Engenheiro José Augusto Pereira Telles (* 28/08/1956; + 04/09/2008)
Sobre o Telles
Ainda com o estômago embrulhado com a perda de um companheiro de trabalho e amigo, gostaria de relatar a minha visão sobre o Telles.
Tenho lidado com a equipe do RDC bastante nos últimos quatro anos. Muito tem sido feito e temos evoluído bastante. Mas isso não veio de graça. É uma conquista diária a base de muito esforço e criatividade. Sem querer desmerecer o resto da equipe do RDC, que é exemplar, grande parte desse sucesso se deve ao trabalho do Telles.
Aprendi a confiar nas soluções geniais e simples que ele sempre trazia. A Comunidade PUC-Rio talvez não se de conta de tudo que rola por trás para que a infraestrutura de informática tenha um bom funcionamento. É preciso um trabalho de formiguinha de pessoas como o Telles para que isso aconteça de forma satisfatória e segura, apesar de todas as dificuldades de hardware que sofremos. Aliás, se conseguimos evoluir nisso, conseguindo um melhora substancial com gastos bastante razoáveis, muito se deve ao Telles.
Conversando com o Albino, que conhecia o Telles de longa data, ele me deu o testemunho que eu posso corroborar. Quando se tinha um problema muito complicado para resolver nessa área, não tinha outra alternativa: chama o Telles que ele resolve. Sempre com tranquilidade e cordialidade.
Professor Luiz Fernando Martha
Departamento de Engenharia Civil
5 de setembro de 2008
Nosso inesquecível amigo Telles
Em termos formais, poderíamos dizer que o Telles formou-se no Curso de Engenharia Elétrica da PUC-Rio, com ênfase em Sistemas e Eletrônica, em 21/12/1982. Seu último vínculo com a Universidade começou em 01/02/1996, ao ser contratado para seu quadro de funcionários. Terminou inesperadamente em 04/09/2008, como Chefe da Divisão de Apoio Técnico do RDC. Isto, no entanto, não diz muita coisa sobre quem era realmente ele.
O Telles tinha como características marcantes o conhecimento técnico, sempre atualizado, uma rara delicadeza de atitudes e, sobretudo, uma serenidade que nada parecia perturbar. Enfrentava, como coisas triviais, tanto os constantes e inesperados problemas, que requeriam reação imediata, quanto os desafios das ações futuras, imprescindíveis no ambiente em evolução contínua da Tecnologia de Informação.
Como responsável pela infraestrutura das redes de dados e dos servidores corporativos da PUC-Rio, o Telles conhecia, melhor do que ninguém, a velha máxima de que "o suporte só aparece quando algo não vai bem". Assim, soube, este tempo todo, manter o trabalho de sua equipe silencioso e invisível. Paradoxalmente, não há reconhecimento melhor do que o desconhecimento, pelos usuários de serviços essenciais, da existência das atividades que os mantêm em funcionamento. Esta homenagem, mesmo sem saber, todos lhe prestaram.
O dia-a-dia da Universidade está profundamente impregnado, ainda que a maioria nem se dê conta, das ações do Telles. Um bom exemplo foi a substituição, em novembro de 2002, sem interrupção de funcionamento, da antiga rede de dados em anel de 100 Mbps, pelo atual backbone "gigabit Ethernet", de 1 Gbps.
Mais recentemente, em outubro de 2007, os bancos de dados corporativos foram migrados, dos caros servidores IBM-RISC, para máquinas de arquitetura INTEL (micros, em outras palavras), mais baratos e de fácil reposição. Ninguém soube o trabalho que deu nem sequer notou. Neste último episódio, o Telles estava adoentado, com dengue hemorrágica. No entanto, soube muito bem inspirar sua equipe, que ultimou os trabalhos da migração mesmo na ausência física de seu chefe. Na última semana da migração, o Telles arranjou disposição para trabalhar de casa, por acesso remoto às máquinas do RDC. No dia aprazado para a migração, ainda em convalescença, ele não se conteve: "fugiu" de casa e apareceu inesperadamente no RDC, para ver a tarefa concluída. Nem ligou para a bronca que levou: deu aquele seu risinho característico que desarmava a todos.
No seu penúltimo domingo em vida, 24/08, cá estava ele, no RDC, supervisionando a ativação do novo "no-break", por ele especificado; como sempre, seguro, tranquilo, cortês e elegante.
No dia de seu aniversário, 28/08, o Telles desculpou-se por não poder almoçar conosco, pois seus pais tinham vindo de Volta Redonda para estar com ele, uma daquelas bondades da Providência. No seu último dia de trabalho, sexta-feira 29/08, todos saímos para comemorar, sem saber o que viria em seguida. Quem poderia imaginar que era a última oportunidade para dizer o quanto gostávamos dele?
Ele saiu de cena bem a seu estilo, discreto e sem alarde, no final da noite de domingo, 31/08. Estava junto de sua família, que tanto amava e de quem sempre falava. Com aquela gentileza toda sua, ainda nos concedeu três dias para recobrarmos o fôlego. A expressão serena, que nunca o abandonou, parecia querer dizer aos que foram visitá-lo que não se preocupassem com ele; não sofria e estava bem. Só depois partiu de vez.
Era este o Telles que aprendemos a respeitar e estimar.
Valeu a pena, amigo. Até a vista.
J.R.L.Oliveira
Diretor do RDC
10 de setembro de 2008