande frase. Minha mãe(!), veja só, também a utilizava com bastante frequência, e concordo contigo quanto ao fato de que não é exatamente muito agradável aparecer desta forma em uma história como esta. Por isto mesmo, é ótimo que o Núcleo tenha entrado primeiramente em contato com a nossa assessoria de imprensa. Se você necessitar de qualquer coisa, basta me procurar.

Resposta da Profa. Margarida de Souza Neves:

O que preciso já tenho:  ter os amigos que tenho!!

Resposta do Prof. Ricardo Benzaquen:

Neste caso, então, acho que você pode ficar tranquila. Quanto ao incrível, fantástico, extraordinário Mirandópolis, como diria o Almirante – o do rádio, claro, não o da Marinha -, se surgir alguma novidade que você considere significativa, não deixe, por favor, de avisar.

Resposta da Profa. Margarida de Souza Neves:

Sabe que Mirandópolis tem página no facebook? Com dua fotos!!! Uma é a do prefeito de Viena. A outra, do tempo do exílio, não conseguimos localizar.

O Núcleo publica em seu site (em Notícias) tudo sobre Mirandópolis...

Prof. Fabio Carvalho Leite, Departamento de Direito e Assessoria Jurídica da Reitoria:

Posso divulgar na minha página do FB [facebook]? Ao menos a parte final (abaixo)?

"O Núcleo de Memória da PUC-Rio esclarece que em seu site não há nenhuma alusão a Carlos Bandeirense Mirandópolis, o personagem fictício em questão."

Resposta da Profa. Margarida de Souza Neves:

Pode divulgar toda a nota.  Se possível com o caput  "nota enviada pelo Núcleo de Memória da PUC-Rio aos professores da Universidade".

Muito obrigada por seu e-mail e por seu apoio.

Prof. Claudio Jacinto, Departamento de Teologia:

Preciso! Parabéns!

Profa. Maria Alice Rezende de Carvalho, Departamento de Ciências Sociais:

Bravo, Margarida. Competente e alerta como sempre! 

Profa. Maria Apparecida Mamede, Departamento de Educação:

Que bom Margarida! Como gostam de atribuir à PUC coisas que não aconteceram e omitir outras tão importantes. Valeu a competência do Núcleo de Memória e da nossa Margarida!

Resposta da Profa. Margarida de Souza Neves:

Na verdade devemos o fato de termos sido tão rápidos a um ex-bolsista de PIBIC do Núcleo, atual mestrando na UERJ, Hélio Canone, que nos avisou 10 minutos depois da notícia ir ao ar pelo G1.

Melhor do que sermos competentes é participar na formação de jovens intelectuais competentes, não é?

Prof. Luiz Camillo Osorio, Departamento de Filosofia:

Nada como esclarecer as coisas e eliminar as falsas suspeitas.

Profa. Lina Boff, Departamento de Teologia:

Parabéns pelo seu Comunicado, Margarida! Admiro suas posições e sua competência!

Publicação do Prof. Adriano Pilatti, Departamento de Direito, em seu perfil no facebook:

Circulam por aí links com matéria sobre a "fundamentação wikipedia" do voto proferido por uma desembargadora fluminense considerando constitucional a lei estadual de 2013 que proibiu o uso de máscaras em manifestações, em julgamento de ação de inconstitucionalidade proposta pela OAB-RJ, tendo o IAB como "amicus curiae". Tal fundamentação citara um jurista que não existe e fora inventado por meio um perfil falso criado por jovens e veiculado como verbete da "enciclopédia virtual".

Diante do vazamento do "mico de segundo grau", o TJ-RJ teria divulgado que a desembargadora teria encontrado a informação, entre outras fontes, na "página do Núcleo de Memória da PUC-Rio." Falso. Evidentemente, na página do nosso prestigiado Núcleo de Memória não existe nenhuma menção ao personagem fictício. Tenha de quem tiver partido, a tentativa de "lavar o erro" implicando nossa Instituição seria só risível se não fosse mais.

Esclarece a nossa querida Margarida de Souza Neves, a Guida professora de todos nós, inspiradora e coordenadora do Núcleo:

“[...] O caso é muito interessante do ponto de vista didático, uma vez que leva a discutir a credibilidade das informações que consumimos e compartilhamos. Originária de uma página com informações propositalmente falsas publicada Wikipedia, a referência a Mirandópolis pode ser encontrada em trabalhos acadêmicos, na imprensa e em diversos sites. A desembargadora Nilza Bittar citou Carlos Bandeirense Mirandópolis em um relatório e voto relativos a uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, e informou à imprensa que as fontes de onde retirou a informação foram o filme Diretas Já e o site do Núcleo de Memória da PUC-Rio.

“O Núcleo de Memória da PUC-Rio esclarece que em seu site não há nenhuma alusão a Carlos Bandeirense Mirandópolis, o personagem fictício em questão.”

Um "em tempo" estritamente pessoal: desinformação e autoritarismo muitas vezes andam juntos, e então o resultado é obscurantismo.

Comentários a esta publicação:

Bruno Brandi - Cabe lembrar a discussão de mérito, e já antecipando o resultado adrede ditado, a constitucionalidade da lei que restringe o Direito de Reunião e Manifestação ao proibir o uso de máscaras - restrição que a Carta da República não faz - e, por via oblíqua, proscreve fantasias de carnaval com máscaras e disfarces quando haja mais de um indivíduo.

1984 - de George Orwell - é uma espécie de antevisão do panóptico ora visto numa "Democracia" em que Direitos Fundamentais são aqueles que os Tribunais dizem como bem quiserem.

Nicole Lintz - Surreal!! Rs, seria cômico se não fosse trágico...

Regina Coeli - Tudo isso mete medo

Adriana Ramos - Professor, compartilhei o seu comentário. Obrigada por dividir conosco.

Ary Dib Dias – Adriano, primeiro me permita cair na gargalhada... A desembargadora Nilza Bittar ainda está na ativa?!? Segundo, é igualmente risível que ao obter uma informação na internet não se cheque a fonte de suporte. Ora, é bem conhecida a técnica de desinformação circular, em que um site remete para outro, até que o último remete para o primeiro... Se não fosse trágico esta estória toda seria totalmente cómica...

Guilherme Avelar Guimarães - Emenda pior que o soneto

Marlan Marinho - O mais perigoso de tudo é que a informação sai com a chancela de uma entidade prestigiada. Logo, ganha foros de certeza e adequação.

Júlia Eléguida - Jurisprudência do tribunal da wikipedia.

Letícia Martel - A citação foi como "citação direta da fonte"? Se foi, não importa o site...

Cintia Erica Mariano - Cada um com seu Bakunin...

Fernando Walcacer - Não seria o caso de a PUC-Rio interpelar o TJ-RJ e eventualmente exigir reparação por danos morais?

Hugo Albuquerque - Sintomático.

Margarida de Souza Neves - Obrigada pela força e pelo carinho de sempre. O Núcleo de Memória da PUC-Rio já solicitou à Professora Lilian Saback, assessora de imprensa da Reitoria, que entre em contato com o G1 e com a Globo News.