Nascido em 1919, falecido no Rio de Janeiro em 2001, o mato-grossense Carlos Paes de Barros formou-se em física em Chicago e em medicina e psicologia no Rio de Janeiro, onde também estudou filosofia. Aperfeiçoou-se em física, em biofísica, em meteorologia e na aviação, com várias especializações também em psicologia e em psiquiatria. Foi professor de graduação e pós-graduação em todas estas áreas, tendo sido diretor de cursos e de departamento e dirigente de instituição psicanalítica. Teve participação, sempre de ponta, em várias instituições da medicina, da psicologia e da psicanálise, tanto brasileiras quanto estrangeiras e, curiosamente, foi gerente de uma fábrica de açúcar e de álcool e diretor de rotas aéreas.
Diretor do Departamento de Psicologia da PUC-Rio, por muitos anos, a partir de 1968, e coordenador do Curso de Pós-graduação, lecionou inúmeras disciplinas, entre elas Psicologia da Personalidade, Psicologia Dinâmica, Psicopatologia, Construção de Teoria em Psicologia e Teorias e Técnicas Psicoterápicas. Seus mais importantes trabalhos, entretanto, versaram sobre a metapsicologia freudiana, na qual empreendeu uma interpretação original da obra freudiana “Projeto de uma psicologia para neurologistas”. Foi um dos primeiros a valorizar e estudar com rigor esse texto, não só no Brasil, mas internacionalmente. Publicou, em 1971, o artigo “Thermodynamic and evolutionary concepts in the formal sctructure of Freud´s Metapsychology”, que faz parte de uma publicação norte-americana editada por Silvano Arietti, sobre psiquiatria e psicoterapia. Em 1975, lançou um novo artigo sobre a Metapsicologia freudiana, enfatizando o ponto de vista econômico, desta vez em uma revista brasileira, Conscientia. Os artigos formam um conjunto explicativo, que apresenta sua interpretação da teoria freudiana.
Sempre colocou seus interlocutores como companheiros de jornada, mantendo vazio o lugar de mestre. O trabalho com Carlos Paes de Barros possibilitava sentimento de liberdade, sensação de estar sendo incentivado a investigar o que se passa com a mente humana, de ser visto não como discípulo, mas como alguém interessado nas mesmas coisas que ele e que ele ajudava a se desenvolver. Para seus alunos e ex-alunos, ficou o exemplo de sua generosidade, dedicação e imparcialidade extraordinária, assim como sua seriedade e respeito no trato com as pessoas.
Setembro de 2007
Professores Ana Maria Rudge e Ary Band
Departamento de Psicologia